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quarta-feira, 10 de abril de 2019

FELIZES AQUELES QUE ACREDITAM...

Imagem: Deusa Queiroz - Catanduvas SP

Hoje foi meu quarto encontro com as crianças da catequese. Tenho onze crianças agora para evangelizar, fazer ecoar a palavra de Deus. E levo isso muito a sério!

Semana que vem, não teremos encontro na quarta. Nesse horário vou participar da Celebração das Sete Dores de Nossa Senhora, mas sobre isso falo depois. Então fizemos nossa páscoa hoje. Levei para cada um, um saquinho de doces e um cartão: “Mais doce que o chocolate é o enorme amor de Jesus, que morreu na cruz por nós! ”

Percebi que, apesar de ensinar metodologia nos encontros de formação, minha metodologia as vezes "vai por água abaixo" e acaba sendo um tanto diversa daquela que ensino.

Procuro sempre copiar Jesus: acolho, escuto, ensino com a palavra, e deixo que eles se iluminem com aquilo que entenderam. Mas não sigo uma regra de: Acolhida, oração inicial, motivação, leitura, atividades de fixação, compromisso. O método ver-julgar-agir-rever é ótimo, mas com crianças é preciso saber adaptar o "método" aos momentos “deles”.

Para começar, se formos seguir um cronograma de encontro de fio a pavio, corremos o risco de fazer orações mecânicas, leituras mecânicas, atividades chatas e falar de compromissos que ninguém vai seguir. Então em alguns encontros não fazemos orações.
Algumas vezes as crianças estão tão dispersas que nem sabem o que estão falando... (Mas sou rígida: quem chega atrasado, vai lá no cantinho fazer uma oração junto a nossa imagem do Santo Anjo pedindo desculpas). E deixo que eles se iluminem com a Palavra sem forçá-los a acreditar no que EU acredito. Meu entendimento das Escrituras Sagradas jamais vai ser o de uma criança de dez ou onze anos, então, deixo que uma mente de dez anos veja Jesus com uma mente de dez anos, não com uma de quarenta e três.

E isso por vezes não é fácil! Hoje lemos a passagem em João 20, 19-29, que fala de Tomé, que não acreditava na ressurreição se não pudesse ver com os próprios olhos, a Jesus e suas chagas. A atividade consistia em pedir a eles que me dissessem o que tinha entendido quando Jesus disse: “Felizes daqueles que creem sem ter visto”.

Bom, para um adulto é fácil. Imediatamente nos vem à mente que a Fé é a crença no mistério da ressurreição do Senhor. Mesmo sem termos estado lá para ver.

Mas, para uma criança, o que é isso? Lemos a passagem mais de uma vez e mesmo assim as crianças tiveram dificuldades em me dizer, afinal, o que Jesus queria dizer com aquilo.
É por isso que algumas vezes odeio manual! (E nem era manual, era um roteiro para se falar da Semana Santa). Tive vontade de pegar aquele roteiro, rasgar, mastigar e cuspir pela janela...
Então partimos para o mais factível.
- Vocês já viram Deus? Como ele é? - Não, ninguém viu. Só imaginam Deus.
- Vocês já viram Jesus em carne e osso? - Ao vivo não. Jesus eles já viram nas imagens, na cruz na Igreja, na imagem do Sagrado Coração no altar.
- E vocês acreditam em Deus? Acreditam em Jesus? Acreditam que ele morreu crucificado e dali três dias acordou de novo? E a resposta foi um unânime e sonoro:
- Sim!!!

Então chegamos à seguinte conclusão: SOMOS TODOS FELIZES! Acreditamos sem ver!

Sendo assim, fomos para a Praça do Santuário sentar aos pés da cruz comendo nossos chocolates de páscoa enquanto eu contava das antigas tradições. Sentados embaixo da velha árvore fomos conversando...
Eles amaram a história de que antigamente as pessoas apagavam as luzes das velas e lampiões e até do fogão, na Sexta-Feira Santa e só iam acender no sábado, com o fogo novo, que era feito no pátio da Igreja e aceso com pedras. 
- Nossa, Tia! Você sabe acender fogo com pedra?
E falei do Rito Medieval do Ofício das Trevas. E falei do Lava-pés, que o padre lava e beija os pés dos fiéis...
- Ui que nojo! Beijar pé... - Não, não é nojo, é uma das coisas mais lindas que Jesus já fez, eu beijo os pés de vocês se precisar...
Da denudação do altar, da benção da água do Batismo, da Vigília, que antigamente a Primeira Eucaristia era no Sábado, que havia toda uma preparação especial para esse momento. Da missa da Ressurreição, do som maravilhoso de todos os sinos tocando e da beleza do Glória a Deus cantado por centenas de vozes...

Resumindo: Deixei-os doidinhos para ver tudo isso acontecendo! Pobres pais que vão ter que ir à Igreja nessa Semana Santa, mesmo não querendo... E nós fizemos a oração do Pai-Nosso. Lá no meio da praça com todo mundo passando e olhando...
- Catequista doida essa!

Ângela Rocha
Catequista Amadora (aprendendo, aprendendo sempre...)

(Publicado originalmente no blog Catequista Amadora em 25/03/2010)

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