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quinta-feira, 19 de novembro de 2015

LUGARES PRIVILEGIADOS DE CATEQUESE

Quando pensamos em um lugar para a catequese, imediatamente nos vem a lembrança uma salinha na Paróquia, com algumas cadeiras, uma mesa, uma Bíblia, uma vela acesa, Cristo Crucificado, uma imagem de Nossa Senhora e talvez algumas flores e uma sorridente catequista dando as boas vindas a todos...

Isso, no entanto, não é bem assim!

No capítulo oitavo do Diretório Nacional de Catequese, dedicado aos Lugares e Organização da catequese, encontramos no item 1.1 um título bastante interessante: “Lugares privilegiados de catequese”. Depois de uma breve introdução sobre a necessidade de se aproveitar as novas conquistas tecnológicas, pedagógicas e científicas para o anúncio do Evangelho, o documento nos exorta, do parágrafo 296 em diante, a aproveitar os espaços já ‘constituídos’ como lugares de catequese. A saber: a família, a comunidade cristã e por último a paróquia.

Apesar de a família estar descrita como: “... o lugar onde se colocam os fundamentos para a construção da personalidade do ser humano a partir de valores humanísticos, enriquecidos pelo evangelho” (DNC 296) e entendermos que os pais são os primeiros e principais responsáveis pela educação dos filhos na fé, o que vemos hoje, é uma realidade muitas vezes diversa. Alguns pais estão colocando inteiramente sobre a responsabilidade da Paróquia (Igreja), a transmissão de valores cristãos e a educação na fé.

O processo de crescimento da fé brota da convivência familiar, da harmonia e do testemunho dos pais. Os pais são os primeiros mestres da fé e, se os filhos não tiverem tais mestres, a catequese como pastoral, necessitará de muito mais competência e acolhimento para ter sucesso (DNC 299).

Outro lugar que tem sido deixado de lado é a própria comunidade cristã. O DNC diz que as famílias precisam estar engajadas na comunidade onde, através de um clima fraterno, da percepção da realidade e da leitura da Palavra de Deus busca-se uma sociedade mais justa e uma catequese integral. Para isso é preciso que a comunidade seja espaço acolhedor, de amizade, de convivência fraterna, de solidariedade e de celebração da Eucaristia. A comunidade cristã deve ter iniciativas como: novenas, terços, festa do padroeiro, grupos de reflexão, círculos bíblicos, grupos de oração, grupos de caridade, encontros de preparação para os sacramentos e outros momentos propícios ao engajamento social. A criança deve ser incentivada a participar destes momentos para que aprenda os fundamentos da vida comunitária e cristã.

Não vemos isso, porém. É cada vez mais difícil trazer a família para a Igreja. É cada vez mais difícil as famílias se encontrarem, fora do espaço físico da igreja, como verdadeira IGREJA. As crianças vêm para a catequese sem nunca terem ido à missa, sem nunca terem participado de uma novena, sem realmente conhecer a comunidade CRISTÃ onde vivem.

Por último, como espaço privilegiado de catequese, encontramos a Paróquia, que é uma rede de comunidades que acolhe, educa e anima a vida dos cristãos (DNC 303). É a casa do povo de Deus. É lugar da celebração dos sacramentos e da caridade. É onde encontramos as Pastorais, movimentos, grupos e associações dedicados a multiplicar o número de fiéis e a disseminar a palavra de Deus. Ali é o coroamento da educação para a vida em comunidade. É a última etapa da catequese. A partir dali a criança nunca mais deveria se afastar da Igreja e da comunidade.

Infelizmente algumas famílias estão “privilegiando” somente a Paróquia (entenda-se como a Pastoral Catequética), como lugar de catequese. Algumas crianças são deixadas aos cuidados das (os) catequistas sem qualquer base de formação cristã e percebe-se que alguns valores como: respeito, cuidado com as coisas de Deus e até mesmo a crença no Divino, não existem para as crianças. Tristemente se observa que a família não está cumprindo seu papel de primeira formadora de cristãos.

Por quê? O que está acontecendo com as nossas famílias?  Será que não está faltando iniciativa da própria Igreja em tornar a comunidade espaço privilegiado de catequese? Afinal, a família se forma e cresce na comunidade. Muito mais do que culpar a família pela falta de catequese das crianças, devemos, como comunidade cristã, nos culparmos pela falta de catequese com as famílias. A família só será formadora de cristãos se for cristã. Se der valor à comunidade e a Paróquia. Assim precisamos como discípulos missionários, encontrar o caminho ideal para tornar estes espaços privilegiados, continuidade um do outro, interligados no mesmo fim, para que a nossa missão tenha sentido.


Ângela Rocha

Fonte Consultada: Diretório Nacional de Catequese – Doc 84 - CNBB.


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