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domingo, 8 de março de 2015

RETIRO COM CATEQUIZANDOS - Catequese com os pais


Nós reclamamos da família dos catequizandos, mas não temos nenhuma ação concreta para inseri-los na catequese. E o grande problema é que muitas vezes, nem mesmo inseridos na comunidade eles estão. Limitam-se tão somente a vir a algumas celebrações de missa. Isso quando vêm.

Que os primeiros catequistas são os pais, nós já sabemos e reiteramos inúmeras vezes nas oportunidades em que eles nos dão. Mas, os pais estão sabendo “catequizar” os filhos? Eles foram catequizados? Ou são apenas cristãos batizados que tiveram apenas rudimentos de uma catequese voltada exclusivamente para os sacramentos da eucaristia e da crisma? Nossos pais têm vivência de fé para passar para os filhos? É fato que não posso dar aquilo que não tenho. Não estamos exigindo algo além da capacidade da família?

Pouco ou nada nos preocupamos com a catequese de adultos. Acreditamos que se a pessoa é batizada, fez a preparação para a primeira eucaristia e a crisma, está iniciado na fé. Vivenciamos experiências na catequese que se a gente contar, ninguém acredita. Encontramos numa mesma família, várias religiões, pai de uma religião, mãe de outra, avós católicos, pais evangélicos e católicos sem qualquer tipo de instrução na fé.

São inúmeros os depoimentos de crianças e jovens que nos dizem: “Minha mãe vem à missa, meu pai, não.” Ou vice versa. Temos várias crianças na catequese que estão lá por influência dos avós. Que exemplo de fé é esse? Que espécie de educação é essa em que os pais querem que os filhos façam o que eles não querem fazer? Ouvi uma mãe me dizer que acha um absurdo nós “exigirmos” que os pais também se confessem antes da cerimônia da Primeira Eucaristia. O marido dela estava injuriado: “Onde já se viu? Eu contar meus pecados pra um homem como eu?”. Perguntei se ele era católico. Sim, é católico. Que espécie de católico é esse? Quer que o filho faça algo que ele se recusa a fazer! E nós catequistas, marretando na cabecinha dele tudo que ele deve fazer para ser um bom cristão e católico. Imagine como fica a cabeça de uma criança vivendo situações como essa.

Nós precisamos tomar atitudes concretas. Precisamos iniciar uma “revolução” na catequese. Precisamos trazer os pais para a fé. Precisamos fazer catequese com eles sim! Não vamos chegar a lugar algum se não fizermos isso. E eles estão sedentos disso, podem ter certeza. E uma ação concreta que se pode fazer, é promover os tão falados "retiros", que se faz antes da Primeira Eucaristia, também com os pais.

Experiências de Retiro com Catequizandos e Pais


Começamos pensando numa espécie de “retiro espiritual” com as crianças um pouco antes da Primeira Eucaristia. Normalmente à noite, a luz de velas, com memória da última ceia e lava-pés. Fizemos isso num ano. No entanto, para as crianças, não acredito que tenha sido muito “espiritual”. Eles não têm, aos dez, onze anos, maturidade para tanto. Os pais que puderam assistir um pouco comentaram que deveríamos fazer o evento com a família.

No ano seguinte, fizemos um retiro de dia inteiro com as crianças no meio do ano. Com almoço, lanche, missa. Para ser bem franca, aquilo se mostrou algo tremendamente aborrecido para as crianças e um pesadelo para as catequistas. O local foi inadequado, as crianças não gostaram. Enfim, uma trabalheira danada para nada. No final do ano foi feito o retiro à noite, na sexta anterior a Primeira Eucaristia. Novamente não deu certo. Mesmo dividindo em duas turmas, fazer oitenta crianças ficarem quietas, a luz de velas, fazendo oração, mostrou-se algo desgastante e infrutífero. Sem contar que estávamos querendo que as crianças vivessem a “Eucaristia” (partilha do pão e do vinho), “antes” da Primeira Eucaristia.

Finalmente, o grupo de catequistas do terceiro ano, resolveu mudar um pouco as coisas. O “retiro” com as crianças, foi feito fora da Igreja, num local agradável, com espaço e verde para as crianças brincarem. E as crianças foram lá para fazer aquilo que elas mais gostam: brincar. E brincaram de bola, de corrida do saco, de cabo de guerra. E, de Gincana Bíblica. Mas, o mais importante: O retiro foi feito para as FAMÍLIAS. Convidamos a todos, pais, avós, irmãos, tios, primos, amigos, quem quisesse ir. Cobramos uma taxa para cobrir as despesas do almoço e do lanche da tarde e pedimos aos pais para levar os refrigerantes.

Começamos às 11 horas, com acolhida às famílias. Nossa coordenadora deu as boas vindas a todos, fizemos oração para um bom dia e partilhamos um almoço simples e gostoso. Após o almoço convidamos a todos para se dividirem em grupo e iniciamos nossa gincana. Foi muito divertido! Pais, avós, filhos, primos se agitarem e correram em busca de objetos, procurando versículos na bíblia, respondendo questões sobre fé e religião. Não teve quem não se divertisse. Às quinze horas, convidamos os adultos presentes, para se reunirem conosco, enquanto as crianças continuaram a brincar. Fizemos a proposta de fazer um “encontro de catequese” com eles. Como os filhos fazem o ano todo. Com um roteiro preparado por Pe. Luiz Baronto, para catequese com adultos, fizemos a “Ação de Graças pela Eucaristia”. Absolutamente maravilhoso. Pais choraram dando depoimentos que nos mostraram o quanto eles carecem de “encontro”, de “partilha”.

Não foram um nem dois que disseram que essa iniciativa foi muito boa. Que eles se sentem meio “isolados”, alheios à comunidade e ao que está acontecendo. E, principalmente, como é importante fazer oração e partilha em família. Tivemos duas experiências assim já. Numa tivemos a presença de 80 pessoas, entre pais, familiares e catequizandos num retiro com almoço. Noutro, tivemos a presença de 60 pessoas, numa tarde maravilhosa com um lanche preparados pelas mães e partilhado por todos. Claro que não tivemos adesão de cem por cento dos pais, mas aqueles que estiveram lá, com certeza gostaram e pediram para repetir a experiência.

É possível sim. É mais do que possível atingir as famílias. Basta que a gente faça um esforço. Que a gente se disponha a “perder” mais dias na semana para preparar tudo, fazer uma reunião de planejamento, estar disposto a ficar um domingo com nossos catequizandos e suas famílias. Nossa família também deve estar lá, pois somos “igreja”, somos comunidade igualmente.

Tenho uma catequizanda, cujos pais são separados. Ela foi ao retiro com o pai. Fiquei muito feliz em vê-la. Mas o que me deixou mais feliz ainda foi o que ela me contou no MSN depois: “Tia, meu pai não queria ir... mas depois me disse que adorou ter ido.” Ele não é muito participativo na igreja não, mas foi um dos maiores entusiastas na gincana. Dava pra ver a alegria nos olhos dele. E deu também pra ver nos olhos marejados dele, na hora da oração, como nossa partilha tocou-lhe o coração...

Ângela Rocha

Catequista Amadora 

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