Hoje, os dispositivos móveis
(celular, tablet, etc.), fazem parte da vida das crianças desde muito cedo. E é
uma parte muito “importante” da vida delas, funciona não só como meio de
comunicação, mas, como entretenimento, cuidado dos pais (vigilância e
segurança), meio de adquirir conhecimento, registrar fatos e eventos, meio de
fazer amigos e “estar” com estes amigos. É uma forma de interagir com o “mundo”
como nunca se viu antes. E isso torna possível hoje, conhecer mais de si
próprio e do outro pelo simples fato de que a rede nos dá outra perspectiva sobre
o tempo e o espaço. Pode-se estar em qualquer lugar, a qualquer hora. Ao
contrário do que se pensa, as relações estabelecidas por meios digitais não
substituem as do mundo real, e sim, as complementam.
Com relação à educação religiosa,
hoje existem aplicativos de jogos, vídeos, sites, blogs, músicas, enfim;
direcionados à formação cristã. Pode-se acessar a Bíblia pelo celular, a missa,
liturgia, orações; pode-se usar navegadores de busca para assuntos da catequese,
de religião e conhecimento bíblico e, sobretudo, pode-se ter relações de
amizade e companheirismo por meio das redes sociais e de “grupos” com as
pessoas que também estão na Igreja. Além disso, internet nos proporciona um
conhecimento e um acesso à informação que pode ser partilhado na catequese: quando
temos uma dúvida, não conhecemos um assunto ou queremos “comprovar” uma informação,
vivenciar fatos e notícias: podemos pesquisar na rede, visitar sites e comparar
informações. O catequista deve ser um mediador desse conhecimento e dessa
informação.
Não só os pais, mas, os próprios catequistas
precisam direcionar a criança a estabelecer uma “relação saudável” com seu
dispositivo móvel.
Com relação às crianças mais
novas, o uso do celular é mais restrito já que, quem o possui, normalmente não
tem acesso às redes sociais (ou não deveria ter). Os pequenos podem assistir
vídeos com historinhas e parábolas, joguinhos e se, os pais assim o permitirem
(e controlarem) usar as redes sociais como contato com os amigos. Mas, veja
bem, estes “contatos” precisam ser supervisionados sempre.
Mas, com os adolescentes a
conversa é outra! O celular e as redes sociais são uma extensão da vida deles. É
necessário interagir com o “mundo” deles: Conhecer jogos, aplicativos, músicas,
ídolos e redes sociais que eles acessam e gostam, antes de fazer qualquer
crítica ou proibição.
Assim, o catequista deve
aproveitar justamente isso: a “sociabilidade” do celular e o contato mais
estreito com adolescentes e jovens. Ter os catequizandos em seus “contatos” e
como “amigos” nas redes é imprescindível. O contato via “whatsapp” por exemplo,
é um excelente meio de se fazer um “pós” encontro e até mesmo um “extra”
encontro, conversar sobre o que se viu e de que forma isso se aplica na vida
cotidiana. Criar grupos para discussão, além dos tradicionais recados, é uma
forma de interagir e praticar o “fé-vida”, objetivo também da catequese.
Evidentemente que cuidados
precisam ter tomados. Com relação à presença das crianças nas redes, nos
deparamos com duas realidades preocupantes: a imaturidade das crianças que não
sabem que o que fazem na internet tem consequências na realidade física; e pais
que não dão a devida importância ao mundo digital. Acham que é algo passageiro,
da “moda”: não é! A internet veio para ficar e tornar-se cada vez mais uma
interconexão com a realidade. As crianças precisam ser educadas para os perigos
da rede: pessoas mal-intencionadas, o perigo do vício e a “fuga” daquilo que é
preciso viver de modo “real” e físico. Pais precisam ter consciência de que,
assim como no mundo “real” em que vivemos, eles precisam cuidar dos filhos no
mundo digital também e, não raras vezes, trazê-los “de volta” ao mundo mais
real, físico, ao cotidiano: alimentar-se, praticar atividades físicas,
conversar “olho no olho”, brincar, se encontrar com os amigos (fisicamente),
dar um abraço, um aperto de mão.
O que os pais (e os catequistas!)
devem fazer, é não ficar alheios ao que os filhos fazem na internet. É preciso
compartilhar conhecimento e informação e isso pode ser feito de forma
diversificada: fotos no Instagram, vídeos, torpedos, mensagens formato Twitter,
Facebook, Whatsapp, etc. A presença dos pais deve ser oportuna e segura. Sem
imposição, mas, educando para o bem e para o que é bom, formando consciência
crítica nos jovens. Pais precisam ser “contato” dos filhos nas redes sociais! Precisam
ser “amigos” digitais dos filhos. Precisam estar à frente dos filhos nas
questões tecnológicas, participando, se informando e vivendo junto com os
filhos a experiência de “estar conectado à Internet”; e os filhos precisam ter
limites e serem exaustivamente informados dos riscos e dos problemas que
acontecem nesse mundo “paralelo”, o mundo digital. Assim com o no mundo “real”,
existem perigos enormes no mundo digital.
Os catequistas precisam, assim
como os pais, estar “antenados” nesse mundo midiático que está aí. Não dá para
ficar alheio e “proibir” o uso do celular nos encontros. Guardar o celular em
determinados momentos, precisa ser uma escolha e não uma imposição. O
catequista precisa saber do que crianças, adolescentes e jovens gostam e o que
fazem na rede. Não é preciso ser um “expert” em tecnologia, mas, é preciso, no
mínimo ter um celular com acesso à rede... rsrsrsr. Pode-se integrar os temas
dos encontros aos meios digitais: fazer pequenos vídeos, incentivar o uso dos
buscadores para pesquisa, aplicativos religiosos: Bíblia, liturgia, oração,
etc. Criar grupos no Facebook, Whatsapp, etc.
Outra coisa que o catequista
precisa - de forma urgente eu diria – é se tornar um “catequista na rede”. Ser
um exemplo para catequizandos e suas famílias, dar testemunho de sua missão,
ser uma referência a seus contatos e a todas as pessoas que possa atingir com
suas publicações. O catequista não pode ser “um” na Igreja e “outro” nas redes
sociais. E precisa pensar também que o “mundo” digital, é um mundo para se
catequizar e evangelizar. E não é só fazendo citações bíblicas ou publicando o
Evangelho do dia, que se faz isso. É “vivendo” tudo que um cristão deve viver:
tendo discernimento em seus comentários, publicando fotos do que faz e do que
acredita, evitando compartilhar publicações pejorativas e de baixo nível, “sendo”
o mesmo catequista que é na sala da catequese: um profeta do anúncio e da
denúncia, mas, sem ferir a ninguém.
O que todos nós, que de alguma
forma somos educadores - sejam catequistas, pais ou professores - precisamos
nos dar conta é que, a rede não é um simples "instrumento" de
comunicação que se pode usar. Ela evoluiu para o que podemos chamar de “mundo”
paralelo, um espaço onde muitas pessoas habitam, um ambiente cultural que
determina estilos de pensamento e cria novos territórios e novas formas de
educação. E dessa forma precisamos buscar novas formas de estimular conhecimento
e estreitar relações. Precisamos “habitar” esse mundo e também organizá-lo. Não
é, portanto, um ambiente separado da vida “real”, mas, ao contrário, está
sempre mais integrado e conectado com aquilo que vivemos na nossa vida
cotidiana. Os jovens mostram que se pode viver perfeitamente estas duas
realidades: física e digital. Precisamos aprender com eles. Precisamos aprender
a ser missionários, solidários e evangelizadores, também, nos meios digitais.
Ângela Rocha
Catequista e Administradora do Grupo "Catequistas em Formação".
“Os católicos precisam ser
"cidadãos digitais”, construtivos ao usar a internet, que é um ‘dom de
Deus’, para manifestar a solidariedade. A Internet pode oferecer mais
possibilidades de reencontro e de solidariedade entre todos, o que é uma coisa
boa. A Igreja deve empenhar-se para levar ao homem ferido, pela via digital, o
óleo e o vinho: Que a nossa comunicação seja um óleo perfumado para a dor e um
bom vinho para a alegria! ”
(Papa Francisco – 23/01/2014)
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