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terça-feira, 17 de outubro de 2017

COMO OS DISPOSITIVOS MÓVEIS PODEM AUXILIAR NO PROCESSO DE FORMAÇÃO CRISTÃ DAS CRIANÇAS?


Hoje, os dispositivos móveis (celular, tablet, etc.), fazem parte da vida das crianças desde muito cedo. E é uma parte muito “importante” da vida delas, funciona não só como meio de comunicação, mas, como entretenimento, cuidado dos pais (vigilância e segurança), meio de adquirir conhecimento, registrar fatos e eventos, meio de fazer amigos e “estar” com estes amigos. É uma forma de interagir com o “mundo” como nunca se viu antes. E isso torna possível hoje, conhecer mais de si próprio e do outro pelo simples fato de que a rede nos dá outra perspectiva sobre o tempo e o espaço. Pode-se estar em qualquer lugar, a qualquer hora. Ao contrário do que se pensa, as relações estabelecidas por meios digitais não substituem as do mundo real, e sim, as complementam.

Com relação à educação religiosa, hoje existem aplicativos de jogos, vídeos, sites, blogs, músicas, enfim; direcionados à formação cristã. Pode-se acessar a Bíblia pelo celular, a missa, liturgia, orações; pode-se usar navegadores de busca para assuntos da catequese, de religião e conhecimento bíblico e, sobretudo, pode-se ter relações de amizade e companheirismo por meio das redes sociais e de “grupos” com as pessoas que também estão na Igreja. Além disso, internet nos proporciona um conhecimento e um acesso à informação que pode ser partilhado na catequese: quando temos uma dúvida, não conhecemos um assunto ou queremos “comprovar” uma informação, vivenciar fatos e notícias: podemos pesquisar na rede, visitar sites e comparar informações. O catequista deve ser um mediador desse conhecimento e dessa informação.

Não só os pais, mas, os próprios catequistas precisam direcionar a criança a estabelecer uma “relação saudável” com seu dispositivo móvel.

Com relação às crianças mais novas, o uso do celular é mais restrito já que, quem o possui, normalmente não tem acesso às redes sociais (ou não deveria ter). Os pequenos podem assistir vídeos com historinhas e parábolas, joguinhos e se, os pais assim o permitirem (e controlarem) usar as redes sociais como contato com os amigos. Mas, veja bem, estes “contatos” precisam ser supervisionados sempre.
Mas, com os adolescentes a conversa é outra! O celular e as redes sociais são uma extensão da vida deles. É necessário interagir com o “mundo” deles: Conhecer jogos, aplicativos, músicas, ídolos e redes sociais que eles acessam e gostam, antes de fazer qualquer crítica ou proibição.

Assim, o catequista deve aproveitar justamente isso: a “sociabilidade” do celular e o contato mais estreito com adolescentes e jovens. Ter os catequizandos em seus “contatos” e como “amigos” nas redes é imprescindível. O contato via “whatsapp” por exemplo, é um excelente meio de se fazer um “pós” encontro e até mesmo um “extra” encontro, conversar sobre o que se viu e de que forma isso se aplica na vida cotidiana. Criar grupos para discussão, além dos tradicionais recados, é uma forma de interagir e praticar o “fé-vida”, objetivo também da catequese.

Evidentemente que cuidados precisam ter tomados. Com relação à presença das crianças nas redes, nos deparamos com duas realidades preocupantes: a imaturidade das crianças que não sabem que o que fazem na internet tem consequências na realidade física; e pais que não dão a devida importância ao mundo digital. Acham que é algo passageiro, da “moda”: não é! A internet veio para ficar e tornar-se cada vez mais uma interconexão com a realidade. As crianças precisam ser educadas para os perigos da rede: pessoas mal-intencionadas, o perigo do vício e a “fuga” daquilo que é preciso viver de modo “real” e físico. Pais precisam ter consciência de que, assim como no mundo “real” em que vivemos, eles precisam cuidar dos filhos no mundo digital também e, não raras vezes, trazê-los “de volta” ao mundo mais real, físico, ao cotidiano: alimentar-se, praticar atividades físicas, conversar “olho no olho”, brincar, se encontrar com os amigos (fisicamente), dar um abraço, um aperto de mão.


O que os pais (e os catequistas!) devem fazer, é não ficar alheios ao que os filhos fazem na internet. É preciso compartilhar conhecimento e informação e isso pode ser feito de forma diversificada: fotos no Instagram, vídeos, torpedos, mensagens formato Twitter, Facebook, Whatsapp, etc. A presença dos pais deve ser oportuna e segura. Sem imposição, mas, educando para o bem e para o que é bom, formando consciência crítica nos jovens. Pais precisam ser “contato” dos filhos nas redes sociais! Precisam ser “amigos” digitais dos filhos. Precisam estar à frente dos filhos nas questões tecnológicas, participando, se informando e vivendo junto com os filhos a experiência de “estar conectado à Internet”; e os filhos precisam ter limites e serem exaustivamente informados dos riscos e dos problemas que acontecem nesse mundo “paralelo”, o mundo digital. Assim com o no mundo “real”, existem perigos enormes no mundo digital.

Os catequistas precisam, assim como os pais, estar “antenados” nesse mundo midiático que está aí. Não dá para ficar alheio e “proibir” o uso do celular nos encontros. Guardar o celular em determinados momentos, precisa ser uma escolha e não uma imposição. O catequista precisa saber do que crianças, adolescentes e jovens gostam e o que fazem na rede. Não é preciso ser um “expert” em tecnologia, mas, é preciso, no mínimo ter um celular com acesso à rede... rsrsrsr. Pode-se integrar os temas dos encontros aos meios digitais: fazer pequenos vídeos, incentivar o uso dos buscadores para pesquisa, aplicativos religiosos: Bíblia, liturgia, oração, etc. Criar grupos no Facebook, Whatsapp, etc.
Outra coisa que o catequista precisa - de forma urgente eu diria – é se tornar um “catequista na rede”. Ser um exemplo para catequizandos e suas famílias, dar testemunho de sua missão, ser uma referência a seus contatos e a todas as pessoas que possa atingir com suas publicações. O catequista não pode ser “um” na Igreja e “outro” nas redes sociais. E precisa pensar também que o “mundo” digital, é um mundo para se catequizar e evangelizar. E não é só fazendo citações bíblicas ou publicando o Evangelho do dia, que se faz isso. É “vivendo” tudo que um cristão deve viver: tendo discernimento em seus comentários, publicando fotos do que faz e do que acredita, evitando compartilhar publicações pejorativas e de baixo nível, “sendo” o mesmo catequista que é na sala da catequese: um profeta do anúncio e da denúncia, mas, sem ferir a ninguém.

O que todos nós, que de alguma forma somos educadores - sejam catequistas, pais ou professores - precisamos nos dar conta é que, a rede não é um simples "instrumento" de comunicação que se pode usar. Ela evoluiu para o que podemos chamar de “mundo” paralelo, um espaço onde muitas pessoas habitam, um ambiente cultural que determina estilos de pensamento e cria novos territórios e novas formas de educação. E dessa forma precisamos buscar novas formas de estimular conhecimento e estreitar relações. Precisamos “habitar” esse mundo e também organizá-lo. Não é, portanto, um ambiente separado da vida “real”, mas, ao contrário, está sempre mais integrado e conectado com aquilo que vivemos na nossa vida cotidiana. Os jovens mostram que se pode viver perfeitamente estas duas realidades: física e digital. Precisamos aprender com eles. Precisamos aprender a ser missionários, solidários e evangelizadores, também, nos meios digitais.

Ângela Rocha
Catequista e Administradora do Grupo "Catequistas em Formação".

 “Os católicos precisam ser "cidadãos digitais”, construtivos ao usar a internet, que é um ‘dom de Deus’, para manifestar a solidariedade. A Internet pode oferecer mais possibilidades de reencontro e de solidariedade entre todos, o que é uma coisa boa. A Igreja deve empenhar-se para levar ao homem ferido, pela via digital, o óleo e o vinho: Que a nossa comunicação seja um óleo perfumado para a dor e um bom vinho para a alegria! ”


(Papa Francisco – 23/01/2014)

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