Vale acrescentar
que não estamos falando do “óleo crismal”, litúrgico, portanto, seu uso é
“legal”, conforme o Código de Direito canônico, pois ele é considerado como “Sacramental”.
"1 Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união! 2 É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desceu sobre a barba, a barba de Arão, que desceu sobre a gola das suas vestes; 3 como o orvalho de Hermom, que desce sobre os montes de Sião; porque ali o Senhor ordenou a bênção, a vida para sempre."
(Salmo 133)
Quando falei do meu "Kit catequista", algumas pessoas se espantaram e se surpreenderam por eu ter citado o "óleo bento" que costumo carregar. Alguns até acharam um "sacrilégio" eu ter óleo para ungir meus catequizandos... E fazer essa unção!
Mas, não é nada disso! Não carrego comigo nenhum dos "Santos óleos" reservados para os sacramentos. O óleo que levo é um "sacramental". E, como catequista posso ungir com óleo aqueles que precisam. Você vai entender melhor ao ler as explicações do texto.
Primeiro vamos ao que diz o Canôn da Igreja (Código de Direito Canônico):
Cân. 1166 — Sacramentais são sinais sagrados, pelos quais, de algum modo à imitação dos sacramentos, se significam efeitos sobretudo espirituais, que se obtêm por impetração da Igreja.
Cân 1167
— (...)
§ l.
Somente a Sé Apostólica pode estabelecer novos sacramentais ou interpretar
autenticamente os já existentes, abolir ou alterar neles alguma coisa.
§ 2. Na
realização ou administração dos sacramentais observem-se cuidadosamente as
fórmulas aprovadas pela autoridade da Igreja.
Cân. 1168
— Ministro dos sacramentais é o clérigo munido do devido poder; alguns
sacramentais, segundo as normas dos livros litúrgicos e a juízo do Ordinário do
lugar, podem também ser administrados por
leigos, dotados das qualidades devidas.
Agora vamos às citações da Liturgia do Ritual Romano que fala sobre as bênçãos, item 14 e 18:
14. Este modo pastoral de
considerar as bênçãos está em sintonia com as palavras do Concílio Ecumênico
Vaticano II: "A liturgia dos sacramentos e dos sacramentais faz com que,
para os fiéis que os celebram nas devidas disposições, quase todos os atos da
vida sejam santificados pela graça divina que emana do Mistério Pascal da
paixão, morte e ressurreição de Cristo, do qual todos os sacramentos e
sacramentais recebem o seu poder, e faz também com que o uso honesto de quase
todas as coisas materiais possa ordenar-se à santificação do homem e ao louvor
de Deus". Assim, com as celebrações das bênçãos, os homens dispõem-se para
receber o fruto superior dos sacramentos e são santificadas as diversas
circunstâncias da vida.
18. (...)Também os outros
Leigos, homens e mulheres, em virtude do sacerdócio comum de que foram
dotados no Batismo e na Confirmação - ou pelo próprio cargo (como os pais em
relação aos filhos), ou porque exercem um ministério extraordinário ou outras
funções peculiares na Igreja, como os religiosos ou os catequistas em
alguns lugares - a juízo do Ordinário do lugar, quando é reconhecida
a sua devida formação pastoral e a sua prudência no exercício do
próprio cargo, podem celebrar algumas bênçãos, com os ritos e fórmulas
para eles previstos, como se indica em cada uma das bênçãos.
(...)
IV. BÊNÇÃOS DAS CRIANÇAS
PRELIMINARES
135. Pode haver circunstâncias
pastorais em que se reze a Deus pelas crianças já batizadas, p.ex., quando
os pais pedem para elas a bênção do sacerdote, quando se celebram algumas
festas para as crianças, quando se inaugura o ano escolar e noutras
circunstâncias. Esta celebração, portanto, deve adaptar-se
às circunstâncias de cada caso.
136. As celebrações que aqui se
apresentam podem ser utilizadas por um sacerdote ou um diácono, ou também por
um leigo, principalmente pelo catequista ou aquele a quem está confiada a
educação das crianças, o qual seguirá os ritos e textos previstos para os
leigos.
(E o Ritual apresenta a seguir a fórmula da bênção, que leitura usar,
etc.)
Colocamos abaixo cópia das páginas 85 e 86 do livro
“A
cura pelos Sacramentos” de Dário Betancourt, onde o autor traz explicações
detalhados a respeito do uso do “óleo bento” como sacramental.
Muitos sarserdotes Católicos não
perceberam ainda que existe uma benção especial para o óleo, que não é nenhum
sacramento, mas trata-se de uma benção para azeite que se faz precisamente para
o uso diário da cura, e que as pessoas podem até levar consigo para casa e usar
para orar umas pelas outras. Da mesma forma que a água Benta, que é para uso
diário, lembra-nos a água do batismo, assim também esse óleo, um sacramental,
lembra-nos o sacramento da Unção. Observe-se que na oração de benção se fala
daqueles que vão usar esse óleo, e se assume que eles serão outras pessoas além
do sacerdote que os benze.
Nós, os católicos, poderíamos
recuperar o costume de orar pelos doentes, redescobrindo alguns dos meios que
existe a nosso alcance meios similares que foram descobertos através do estudo
profundo da epístola de Tiago e outros textos que fazem referência a curas.
Tudo o que nós católicos precisamos é de uma sólida instrução nessa matéria:
que os sacerdptes aprendam a respeito dessa oração do antigo Ritual Romano, que
podem utilizar para depois instruir melhor e com uma doutrina sadia, os
seculares. Sobre a maneira de usar o óleo e como orar pelos membros de suas
famílias, amigos, vizinhos de modo bastante simples.
Exsitem muitas outras bençãos nas
quais são bentos objetos para fins de cura e que procedem de Ordens e
Congregações religiosas. Nos atos dos Apóstolos, lemos que, por intermédio de São
Paulo, Deus operava milagres pouco comuns, de uma maneira que bastava, por
exemplo, que sobre os enfermos se aplicassem lenços e aventais que houvessem
tocado seu corpo, e se afastavam deles as doenças, e os espiritos maus saíam
(At 19, 11-12).
Sobre
esse óleo o Pe. Marcos Paraday, comenta: “Além dos três óleos que a igreja
reserva para a celebração dos sacramentos (Santo Crisma, Óleo dos Catecumenatos
e Óleo dos doentes), a igreja também reconhece o emprego do óleo bento para o
uso de todos os cristãos”. O papa Inocêncio I escreveu não apenas os
sacerdotes, mas todos os cristãos podem usar esse óleo para unção, quando eles
ou membros do seu lar tendem necessidade disso” (Cartas, 25,8).
Podemos
usar esse óleo dessa forma porque a igreja vê o óleo bento, assim como outros
objetos bentos (como a água benta) “como extensões e Irradiações dos
sacramentos” (ritual Romano p.387). Nesse sentido, assim como a água benta pode
ser usada para a fé batismal em relação a Jesus, o óleo bento pode ser usado
para renovar as unções recebidas nos sacramentos.
A Benção do óleo para a cura está reservada ao
bispo ou ao sacerdote. Seu uso como
sacramental entende-se indistintamente ao bispo, sacerdote, religiosos,
religiosas e aos leigos. A benção desse azeite encontra-se no Ritual Romano,
Título VIII, Cap. XIX.
BENÇÃO
DO ÓLEO
-
Nosso Auxilio está no nome do Senhor.
-
Que fez o céu e a terra.
Óleo,
criação de Deus, expulso para fora de ti o demônio, por Deus Pai Todo poderoso,
que fez o céu e a terra, o mar e tudo o que eles contêm. Que o poder do
adversário, as legiões do Diabo e todos os ataques e maquinações de Satanás
sejam dispersos e levados para longe desta criatura óleo. Que ele traga a saúde
à alma de todos os que o usam, em nome de Deus Pai Todo-poderoso, de Nosso
Senhor Jesus Cristo seu Filho e do Espirito Santo, O advogado, assim como no
Amor do mesmo Jesus Cristo. Nosso Senhor, que há de vir a julgar os vivos e os
mortos e o mundo pelo fogo.
-
Senhor, escuta a nossa oração.
-
E chegue a ti o nosso clamor.
-
O Senhor esteja contigo.
-
Ele está no meio de nós.
(BETANCOURT, Dário. A cura
pelos Sacramentos. 2ª ed. São Paulo: Loyola, 2002. Pg 85-86.)
* (Agradecimento especial à Cláudia Pinheiro que me enviou as páginas do livro para eu copiar).
O "óleo bento" que utilizo no meu "Kit" é azeite de oliva perfumado com alguma essência. Coloco em pequenos vidrinhos e peço ao padre para abençoar. Como o óleo bento é poderoso para "cura" e também era usado como "proteção nas batalhas", faço uma unção em forma de cruz na testa ou na palma da mão das crianças e jovens quando estes estão aflitos por algum motivo, com medo ou com alguma pequena dor. Também uso como "bênção de envio" em algumas celebrações catequéticas.
Os ingredientes para o óleo da unção, segundo a Bíblia:
Êxodo 30, 22-32
"22 Disse mais o SENHOR a Moisés: 23 Tu, pois, toma das mais excelentes especiarias: de mirra fluida quinhentos siclos, de cinamomo odoroso a metade, a saber, duzentos e cinqüenta siclos, e de cálamo aromático duzentos e cinqüenta siclos, 24 e de cássia quinhentos siclos, segundo o siclo do santuário, e de azeite de oliveira um him. 25 Disto farás o óleo sagrado para a unção, o perfume composto segundo a arte do perfumista; este será o óleo sagrado da unção.".
O total dos ingredientes para o óleo da unção, são cinco.
Cinco (5 representa a graça de Deus) ingredientes com óleo (frutos do Espírito –Gálatas
5, 22-23) da santa unção (ingredientes para a unidade).
Ingredientes para o óleo da unção:
* Mirra fluida = 500 siclos (6 kilos).
* Cinamomo (canela) odoroso = a metade, a saber 250 siclos (3 kilos).
* Cálamo (cana) aromático = 250 siclos (3 kilos).
* Cássia = 500 siclos (6 kilos).
* Azeite de oliveira = 1 him (4 litros).
Cada um destes ingredientes e suas porções (6 = o homem e suas limitações; 3 = divindade, Deus; 4 = o que é criado tem total dependência do Criador), têm um significado especial, o principal deles é o azeite de oliva, símbolo da unidade:
Prensa para azeitonas em Cafarnaum |
Em muitos lugares em Israel se pode observar as antigas prensas de azeitona. Uma pedra pesada era utilizada para exprimir as azeitonas e extrair seu azeite. O azeite extraído corria por um pequeno canal, caindo em um recipiente onde era recolhido e armazenado.
Uma azeitona é "uma só" antes de passar pela prensa. Ao passar já não é uma azeitona mas sim óleo misturado com muitas outras azeitonas. A unidade rompe (através da prensa de Deus), nosso individualismo levando-nos a ser um com nossos irmãos. Assim como a azeitona que se transforma em azeite (óleo), pela "prensa", nos transformamos de pessoas "individuais" para pessoas que vivem em união e cheias da unção do Espírito Santo.
Mirra: Renuncia e morte de si mesmo para obter e viver a unidade.
Canela: Valorizar a unidade por ser difícil de encontrar. É um presente entre os nobres.
Cálamo: Nossa vontade é triturada para então exalar a fragrância da unidade, trazendo restauração.
Cássia: Flexibilidade, humilhação, pedir perdão, desenvolvimento natural da comunhão.Todos esses quatros ingredientes + azeite = unidade.
Mas, para simplificar mais nossa vida, hoje encontramos nas casas de perfumes e essências, pequenos vidrinhos com essências já em óleo - que não precisam ser exatamente estas - para misturarmos ao azeite de oliva e criarmos nosso "óleo bento".
Ângela Rocha
Catequista
FONTES DE PESQUISA:
Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus. 2002.
BETANCOURT, Dário. A cura pelos Sacramentos. 2ª ed. São Paulo: Loyola, 2002. Pg 85-86.
Código de Direito Canônico. 10ª ed. São Paulo: Loyola, 1997.
Missal Romano. 9ª edição, São Paulo: Paulus, 2004.
Comentários Bíblicos - Norman Champlin.
Números na Bíblia - James Strong.
Números na Bíblia - James Strong.
2 comentários:
É azeite de oliva normal (que encontramos no supermercado) ou é um especifo?
Tem que ser azeite de oliva extra virgem orgânico
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