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sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

A MISSA PRECISA COMEÇAR NOS ENCONTROS


E por falar em catequese...
Ângela Rocha

Durante muito tempo na catequese, a LITURGIA, esteve dissociada da nossa realidade

Explico: Os conteúdos da catequese priorizavam mais a "doutrina" da Igreja. ou seja, o "ensino" era mais do catecismo do que propriamente da "mensagem" que Jesus deixou com seus ensinamentos. A ideia era que cada um recebesse os sacramentos em um tempo específico, sem, contudo, observar a "conversão" de cada um. Partia-se do pressuposto de que todos nasciam em uma família cristã, logo, sabiam o que se espera deles na Igreja e na vida em comunidade.

Bom, aqui cabe um parêntese: Será que ainda não se pensa assim nos dias de hoje?

A partir do Concílio Vaticano II, surgiram vários "movimentos" por parte da Igreja no sentido de tornar a catequese mais de "iniciação" à vida cristã e menos voltada aos sacramentos. Documentos e exortações do Papa, o Diretório Geral para a Catequese e muitos outros documentos vieram falando da “iniciação” e não mais da catequese com vistas ao sacramento. A Bíblia passa a ser “o” documento da catequese e não mais o catecismo, e a liturgia passa a ter importância também nos encontros catequéticos. “Mistagogia” passa a ser uma palavra comum na catequese de iniciação.

E uma catequese de iniciação precisa de "celebração", de mistagogia (celebrar o mistério da fé). Despertar os “sentidos" da pessoa, mais que a razão, onde para se viver a fé é necessário envolvimento nesse mistério. Mas, ainda assim nossa catequese parece não ter conseguido "internalizar" isso. Vê-se pela enorme "dificuldade" que quase todos os catequistas nos relatam em "levar" seus catequizandos a uma missa.

E – é quase unânime – que vamos culpar os pais: "que não levam", "que não dão exemplo", que não participam da catequese dos filhos...

Vamos então esmiuçar esta questão.

Em primeiro lugar, a missa (liturgia) não é "exemplo", “costume”, “hábito” como o foi em eras passada. E nem muito menos um compromisso "social". A missa é a "celebração da fé". Que nada mais é do que a celebração "da vida"! É uma "necessidade" espiritual, jamais uma imposição e nunca a sua “falta” deve ser lida como um “pecado”.

Enfim, nós temos uma missão na catequese, além de ensinar "conteúdos", precisamos ensinar os “mistérios” da fé. Precisamos não “ensinar” liturgia, mas, VIVER a liturgia. Precisamos ensinar a CELEBRAR! Estamos vivos! Fomos salvos pelo sacrifício amoroso de cristo. Nossa catequese deve CRISTOCÊNTRICA e não doutrinal ou devocional.

E celebrar começa pela vida, pelo nosso cotidiano, pelas pequenas coisas que vivemos. Um dia lindo de sol, a chuva que rega a terra, a beleza da natureza colocada à disposição do homem, a água que alivia a sede, a luz que ilumina a escuridão, o pão que sacia a fome... Se não ensinamos nossas crianças a "celebrar", a "festejar" a vida, eles nunca entenderão porque precisam ir à missa.

Então é isso: a "Celebração" precisa começar nos encontros! E cada etapa/fase tem os seus momentos. Como fazer isso, é uma questão de planejamento. O que precisamos celebrar nos encontros para que nossos catequizandos sintam a necessidade de celebrar com a comunidade também? Usar símbolos, usar os sentimentos, mesmo aquilo que não se pode tocar pode ser simbolizado. Somos despertados para a vida e todas as coisas ao nosso redor, pelos nossos sentidos: o olhar, o ouvir, sentir o toque, o perfume.

Por que não usar isso em celebrações catequéticas? Que podem ser feitas a cada etapa “vencida”, a cada novo compromisso: o perdão, a bondade, o amor, a caridade...

Ângela Rocha
Catequista 

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