RESIGNAÇÃ0 NÃO É UMA VIRTUDE CRISTÃ
Na sua catequese desta quarta-feira, o
Papa deteve-se sobre aquela dimensão da esperança que é a espera
vigilante. O tema da vigilância – disse – é um dos fios condutores do Novo
Testamento. Com efeito, Jesus disse aos seus discípulos para estarem sempre prontos
como aqueles que esperam o patrão para lhe abrirem a porta. No tempo que segue
a ressurreição de Jesus em que se alternam momentos serenos e de angústia, os
cristãos não podem nunca relaxar-se. São como servos que nunca vão dormir
enquanto o patrão não voltar – disse o Papa que acrescentou:
“Este mundo
exige a nossa responsabilidade, e nós a assumimos completamente e com amor.
Jesus quer que a nossa existência seja laboriosa, que não diminuamos nunca a
vigilância, para acolher com gratidão e maravilha cada novo dia que nos é dado
pelo Senhor”
E o Papa recordou que cada manhã é uma
página branca que o cristão começa a escrever com boas obras. Já fomos salvos
pela redenção de Cristo, agora esperamos a plena manifestação da senhoria de
Cristo, quando finalmente Deus será tudo em todos. Nada é mais certo do que
este encontro marcado com o Senhor. Devemos estar prontos para a salvação que
vai chegar, prontos para o encontro.
“Já pensastes, vós, como será esse encontro com Jesus, quando Ele vier?
Mas será um abraço, uma alegria enorme, uma grande alegria! Devemos viver na
alegria deste encontro!”
O Papa recordou depois que o cristão
não é feito para o aborrecimento, mas sim para paciência, a perseverança, pois
que nada acontece em vão, nenhuma situação é completamente refrataria ao amor,
nenhuma noite é tão longa ao ponto de fazer esquecer a alegria da aurora. E
quanto mais escura é a noite, mais próxima é a aurora. Se permanecermos unidos
em Jesus, o frio dos momentos difíceis não nos paralisa e o futuro não será
nunca obscuro. O cristão sabe que nesse futuro haverá o retorno de Cristo.
Ninguém sabe quando será, mas só o facto de saber que no fim da nossa história
está Jesus Misericordioso, já é suficiente para termos confiança e não maldizer
a vida. Tudo será salvo, tudo – disse o Papa.
“Depois de ter conhecido Jesus, não podemos senão, escrutar a história com
confiança e esperança”.
Francisco comparou Jesus a uma casa em
que estamos e recomendou que não fechemos as janelas dessa casa, que não nos
fechemos em nós próprios, a não chorarmos o passado, mas a olharmos para a
frente, para um futuro que não é apenas obra das nossas mãos, mas antes de mais
uma preocupação constante da providencia de Deus. Tudo o que é opaco, um dia se
fará luz.
Deus nunca nos desilude – voltou a
sublinhar Francisco. Ele quer que todos os seres humanos sejam salvos, por
isso, não olhemos para a história com pessimismo como se fosse um comboio sem
controlo – disse o Papa, recordando que a resignação não é uma virtude cristã.
Assim como não é cristão levantar os ombros e baixar a cabeça perante um
destino que nos parece inelutável.
Jesus recomenda que O esperemos sem
estar de braços caídos. Não é a pessoa remissiva que dá esperança ao mundo –
disse Francisco:
“A pessoa remissiva, não é um construtor de paz, mas sim um preguiçoso,
uma pessoa que quer estar sempre cómoda. Enquanto que o cristão é construtor de
paz quando arrisca, quando tem a coragem de arriscar para trazer o bem, o bem
que Jesus nos deu, nos deu como um tesouro”
O Papa concluiu recomendando que
repitamos todos os dias da nossa vida aquela invocação (em aramaico) dos
primeiros discípulos: Maranathá, “Vem,
Senhor Jesus”. No nosso mundo não precisamos de mais nada senão de
uma carícia de Cristo. E que graça, se na nossa oração, nos dias difíceis desta
vida, sentirmos a sua voz que nos responde e nos dá segurança: “Eis, venho já”.
Depois da sua catequese, o Papa saudou
os fieis presente com traduções em sete línguas, entre os quais o português:
“Saúdo todos os peregrinos de do Brasil e de outros países de língua
portuguesa, particularmente os diversos grupos de sacerdotes, religiosos e
fiéis brasileiros residentes em Roma, que vieram a esta Audiência para dividir
a alegria pelo jubileu dos 300 anos de Nossa Senhora Aparecida, cuja festa se
celebra amanhã. A história dos pescadores que encontraram no Rio Paraíba do Sul
o corpo e depois a cabeça da imagem de Nossa Senhora, e que foram em seguida
unidos, nos lembra que neste momento difícil do Brasil, a Virgem Maria é um sinal
que impulsiona para a unidade construída na solidariedade e na justiça. Que
Deus lhes abençoe”.
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No final da audiência geral o Papa
recordou que a 13 de Outubro se conclui o centenário das últimas aparições
marianas em Fátima, e pediu que, especialmente neste mês de Outubro, se reze o
Santo Rosário pela paz no mundo:
“Na próxima sexta-feira, 13 de outubro, conclui-se o centenário das
últimas
aparições marianas em Fátima. Com o olhar voltado para a Mãe do Senhor e Rainha
das Missões, convido todos, especialmente neste mês de Outubro, a rezar o Santo
Rosário pela intenção da paz no mundo. Possa a oração dissuadir os ânimos mais
rebeldes, para que tirem a violência de seus corações, das suas palavras
e dos seus gestos, e construam comunidades não-violentas, que cuidem da
casa comum. Nada é impossível se nos dirigimos a Deus na oração. Todos podemos
ser construtores de paz”.
O Pontífice recordou que 13 de Outubro
é também Dia Internacional para a Redução dos Desastres Naturais:
“Renovo o meu premente apelo pela salvaguarda da criação, mediante uma
sempre mais atenta tutela e cuidado pelo ambiente. Encorajo, neste sentido, as
instituições e todos os que têm responsabilidade pública e social, a promover
sempre mais uma cultura que tenha como objectivo a redução da exposição aos
riscos e às calamidades naturais. As acções concretas, voltadas ao estudo e à
defesa da casa comum, possam reduzir progressivamente os riscos para as
populações mais vulneráveis”.
RADIOVATICANA.VA
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