SÉRIE: Catequese de Adultos
Aproximadamente 350 anos d.C., a
Igreja começou a organizar uma preparação muito cuidadosa para o Batismo: o catecumenato. Os catecúmenos deviam
passar por um longo período de preparação. Durante dois ou três anos deviam frequentar
fielmente a catequese, depois, deviam comprometer-se a levar uma vida honesta e
fiel à Igreja para mostrar que seu desejo de se tornar cristão era sincero.
Cada comunidade celebrava os
batizados somente urna vez durante o ano, na noite da Páscoa. Era a famosa
Vigília Sagrada, da qual falava Tertuliano, transcorrida na oração e na
meditação da Palavra de Deus e concluída pela manhã, com a celebração
eucarística, da qual participavam, pela primeira vez, também os
recém-batizados.
Sendo que a celebração do batismo
constituía a parte central da cerimônia da noite da Páscoa, a Quaresma assumia uma importância
especial para os catecúmenos. Para eles constituía a última etapa antes de
receber esse sacramento (Tempo da Iluminação e Purificação no processo
catecumenal).
Durante esses 40 dias, eles
recebiam a catequese todos os dias. Quem os instruía não era um catequista
qualquer, mas o próprio Bispo. Durante esse período participavam também de
muitas cerimônias e tinham algumas reuniões, nas quais eram submetidos a
“exames” (escrutínios). Verificava-se se tinham assimilado as verdades
fundamentais da fé e avaliava-se se a vida deles era coerente com aquilo que
professavam.
O encontro mais importante tinha
lugar na quarta-feira da quarta semana. Era chamado “o grande exame” ou
escrutínio. Nesse dia — dizia-se — “eram abertos os ouvidos”, porque a eles
eram ensinados o “Creio” e o “Pai-nosso”, que constituem a síntese de toda a
doutrina cristã, (razão do Rito do “Éfeta” ou “abra-se”). Se não tivermos
presente que a Quaresma devia servir como preparação aos catecúmenos, não
conseguiremos entender plenamente o conteúdo das leituras deste período
litúrgico.
Os escrutínios, solenemente celebrados aos domingos, t~em em vista o duplo fim de descobrir o que houver de imperfeito, fraco e mau no coração dos eleitos, para curá-los; e o que houver de bom, forte, santo, para consolidá-lo. Os escrutínios são orientados para libertar do pecado e do demônio e confirma no Cristo, que é o caminho, a verdade e a vida dos eleitos.
As entregas, pelas quais a Igreja confia aos eleitos os antigos documentos da fé e da oração, isto é, o Símbolo (Credo) e a Oração do Senhor (Pai Nosso), visam a sua iluminação. No símbolo, que recorda as maravilhas realizadas por Deus para a salvação dos homens, o olhar dos catecúmenos se enchem de fé e alegria. Na Oração do Senhor, percebem melhor o novo espírito de filhos pelo qual, sobretudo na reunião eucarística, darão a Deus o nome de Pai.
Os textos bíblicos de fato foram
escolhidos sobretudo para aqueles que se preparam para o batismo (falam da água,
da luz, da fé, da cegueira, da unção com o óleo, da renúncia ao pecado, da
vitória de Cristo sobre a morte...).
Os catecúmenos são como filhos
que estão para nascer. A mãe (que é a Igreja, isto é, a comunidade) lhes
dedica toda a sua atenção. “Prepara” o alimento da palavra de Deus
especialmente para eles, para o seu paladar, para as suas necessidades. E toda
a comunidade é convidada a comungar espiritualmente com eles, orando e
acompanhado as celebrações. A eles é proporcionada a oportunidade para meditar
sobre as verdades fundamentais da própria fé e sobre os compromissos (às vezes
um pouco esquecidos) assumidos no dia do próprio batismo.
Ângela Rocha
(Texto adaptado)
RICA - Ritual de Iniciação Cristã de Adultos.
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