5º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO B
Jó é o ícone do sofrimento. Apesar de sua fidelidade a Deus, não ficou imune a dor: “Não é acaso uma luta a vida do homem sobre a terra?” A dor é uma realidade humana, faz parte da nossa vida independente de nossas escolhas. Hoje se difunde a teologia da prosperidade, quando se realiza uma troca com Deus: fidelidade gera ausência da dor. Esta posição foi combatida pelo livro de Jó.
Podemos ver o sofrimento como um
castigo ou como uma oportunidade. Podemos colocar a nossa dor no altar de Deus
ou no altar do diabo: do altar de Deus vem a paciência, as lições, a fortaleza,
o consolo como nos diz o Salmista (“Ele é bom e conforta os corações”); do
altar do diabo vem a revolta. Do sofrimento de Jó brotou uma prece:
“Lembra-te”. Diante da dor, resta-nos a confiança que nos faz pedir para que o
Senhor não se esqueça de seus filhos.
O sofrimento não é assunto resolvido no Antigo Testamento. É Jesus que revela o sentido da dor humana. Ele que carregou sobre si as nossas dores e foi homem experimentado nas adversidades humanas. Jesus assume a nossa dor, portanto, tem um coração sintonizado, solidário com nossas dores: mostra que conhece a dor do ser humano por dentro, e não é indiferente a ela. Esta compaixão move Jesus para ir ao encontro dos sofridos. O Senhor Jesus vive o princípio proclamado por São Paulo “Fiz-me tudo para todos para salvar alguns”. Jesus se fez doente para curar os feridos, experimentou as limitações humanas para ter compaixão de todos os que sofrem.
A cura da sogra de Pedro é apenas um
sinal, pois só no fim dos tempos ele acabará com toda dor. As curas são
antecipações do que virá: o mundo sem males e sem dores. O Reino prometido já é
realizado, mas ainda está por vir. Jesus não veio para resolver todos os
problemas de saúde de Cafarnaum ou da Galiléia. Quando o procuram porque
encontraram uma espécie de curandeiro, Jesus os deixa e vai a outros lugares,
pois não pode se prender à vontade egoísta das pessoas: “Vamos a outros
lugares, às aldeias da redondeza!” Jesus deixa claro que não deseja atender os
desejos da multidão, que seu principal objetivo não é a popularidade, como
muitos dos ministros cristãos. Ele prefere o ministério da ausência, ou seja, a
fuga estratégica que cria a possibilidade de que a presença tenha sentido;
também prioriza os momentos de solidão e silêncio que o alimentam para que
possa seguir em sua missão de realização da vontade do Pai. Por fim, a fuga de
Jesus significa sua missionariedade: Ele vai em busca de todos, não prioriza os
mais agradáveis, os mais ricos, os mais fáceis. É o missionário do Pai, e precisa
ir outros lugares.
São Paulo, na 2ª leitura, fala do prazer e da gratuidade em pregar o Evangelho. Também se reconhece como missionário que não se prende por desejos humanos, a exemplo de Jesus. Mereceria salário, mas não quer ser peso para a comunidade, nem escandalizar. Sua vida não é movida por dinheiro, pois existem verdadeiras motivações que o fazem evangelizar.
Algumas perguntas importantes diante dos textos deste domingo: quais são as dores que mais oprimem a minha alma? Como é minha reação diante da dor? O que espero de Deus: cura milagrosa ou fortaleza? Desejo que Deus atenda meus desejos egoístas ou estou aberto para que a vontade de Deus seja realizada?
Pe
Roberto Nentwig
Arquidiocese de Curitiba-PR
FONTE:
NENTWIG,
Roberto. O Vosso Reino que também é nosso. Reflexões Homiléticas, Ano B.
Curitiba; Editora Arquidiocesana, 2015. Pg. 79.
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