CONHEÇA!

Mostrando postagens com marcador Santos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Santos. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 26 de junho de 2018

ROTEIRO DE ENCONTRO: SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO



Hoje partilhamos com vocês o encontro com o tema: Solenidade de São Pedro e São Paulo, evangelho de Mateus 16, 13-19.

Silvana Chavenco Santini e Regina Celia Fregadolli Auada   
Paróquia São José Operário – Maringá PR.

AMBIENTE:

Organizar o ambiente de maneira especial, utilizando vários símbolos:

- Bandeirinhas: para lembrar as festas juninas;
- Espada de plástico: para representar São Paulo;
- Chave feita de EVA: para representar São Pedro;
- Imagens dos santos se for possível (com os símbolos que os representam);
- Toalha de TNT vermelha: para representar o sangue dos santos mártires;
- Foto do Papa Francisco, que em nossos dias tem a missão de conduzir a Igreja.






Assim que os catequizandos entram na sala, já é possível perceber os olhares curiosos. Inicie pedindo para que eles observem tudo o que há de diferente no ambiente, como forma de mergulhar no assunto.

DINÂMICA: 

Usar massinha de modelar (comprar aquelas caixinhas simples que vem com 12 unidades coloridas).

Entregar uma massinha para cada catequizando. Pedir a eles que construam com a massinha, uma figura igual ao modelo.

Este modelo pode simples, como de um animal (Ratinho, por exemplo), quando o grupo for grande, usa pouca massa e não é tão fácil. Mas, o ideal é escolher um modelo como: um homem, uma mulher ou uma casa. Teria um significado muito mais rico, pois eles estariam construindo a "pessoa" ou a casa de todos nós, que é a Igreja, utilizando um determinado modelo.

 

O objetivo da dinâmica é mostrar que com um “modelo” a ser seguido, tudo se torna mais fácil. Encerrar a dinâmica sem muitos comentários. Recolher as massinhas para finalizar o momento de distração. Ao final do encontro, a dinâmica fará sentido.

SILENCIAMENTO:

Fazer um pequeno silenciamento utilizando a figura da chave. Agora essa chave representava a chave do nosso coração, e o momento era de abri-lo, e deixar Jesus entrar nele e ali fazer sua morada. Lembrar ao final, na reflexão do Evangelho que a “chave” também é o símbolo de São Pedro.

LEITURA DO EVANGELHO Mt 16, 13-19

SUGESTÃO PARA REFLEXÃO:

Em um diálogo com os discípulos, Jesus questiona sobre a sua identidade. Primeiro pergunta o que os outros estão dizendo sobre Ele. É evidente que Jesus sabia, mas, deu aos discípulos a oportunidade de partilhar. E foram várias as opiniões. Depois pergunta de forma direta aos discípulos: “E para vocês, quem sou eu? ”. Pedro, em nome dos discípulos dá a resposta que se torna a grande profissão de fé: “Tu és o Cristo (Messias), o Filho do Deus vivo”. Por esta demonstração de fé e intimidade com Deus, Jesus lhe disse: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja”. 

Hoje Jesus continua a nos fazer a mesma pergunta: “E para você quem eu sou? ” O catequista pode completar:
- Que importância Jesus tem na sua vida? Que lugar Ele ocupa?
- Estou disposto a enxergar as minhas falhas e mudar a minha vida?
- Entender quem é Jesus exige um compromisso. Não é possível estar perto de Jesus e não lutar pela construção do seu Reino. Não é possível conhecê-lo e guardá-lo somente para nós. O que você vai responder?

Lembrar ao final da reflexão do Evangelho que a “chave” também é o símbolo de São Pedro.

ATIVIDADE PARA PARTILHAR E CELEBRAR:

São Pedro e São Paulo são os principais pilares do cristianismo.

Vamos então conhecer mais a vida destes santos?

Levamos um pequeno material sobre a vida de São Pedro e São Paulo. Dividir a turma em 2 grupos, cada um fica responsável por um santo. Orientar os grupos a ler o material. Depois cada grupo partilha com os amigos aquilo que achou interessante.

TEXTO SOBRE SÃO PEDRO

Pedro nasceu em Betsaida, na Galileia. Era um pescador e foi o primeiro dos discípulos de Jesus. Se chamava Simão e era filho de Jonas e irmão de André que também se tornou um dos primeiros discípulos de Jesus e também um dos doze apóstolos.
Em seu primeiro encontro com Jesus, ouviu-o dizer: “Tu é Simão, filho de João; serás chamado Cefas (que quer dizer pedra) ”. Dar-lhe um novo nome queria indicar-lhe a missão a que estava destinado. Deixou tudo para seguir Jesus.

Em princípio, fraco na fé, chegou a negar Jesus por 3 vezes. Foi martirizado em uma das perseguições aos cristãos, sendo crucificado de cabeça para baixo a seu próprio pedido, por não se julgar digno de morrer como seu Senhor.


TEXTO SOBRE SÃO PAULO

São Paulo se chamava Saulo. Nasceu na cidade de Tarso. Era soldado romano e um grande perseguidor dos cristãos. Era um homem muito estudado e inteligente. Saulo se converteu quando ia para a cidade de Damasco. No caminho, Jesus apareceu para ele em forma de uma luz muito forte que o cegou e o derrubou do cavalo. Ali ele se converteu e começou a pregar o Evangelho depois que recuperou a visão.

São Paulo teve um papel importantíssimo na difusão do Evangelho pelo mundo, pois como era de origem romana tinha livre acesso a todos os lugares dominados pelos romanos (diferente dos outros apóstolos que eram judeus).

ENCERRAMENTO:

Hoje somos convidados a modelar as nossas vidas assim como fizemos na dinâmica com a massinha (lembra como foi fácil fazer o ratinho observando o modelo?). Os santos foram pessoas humanas como nós, tiveram muitas falhas, cometeram erros, mas encontraram Jesus e tomaram a decisão de mudar de vida e de ajudar as outras pessoas a seguir o caminho certo. Quando Jesus nos chama, ele não olha o nosso passado, mas sim o nosso desejo de sermos pessoas melhores. Assim como São Pedro e São Paulo, nós também podemos ser luz e levar a salvação a muitas pessoas. Vamos tentar?
São Pedro e São Paulo, rogai por nós!



terça-feira, 1 de maio de 2018

1° DE MAIO: DIA DO TRABALHADOR


“O trabalhador merece o seu salário”. 
(Dt 25,4; Mt, 10,19; Lc 10,7)

Primeiro (1º) de maio, é o DIA DO TRABALHADOR em homenagem à luta dos trabalhadores que reivindicaram melhores condições trabalhistas. Graças à coragem e persistência desses trabalhadores ao longo da história, os direitos e benefícios atuais, dos quais usufruímos, foram conquistados.

Essa data tem origem na primeira manifestação de 500 mil trabalhadores nas ruas de Chicago, e numa greve geral em todos os Estados Unidos, em 1886. Até então a jornada de trabalho era de mais de 15 horas. Os americanos organizaram uma gigantesca campanha por melhores condições de trabalho, fazendo mais de 1.500 greves em todo o país. Houve muita opressão, tanto por parte do governo quanto por parte da mídia burguesa da época. Os líderes do movimento foram julgados e condenados à morte, sem ter cometido crime algum. Muitas pessoas foram feridas e mortas pela violência policial.

Três anos depois, em 1891, o Congresso Operário Internacional convocou, na França, uma manifestação anual, em homenagem às lutas sindicais de Chicago. A primeira acabou com 10 mortos, em consequência da intervenção policial. Ao escolher 1º de maio como Dia do Trabalho, os participantes desse encontro prestaram uma homenagem aos operários dos Estados Unidos. Uma das principais reivindicações era a garantia da jornada de oito horas diárias.

Foram estes e outros fatos históricos que transformaram o 1º de maio no Dia do Trabalhador. Até 1886, os trabalhadores jamais pensaram exigir os seus direitos, apenas trabalhavam. Somente em 1919, o Senado francês ratificou as 8 horas de trabalho e proclamou o dia 1º de maio como feriado, e uns anos depois a Rússia fez o mesmo. Em 1919, após algumas das mais gloriosas lutas do sindicalismo e dos trabalhadores portugueses, também foi conquistada e consagrada na lei a jornada de oito horas para os trabalhadores do comércio e da indústria.

DIA DO TRABALHO NO BRASIL

No Brasil, o Dia do Trabalhador só foi reconhecido a partir de 1925, através de um decreto assinado pelo então presidente Artur Bernardes.

A criação da CLT (Consolidação das Leis de Trabalho) foi instituída através do Decreto-Lei nº 5.452, em 1º de Maio de 1943, pelo então presidente Getúlio Vargas. Durante o governo Vargas realizavam-se grandes manifestações que incluíam música, desfiles e normalmente o anúncio de alguma nova lei trabalhista. Alguns governos seguem a tradição e comunicam o aumento do salário mínimo nesta data.

O dia é comemorado com manifestações convocadas pelas principais centrais sindicais do Brasil para reivindicar melhores condições de trabalho.


No calendário litúrgico celebra-se a memória de São José Operário, considerado o santo padroeiro dos trabalhadores. Esta celebração litúrgica foi instituída em 1955 pelo Papa Pio XII, diante de um grupo de trabalhadores reunidos na Praça de São Pedro, no Vaticano. Naquela ocasião, o Santo Padre pediu que “o humilde operário de Nazaré, além de encarnar diante de Deus e da Igreja a dignidade do trabalho manual, seja também o providente guardião de vocês e suas famílias”. 

O Papa Pio XII desejou que o Santo protetor das famílias: “seja para todos os trabalhadores do mundo, especial protetor diante de Deus e escudo para proteger e defender nas penalidades e nos riscos de trabalho”.

Por sua vez, João Paulo II, em sua encíclica “Laborem Exercens”, sublinhou que, “mediante o trabalho, o homem não somente transforma a natureza, adaptando-a às suas próprias necessidades, mas também realiza a si mesmo como homem e até, num certo sentido, ‘se torna mais homem’”. 

No Jubileu dos Trabalhadores, em 2000, o Papa novamente se manifestou: “Queridos trabalhadores, empresários, cooperadores, homens da economia: uni os vossos braços, as vossas mentes e os vossos corações a fim de contribuir para a construção de uma sociedade que respeite o homem e o seu trabalho. O homem vale pelo que é e não pelo que possui. Tudo o que se realiza ao serviço de uma justiça maior, de uma fraternidade mais ampla e de uma ordem mais humana nas relações sociais conta muito mais do que qualquer progresso no âmbito técnico”.

O que deve ficar deste dia para nós, como foco principal, não é só comemorar o Santo e esquecer a luta do trabalhador pelos seus direitos e sim, pensar que São José foi escolhido como intercessor e protetor do trabalhador nesta luta e que, a prática religiosa, está intimamente ligada à prática do amor e da justiça, às ações sociais fraternas e a dignidade com que cada trabalhador e trabalhadora merecem da nossa sociedade.


Ângela Rocha
Catequistas em Formação

segunda-feira, 19 de março de 2018

SÃO JOSE: FIEL À VONTADE DE DEUS


Neste dia 19 de março, a Igreja celebra solenemente São José, esposo da Virgem Maria. “A admiração silenciosa e o culto firmado a São José têm as suas fundamentações, que devem ser como que garimpadas em meio às alternâncias da história e das vicissitudes do povo de Deus”, diz Frei Hugo D. Baggio. E, segundo o frade, como a Abraão, dele também foi exigida uma carga de fé quando se viu diante do inexplicável mistério. “E ele suportou a prova, venceu o teste. Ficou firme na sua posição, enfrentou o futuro, e a partir daí entrou em cheio na vida de Cristo e de Maria. Exige-se uma sensibilidade muito afinada com a vontade de Deus para perceber suas ordens através de sinais. E José o fará muitas vezes, sempre no silêncio”.

É esse silencioso “sim” que aborda Leonardo Boff, autor de um belo livro sobre São José, publicado pela Editora Vozes. “Esse silêncio não é mutismo de quem não tem nada a dizer. José teria muitíssimo a dizer. Ele, sendo justo, no sentido que aclaramos acima, certamente irradiou ao seu redor mais pelo exemplo que pelas palavras. Entretanto, quando as coisas são grandes demais, simplesmente calamos”, diz o teólogo.

Frei José Ariovaldo da Silva faz uma introdução detalhada de como nasceu a devoção ao esposo de Maria no Oriente e no Ocidente até se espalhar por todos os recantos do mundo cristão. “É muito bom sermos profundamente humanos em nossa vida espiritual. Pensar e viver a vida espiritual também com o coração! E quem assim fizer, sem dúvida encontrará em São José a figura de um pai extraordinariamente bom, inspirador de confiança, animador da esperança, e, sobretudo, criador de serenidade decidida. Parece que a história da devoção a São José nos ensina isso”, diz Frei José, refletindo também liturgicamente a solenidade.

Pe. Pe. Johan Konings, SJ, também comenta a liturgia do dia: “São José aparece como o homem responsável, fiel e prudente, a quem Deus confiou seu Filho. Nós temos o costume de achar que responsabilidade só diz respeito ao que nós mesmos fazemos. Mas muito maior é a participação quando nos tomamos responsáveis por aquilo que não tem em nós a sua origem”, observa.

Na sua reflexão, Frei Almir Guimarães destaca José como aquele a quem foram confiados os mistérios da salvação: “A criança que nasce de Maria, que precisa de leite, de pão, de atenções, de cuidados será objeto das atenções de José que chamamos de Pai nutrício do Filho de Deus feito carne. José será o homem da ação de todos os dias e da ininterrupta contemplação dos adoráveis mistérios de Deus”, observa Frei Almir.

Citada pelos articulistas deste Especial, não poderíamos deixar de apresentar a bela exortação apostólica de São João Paulo II, sobre a figura e a missão de São José: Redemptoris Custos.

Encerramos o Especial com uma oração a São José e a música “Meu Bom José” de Rita Lee. Boa leitura!


Oração a São José

Anuncia, ó José, ao teu antepassado Davi 
as maravilhas: tu que viste a Virgem dar à luz, 
tu que adoraste com os reis magos,
tu que glorificaste com os pastores,
tu que foste instruído pelo anjo suplica a Cristo-Deus,
para que salve as nossas almas!

(da Liturgia Bizantina)


ACOMPANHE AS REFLEXÕES CLICANDO NOS TÍTULOS:


FONTE: Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil.

sábado, 14 de outubro de 2017

MÁRTIRES DO BRASIL SÃO CANONIZADOS PELO PAPA NESTE DOMINGO


A Igreja brasileira ganhará 30 novos santos neste domingo, 15 de outubro. Aumenta a cada hora a expectativa pela cerimônia de canonização, presidida pelo Papa, que deve reunir dezenas de milhares de fiéis na Praça São Pedro.

Além dos mártires de Cunhaú e Uruaçu, também serão canonizados na mesma data Cristóbal, Antonio e Juan, mortos por ódio à fé em 1527 e 1529, e considerados os Protomártires do México e de todo o continente americano; o sacerdote espanhol Faustino Míguez, fundador do Instituto Calasanzio e o Frade Menor Capuchinho italiano Angelo d’Acri.

Segundo o Pe. Júlio Cesar, vice-postulador da causa dos novos santos brasileiros: “Os mártires nos trazem uma mensagem de ‘ir ao encontro’: eles não ficaram esperando, não buscaram uma maneira de renegar, ou de salvar suas vidas, mas se doaram, se entregaram. Este é o grande convite para a Igreja de hoje, precisamos redescobrir a força de ‘doar-se pelo outro’. É muito bonita a expressão do Papa Francisco ‘abram as portas da Igreja para Jesus sair’. A Teologia do Martírio é cada vez mais necessária no mundo de hoje, cada vez mais acomodado, que busca seus próprios interesses, onde cada um quer construir uma Igreja que atenda às suas próprias necessidades, nós somos chamados a entender que ser cristãos é também renunciar, é mudar o nosso estilo de vida, ir em busca dos mais necessitados, dos excluídos, dos sofredores, mesmo que isso nos custe”.

Delegações de peregrinos, políticos e da Igreja brasileira também vão participar da missa, presidida pelo Papa Francisco às 10h horário local, com transmissão ao vivo para todo o Brasil a partir das 6h de Brasília.

Quem são os novos santos

Os ‘protomártires do Brasil’ foram assassinados entre julho e outubro de 1645 por soldados holandeses calvinistas nos chamados Massacres de Cunhaú e Uruaçu, as atuais cidades de Canguaretama e São Gonçalo do Amarante, ambas no Rio Grande do Norte.

Beatificados pelo Papa João Paulo II em março de 2000 na Basílica de São Pedro, chegam agora à canonização, podendo ser honrados nos altares de todo o mundo como santos.
Dom Jaime Vieira Rocha, Arcebispo de Natal, afirma que este momento de mistério e benção para o povo brasileiro deve ser ocasião de recomeço e de renovação do entusiasmo de ser cristãos

“Que a sociedade brasileira, interiorizando esta graça, desperte para a responsabilização de cada um, de nossos irmãos e de nosso país, em vista de um comprometimento ainda maior. Que seja um ponto de partida para todos”. 

Fonte: http://br.radiovaticana.va


OS MASSACRES DE CUNHAÚ E URUAÇU

Católicos do Rio Grande do Norte recordam, no dia 03 de outubro, data em que é feriado no Rio grande do Norte, o massacre dos Mártires de Cunhaú e Uruaçu, mortos por holandeses no ano de 1645, por não aceitarem a imposição militar, cultural e da religião protestante calvinista, se tornando um momento ímpar da história do Rio Grande do Norte, de resistência, fé e de defesa dos princípios de liberdade.

Os episódios dos massacres de Cunhaú e Uruaçu ocorrem em meio a uma crise no mercado do açúcar, e ao levante de colonos portugueses e brasileiros contra o domínio holandês. Após tomarem a Fortaleza dos Reis Magos, em 1633, os holandeses passaram a chamar Natal de "Nova Amsterdã” e a Fortaleza de “Castelo Keulen”. O deslocamento das forças seguiu devastadora para o interior do estado.

Jacob Rabbi era o comandante da tropa de tapuias, potiguares e holandeses, inicialmente apontado como intérprete entre os holandeses e os tapuias. Rabbi era alemão, natural do condado de Waldeck, emigrou para a Holanda onde foi contratado pela Companhia das Índias Ocidentais Holandesas. Quando veio para o Brasil permaneceu durante quatro anos vivendo entre os indígenas e assimilou os costumes nativos, num verdadeiro processo “indianização”. Ele vivia com uma nativa Janduí de nome Domingas, num sítio de sua propriedade, chamado "Ceará". 

Ele é considerado, pelos historiadores, como uma das figuras mais sinistra, abominável e hedionda do domínio holandês no Nordeste do Brasil. No comando das tropas de janduís e potiguares, Rabbi foi responsável por vários saques e chacinas em engenhos, entre as capitanias do Rio Grande, Paraíba e Pernambuco.

O MASSACRE DE CUNHAÚ

Jacob Rabbi e um grupo de índios janduís e potiguares, além de soldados holandeses, chegaram ao engenho Cunhaú, atual município de Canguaretama, em 15 de julho de 1645. Ele se apresentou como emissário do Supremo Conselho Holandês de Recife e convocou a população para uma reunião, após a missa do dia seguinte, dia 16, um domingo, na capela de Nossa Senhora das Candeias.

Os historiadores estimam que cerca de 70 fiéis estavam presentes no lugar, cumprindo apenas o preceito religioso, não portando armas. Durante a celebração, após a elevação da hóstia, os soldados holandeses trancaram todas as portas da igreja. A um sinal de Rabbi, os índios invadiram o local e chacinaram os colonos.

Relatos posteriores, alguns deles de emissários do governo holandês que investigaram o episódio, descrevem cenas de violência, atrocidades e requintes de crueldade contra os fiéis. Desarmados, os colonos não tinham como resistir e se resignaram à morte. Atendendo a exortação do padre André de Soveral, que celebrava a missa, muito foram executados em meio as orações. O próprio padre foi morto a punhaladas.

MASSACRE DE URUAÇU

Três meses depois da tragédia de Cunhaú, no dia 03 de outubro, aconteceu o martírio de mais 80 pessoas, na Comunidade de Uruaçu, em São Gonçalo do Amarante, também sob o comando de Rabbi, ajudado pelo chefe da tribo potiguar Antônio Paraopaba, “educado” pelos holandeses. 

Depois do massacre em Cunhaú alguns moradores influentes, liderados pelo padre Ambrósio Ferro, que exercia as funções de vigário de Natal, pediram abrigo no Castelo Keulen, nome dado a Fortaleza dos Três Reis Magos, em Natal. Os que não foram, construíram uma paliçada para proteger a localidade conhecida como Potengi. O número de moradores refugiados na paliçada é incerto. Para os cronistas portugueses eram 70 homens, mas documentos holandeses citam 232 pessoas.

Pesquisas em documentos holandeses e portugueses mostram que o cerco a paliçada do Potengi durou 16 dias. Foi iniciada em setembro pelo grupo de Jacob Rabbi e, depois, contou com reforços enviados pelo Castelo de Ceulen, incluindo duas peças de artilharia. O bombardeio forçou a rendição dos luso-brasileiros.

Ocupada a paliçada do Potengi, os holandeses levaram cinco reféns para o Castelo de Keulen. Os demais colonos ficaram confinados na paliçada. No dia 2 de outubro chegou a ordem do conselho holandês para executar os principais líderes dos colonos, desestimulando a revolta em terras do Rio Grande.

Não há comprovação dessa ordem, mas o fato é que no dia seguinte, 03 de outubro de 1645, foram levados para Uruaçu: Antônio Vilela, Cid, seu filho, Antônio Vilela Júnior, João Lostau Navarro, Francisco de Bastos, José do Porto, Diogo Pereira, Estevão Machado de Miranda, Francisco Mendes Pereira, Vicente de Souza Pereira, João da Silveira, Simão Correia e o próprio padre Ambrósio Francisco Ferro, e foram todos executados.

Os relatos citam que ao chegar em Uruaçu, a tropa formou um quadrado e, no interior ficaram o sacerdote mais os colonos. Foi dada a ordem para que eles se despissem e se ajoelhassem. Jacob Rabbi chamou os nativos para que eles completassem o massacre. A crueldade foi ainda maior, braços e pernas foram decepadas, crianças foram partidas ao meio e grande parte dos corpos foram degolados. Entre os mortos estavam o padre Ambrósio Francisco Ferro e o leigo Mateus Moreira (proclamado pela CNBB como patrono dos ministros extraordinários da comunhão eucarística do Brasil), o qual, ao ter o coração arrancado pelas costas, proclamou: “Louvado seja o santíssimo Sacramento”.

À morte deles, segue-se a chacina dos que estavam refugiados em Potengi, depois de terem sido retirados da paliçada e levados para o mesmo porto. 

RELIGIOSIDADE

Em reconhecimento ao feito dos Mártires de Uruaçu, em 16 de junho de 1989 o processo de beatificação foi concedido pela Santa Sé. Em 21 de dezembro de 1998 o papa João II assinou o decreto reconhecendo o martírio de 30 brasileiros, sendo dois sacerdotes e 28 leigos. Em março de 2000, o papa João Paulo II beatificou os mártires de Cunhaú e Uruaçu como exemplos de fé cristã e defensores da Igreja Católica.

No dia 20 de abril deste ano, em consistório, o Papa Francisco anunciou a canonização deles para o dia 15 de outubro de 2017.

Fonte: Arquidiocese de Natal - RN

quarta-feira, 6 de abril de 2016

O SANTO PROTETOR DA INTERNET

Conversando com uma das catequistas que faz formação online conosco, ela reclamava sobre a lentidão e os problemas de conexão para postar as respostas das atividades. Então falei pra ela que precisamos pedir proteção ao santo "protetor das conexões"...

Parece brincadeira, mas, os usuários da Internet têm a quem recorrer quando estiverem de cabelo em pé com a lentidão da sua conexão ou se descabelando com os muitos problemas de acesso que costumamos ter. Temos um santo padroeiro da Internet!

E não é a “Santa Banda larga”, não! 

É Santo Isidoro de Sevilha. O dia dele é 04 de abril.


Santo Isidoro viveu na Espanha (556-636), numa época em que a  tecnologia mais recente, criada, era o estribo para apoiar o pé para montar no cavalo. Nem se sonhava com a tecnologia da internet de hoje.

E qual a relação com a internet?

Ele ficou conhecido por criar uma espécie de banco de dadosNaquela época, ele editou o “Etymologies”, uma enciclopédia que juntou fragmentos de muitos livros antigos que, não fosse por isso, teriam sido completamente perdidos. A obra consistia de uma enorme compilação em 448 capítulos divididos em vinte volumes. Olha só estas imagens... são algumas páginas que ele escreveu:




Santo Isidoro foi um dos últimos dos antigos filósofos cristãos, alguns consideram-no como a pessoa mais erudita de seu tempo. E é fato que ele exerceu uma incomensurável e abrangente influência sobre a vida educacional da Idade Média. 

Izidoro foi canonizado em 1598 e declarado “Doutor da Igreja” em 1722. Ele morreu em 4 de abril de 636 depois de servir mais de trinta e dois anos como arcebispo de Sevilha.

Uma curiosidade sobre a família: Santo Isidoro tem mais três irmãos que são santos:  São Leandro de Sevilha, São Fulgêncio de Cartagena e Santa Florentina.

Mas, além de rezar pela nossa conexão e para que o computador não “trave” quando precisamos dele, vamos ser persistentes e aumentar nossos conhecimentos com pesquisas e estudos para sanar qualquer problema ou lentidão de conexão em nossos computadores.  Ou contratar um outro provedor... rsrsrsrs.

Ângela Rocha
Catequistas em Formação


segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

CONVERSÃO DE SÃO PAULO: TESTEMUNHO DE MISERICÓRDIA

Dia 25 de janeiro de 2016 – Conversão de São Paulo, apóstolo, festa


Abertura da Porta Santa da Basílica de São Paulo extra-muros.
Sinal “Jubilar” do Santo Padre: testemunho das obras de misericórdia.

Ano Santo Extraordinário da Misericórdia – “Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36)!

São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja, escreve em sua 7ª Homilia sobre a conversão:

“A mim, que fui blasfemador e perseguidor […], foi-me dada misericórdia”.
(1Tm 1,13)

É preciso que tenhamos sempre presente no nosso espírito que todos os homens são rodeados por imensas manifestações do amor de Deus. Se a justiça tivesse precedido a penitência, o universo teria sido aniquilado. Se Deus estivesse pronto para o castigo, a Igreja não teria conhecido o apóstolo Paulo, não teria recebido um homem assim no seu seio. É a misericórdia de Deus que transforma o perseguidor em apóstolo; é ela que muda o lobo em cordeiro; foi ela que fez de um publicano um evangelista (Mt 9,9). É a misericórdia de Deus que, comovida com o nosso destino, nos transforma a todos; é ela que nos converte.

Ao ver o glutão de ontem pôr-se hoje a jejuar, o blasfemador de outrora falar de Deus com respeito, o infame de antigamente não abrir a boca a não ser para louvar a Deus, podemos admirar esta misericórdia do Senhor. Sim, irmãos, se Deus é bom para com todos os homens, é-o particularmente para com os pecadores.

Quereis mesmo ouvir uma coisa estranha do ponto de vista dos nossos hábitos, mas verdadeira do ponto de vista da piedade? Escutai: ao passo que Deus Se mostra exigente para com os justos, para com os pecadores não tem senão clemência e doçura. Que rigor para com os justos! Que indulgência para com o pecador! É esta a novidade, a inversão, que nos oferece a conduta de Deus. […] É que assustar o pecador, sobretudo o pecador inveterado, seria privá-lo de confiança, mergulhá-lo no desespero; e lisonjear o justo seria embotar o vigor da sua virtude, levando-o a afrouxar no seu zelo. Deus é infinitamente bom! O seu temor é a salvaguarda do justo, e a sua clemência faz  mudar o pecador.

São João Crisóstomo – Doutor da Igreja.


Conheça um pouco mais de Paulo de Tarso:

O apóstolo dos gentios e das nações nasceu em Tarso. Da tribo de Benjamim, era judeu de nação. Tarso era mais do que uma colônia de Roma, era um município. Logo, ele recebeu também o título de cidadão romano. O seu pai pertencia à seita dos fariseus. Foi neste ambiente, em meio a tantos títulos e adversidades, que ele foi crescendo e buscando a Palavra de Deus.
Combatente dos vícios, foi um homem fiel a Deus. Paulo de Tarso foi estudar na escola de Gamaliel, em Jerusalém, para aprofundar-se no conhecimento da lei, buscando colocá-la em prática. Nessa época, conheceu o Cristianismo, que era tido como um seita na época. Tornou-se, então, um grande inimigo dessa religião e dos seguidores desta. Tanto que a Palavra de Deus testemunha que, na morte de Santo Estevão, primeiro mártir da Igreja, ele fez questão de segurar as capas daqueles que o apedrejam, como uma atitude de aprovação.

Autorizado, buscava identificar cristãos, prendê-los, enfim, acabar com o Cristianismo. O intrigante é que ele pensava estar agradando a Deus. Ele fazia seu trabalho por zelo, mas de maneira violenta, sem discernimento. Era um fariseu que buscava a verdade, mas fechado à Verdade Encarnada. Mas Nosso Senhor veio para salvar todos.

Encontramos, no capítulo 9 dos Atos dos Apóstolos, o testemunho: “Enquanto isso, Saulo só respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor. Apresentou-se ao príncipe dos sacerdotes e pediu-lhes cartas para as sinagogas de Damasco, com o fim de levar presos, a Jerusalém, todos os homens e mulheres que seguissem essa doutrina. Durante a viagem, estando já em Damasco, subitamente o cercou uma luz resplandecente vinda do céu. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: ‘Saulo, Saulo, por que me persegues?’. Saulo então diz: ‘Quem és, Senhor?’. Respondeu Ele: ‘Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro te é recalcitrar contra o aguilhão’. Trêmulo e atônito, disse Saulo: ‘Senhor, que queres que eu faça?’ respondeu-lhe o Senhor: ‘Levanta-te, entra na cidade, aí te será dito o que deves fazer’”.

O interessante é que o batismo de Saulo é apresentado por Ananias, um cristão comum, mas dócil ao Espírito Santo.

Hoje estamos comemorando o testemunho de conversão de São Paulo. Sua primeira pregação foi feita em Damasco. Muitos não acreditaram em sua mudança, mas ele perseverou e se abriu à vontade de Deus, por isso se tornou um grande apóstolo da Igreja, modelo de todos os cristãos.

São Paulo de Tarso, rogai por nós!




domingo, 26 de julho de 2015

SANT’ANA E SÃO JOAQUIM: AVÓS DE JESUS

Hoje, homenageamos os Avós, pois a Igreja festeja Sant'Ana e São Joaquim.

Vamos saber um pouco mais sobre os Avós de Jesus?

Santa Ana ou Sant'Ana vem do latim Anna, e do hebraico Hannah, que significa "Graça". Sabe-se muito pouco sobre Santa Ana, exceto que era mãe de Maria de Nazaré, esposa de São Joaquim e Avó de Jesus. Alguns escritos falam que ela teria tido mais duas filhas, Maria Salomé e Maria de Cleofas. (No verso 25 do capítulo 19 do Evangelho de São João diz que aos pés da cruz estava a irmã de Maria). Na Irlanda, ela é conhecida também como Santa Brígida. Os dados biográficos que sabemos sobre os pais de Maria foram legados pelo Proto Evangelho de Tiago (Apócrifo), obra citada em diversos estudos dos padres da Igreja Oriental, como Epifânio e Gregório de Nissa. Sant'Ana, pertencia à família do sacerdote Aarão e seu marido, São Joaquim, pertencia à família real de Davi.

Seu marido, Joaquim (Eliaquim - Eli – Heli), homem pio fora censurado pelo sacerdote Rúben por não ter filhos, pois Sant’Ana já era idosa e estéril. Confiando no poder divino, Joaquim retirou-se ao deserto para rezar e fazer penitência. Ali um anjo do Senhor lhe apareceu, dizendo que Deus havia ouvido suas preces. Tendo voltado ao lar, algum tempo depois Sant’Ana ficou grávida. A paciência e a resignação com que sofriam a esterilidade levaram-lhes ao prêmio de ter por filha aquela que havia de ser a Mãe de Jesus.

Eram residentes em Jerusalém, ao lado da piscina de Betesda, onde hoje se ergue a Basílica de Sant’Ana, e ali, num sábado, 8 de setembro, mais ou menos no ano 20 a.C., nasceu-lhes uma filha que recebeu o nome de Miriam, que em hebraico significa "Senhora da Luz", passado para o latim como Maria. Maria foi oferecida ao templo de Jerusalém aos três anos, tendo lá permanecido até os doze anos.

Pelo texto “Caverna dos Tesouros”, atribuído a Efrém da Síria, Joaquim era irmão de Jacó, que era pai de José, desta forma, José e Maria eram primos. São João Damasceno, ao escrever sobre o Natal, deixa claro que São Joaquim e Santa Ana são os pais de Maria.

A devoção aos pais de Maria é muito antiga no Oriente, onde foram cultuados desde os primeiros séculos de nossa era, atingindo sua plenitude no século VI. Já no ocidente, o culto de Santana remonta ao século VIII, quando, no ano de 710, suas relíquias foram levadas da Terra Santa para Constantinopla, donde foram distribuídas para muitas igrejas do ocidente, estando a maior delas na igreja de Sant’Ana, em Düren, Alemanha. Seu culto foi tornando-se muito popular na Idade Média. Em 1378, o Papa urbano IV oficializou seu culto . Em 1584, o Papa gregório XIII fixou a data da festa de Sant’Ana em 26 de julho, e o Papa Leão XIII a estendeu para toda a Igreja, em 1879. Na França, o culto a Mãe de Maria teve um impulso extraordinário depois das aparições da santa em Auray em 1623.

Tendo sido São Joaquim comemorado, inicialmente, em dia diverso ao de Sant’Ana, o  Papa Paulo VI resolveu colocar num único dia, 26 de julho, a celebração dos pais de Maria, mãe de Jesus. Celebra-se então do “Dia dos Avós” nesta data.
Pode se encontrar um retrato realístico de Santa Ana no filme, The Nativity Story, "Jesus, a História do Nascimento", em português.

Fonte: Diversos arquivos - Internet.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

JOSÉ DE ANCHIETA: VIDA E OBRA

José de Anchieta (1534 - 1597)


Nascido no ano de 1534 em Tenerife, Ilhas Canárias (arquipélago Espanhol). Filho de mãe judia, mudou-se para Coimbra, em Portugal, aos 14 anos a fim de receber sua formação intelectual longe dos domínios espanhóis em função da perseguição do Tribunal do Santo Ofício. Aos 17 anos ingressou na Companhia de Jesus, cuja principal missão era a difusão do cristianismo no então recém descoberto continente americano. 

Temendo por sua saúde, seu superior enviou-o ao Brasil, por acreditar que os ares do novo continente seriam benignos para o padre. Ao chegar em terras brasileiras, foi acolhido pelo padre Manoel da Nóbrega, chefe da primeira missão jesuítica na América, que já se instalara em São Vicente. Anchieta veio ao Brasil na armada de Duarte Góis que trazia consigo Duarte da Costa (1553-1558), o segundo governador-geral do Brasil.

Os primeiros jesuítas que se instalaram, ainda durante o governo de Tomé de Sousa (1549-1553), foram responsáveis pela fundação do primeiro colégio estabelecido no Brasil, em Salvador. Mais tarde, em 1554, Anchieta participou da fundação do Colégio São Paulo, no Planalto de Piratininga, região onde atualmente se encontra a cidade de São Paulo.
Em 1563, José de Anchieta e Manuel da Nóbrega participaram do conflito conhecido como a Confederação dos Tamoios como mediadores da paz entre os portugueses e os índios tamoios que ameaçavam a segurança da região. Anchieta foi feito refém dos índios de Iperoig (região onde se encontra a cidade de Ubatuba) e lá permaneceu durante cinco meses. O episódio gerou o primeiro tratado de paz entre colonizadores e indígenas, graças às intervenções de Nóbrega e Anchieta e dos acordos entre os padres e os líderes indígenas e ficou conhecido como a Paz de Iperoig, evitando que os índios, enfurecidos, destruíssem as cidades e as vilas portuguesas.

Compôs o Poema à Virgem, poema de 4.172 versos, enquanto estava no cativeiro dos tamoios e, diz a lenda, que o havia escrito nas areias da praia e que, graças a sua memória excepcional, somente mais tarde teria transcrito o poema para o papel.


Tela de Benedito Calixto de Jesus (1853-1927) em que retrata Anchieta escrevendo seus poemas na areia

Em 1566, Anchieta é ordenado sacerdote e em 1569 funda o povoamento de Reritiba, localizado no estado do Espírito Santo. Nesse mesmo período, dirige, durante alguns anos, o colégio dos Jesuítas no Rio de Janeiro. Em 1577, Anchieta foi promovido a Provincial, maior cargo da Companhia de Jesus da época, sucedendo o padre Manuel da Nóbrega (falecido no ano de 1570), viajando pelo país e orientando as missões ao longo do território brasileiro.

Falece no ano de 1597 em Reritiba, cidade posteriormente renomeada de Anchieta. O padre ficou conhecido como “o apóstolo do Novo Mundo” por levar adiante a missão de evangelização dos gentios e pelos serviços prestados à Companhia de Jesus no continente americano.

Sua vida serviu de inspiração para que muitos artistas retratassem diversos episódios em forma de telas como, por exemplo, a missa rezada em ocasião da fundação do colégio São Paulo, a marcha realizada do litoral até a cidade de Vitória em decorrência de um naufrágio, entre outros. No ano de 1980, Anchieta foi beatificado pelo papa João Paulo II, pois, segundo investigação histórica conduzida pelo Vaticano, o padre operou o milagre da conversão de três indivíduos ao cristianismo de uma vez.

Obras

As principais obras do jesuíta estão divididas entre poemas, peças de teatro, sermões e, claro, na elaboração de uma gramática que facilitasse o ensino e o aprendizado da religião pelos indígenas. Seus poemas, carregados de subjetividade, mostram um Anchieta empenhado no louvor à religião católica, na busca pelo consolo das adversidades da vida que é encontrado apenas por meio da entrega e do amor divino e, claro, na vida dos santos.

Suas peças de teatro (autos), de cunho pedagógico, são voltadas para a catequização dos indígenas, escritos ora em português, ora em tupi, transformando o imaginário e os costumes daquelas sociedades “pagãs” em entidades “do Mal”, contrárias às imagens do cristianismo, que representam “o Bem”, criando dois pólos de oposição entre os dois mundos. Na Festa de São Lourenço é considerado seu auto mais importante, pois, embora não haja uma unidade narrativa nos quatro atos que o compõe, há a descrição de cenas da vida nativa e demais aspectos da vida dos indígenas.

Suas principais publicações são O De Gestis Mendi de Saa, impresso em 1563, poema épico em homenagem ao governador Mem de Sá que chefiou os primeiros levantes contra os franceses que invadiram as colônias portuguesas. É considerado o primeiro poema épico da América e anterior ao “Os Lusíadas” de Luís de Camões.

No entanto, críticos e antropólogos contemporâneos chamam a atenção para o aspecto da violência contida no poema que, segundo a visão dos jesuítas, legitimaria a conquista, a subordinação e o extermínio dos indígenas em face de um objetivo “maior”, a evangelização, assemelhando-se às cruzadas medievais. Além disso, o imaginário pagão dos indígenas é considerado diabólico e seus rituais, principalmente o antropofágico, são vistos como algo bestial e animalesco, desprovido de significação cultural. Logo, o texto mostra, acima de tudo, que a vinda dos jesuítas, embora com objetivos diferentes dos conquistadores de terras, também se deu de maneira violenta, de um povo sobre outro e que a instalação dos redutos missionários não foi tão pacífica como se supunha, expondo as chagas da história brasileira; e  A arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil, impresso em 1595, constitui-se no primeiro registro dos fundamentos da língua tupi.

Bibliografia:

BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 2006.

GINZBURG, Jaime. A origem como inferno (a representação da guerra na poesia de José de Anchieta). In: BERND, Zilá. CAMPOS, Maria do Carmo (orgs). Literatura e americanidade. Porto Alegre: Editora da Universidade/UFRGS, 1995.