E por falar em catequese...
Ângela Rocha
Durante muito tempo na catequese, a LITURGIA, esteve
dissociada da nossa realidade.
Explico: Os conteúdos da
catequese priorizavam mais a "doutrina" da Igreja. ou seja, o
"ensino" era mais do catecismo do que propriamente da
"mensagem" que Jesus deixou com seus ensinamentos. A ideia era que
cada um recebesse os sacramentos em um tempo específico, sem, contudo, observar
a "conversão" de cada um. Partia-se do pressuposto de que todos
nasciam em uma família cristã, logo, sabiam o que se espera deles na Igreja e
na vida em comunidade.
Bom, aqui cabe um parêntese: Será que ainda não se pensa assim
nos dias de hoje?
A partir do Concílio Vaticano II, surgiram vários "movimentos"
por parte da Igreja no sentido de tornar a catequese mais de
"iniciação" à vida cristã e menos voltada aos sacramentos. Documentos
e exortações do Papa, o Diretório Geral para a Catequese e muitos outros
documentos vieram falando da “iniciação” e não mais da catequese com vistas ao
sacramento. A Bíblia passa a ser “o” documento da catequese e não mais o
catecismo, e a liturgia passa a ter importância também nos encontros
catequéticos. “Mistagogia” passa a ser uma palavra comum na catequese de
iniciação.
E uma catequese de iniciação precisa de "celebração", de
mistagogia (celebrar o mistério da fé). Despertar os “sentidos" da pessoa,
mais que a razão, onde para se viver a fé é necessário envolvimento nesse
mistério. Mas, ainda assim nossa catequese parece não ter conseguido
"internalizar" isso. Vê-se pela enorme "dificuldade" que
quase todos os catequistas nos relatam em "levar" seus catequizandos
a uma missa.
E – é quase unânime – que vamos culpar os pais: "que não
levam", "que não dão exemplo", que não participam da catequese
dos filhos...
Vamos então esmiuçar esta questão.
Em primeiro lugar, a missa (liturgia) não é "exemplo",
“costume”, “hábito” como o foi em eras passada. E nem muito menos um
compromisso "social". A missa é a "celebração da fé". Que
nada mais é do que a celebração "da vida"! É uma
"necessidade" espiritual, jamais uma imposição e nunca a sua “falta”
deve ser lida como um “pecado”.
Enfim, nós temos uma missão na catequese, além de ensinar
"conteúdos", precisamos ensinar os “mistérios” da fé. Precisamos não
“ensinar” liturgia, mas, VIVER a liturgia. Precisamos ensinar a CELEBRAR!
Estamos vivos! Fomos salvos pelo sacrifício amoroso de cristo. Nossa catequese
deve CRISTOCÊNTRICA e não doutrinal ou devocional.
E celebrar começa pela vida, pelo nosso cotidiano, pelas pequenas coisas
que vivemos. Um dia lindo de sol, a chuva que rega a terra, a beleza da
natureza colocada à disposição do homem, a água que alivia a sede, a luz que
ilumina a escuridão, o pão que sacia a fome... Se não ensinamos nossas crianças
a "celebrar", a "festejar" a vida, eles nunca entenderão
porque precisam ir à missa.
Então é isso: a
"Celebração" precisa começar nos encontros! E cada etapa/fase tem
os seus momentos. Como fazer isso, é uma questão de planejamento. O que
precisamos celebrar nos encontros para que nossos catequizandos sintam a
necessidade de celebrar com a comunidade também? Usar símbolos, usar os
sentimentos, mesmo aquilo que não se pode tocar pode ser simbolizado. Somos
despertados para a vida e todas as coisas ao nosso redor, pelos nossos sentidos:
o olhar, o ouvir, sentir o toque, o perfume.
Por que não usar isso em celebrações catequéticas? Que podem ser feitas
a cada etapa “vencida”, a cada novo compromisso: o perdão, a bondade, o amor, a
caridade...
Ângela Rocha
Catequista
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