HOMILIA DO DOMINGO: REINO
DE DEUS, ACREDITAR É PARTICIPAR DELE
Jesus veio por causa de um
mundo novo que começa a ser preparado aqui e está em pleno final dos tempos.
Este mundo novo depende de uma maneira nova de ver as coisas e de se relacionar
com as pessoas. O nome deste mundo é Reino de Deus. Jesus não só trouxe esta
novidade, mas toda a prática e as palavras dEle levaram as pessoas a ter fé no
Reino e a se alegrar com a sua chegada. Quem se encontra com Jesus passa a ver
o mundo com esperança.
Vivemos entre o mistério da
iniquidade e o mistério da presença do Reino. Quando o mistério da iniquidade
ganha visibilidade, parece que o Reino é uma utopia (no sentido etimológico =
um auge que não se alcança). Vemos o terrorismo, a violência, o crime, a
corrupção, o egoísmo, a inveja. Presenciamos a força do pecado, a falta de
compreensão, os limites das pessoas que, por sua vez, não correspondes às
nossas expectativas. Experimentamos os dramas da vida: a solidão, a carência, a
angustia. Às vezes, não parece razoável acreditar que tudo pode dar certo.
As parábolas de Jesus
apontam para uma esperança que se contrapõe aos desânimos humanos. O Evangelho
nos diz que o Reino começa pequeno, humilde. Depois cresce e se torna uma
árvore frondosa. Mesmo que não haja evidências para acreditar Nele, Ele está
presente. Para se acolher esta realidade é necessário o olhar da fé.
O Reino de Deus é uma
iniciativa divina: é Deus que age no silêncio da noite, no tumulto do dia a dia
ou nas adversidades da história para que o Reino aconteça. Não adianta forçar o
tempo ou os resultados, pois é Deus que dirige a marcha da história e fará com
que o Reino seja pleno. É uma graça, um dom. Ele é o dono da história. Por
isso, não nos desesperemos, pois Ele sabe o que faz com ela.
Acreditar no Reino também significa
participar dele. Há no Evangelho um convite implícito para se comprometer em torna-lo
cada vez mais presente no mundo, deixando-nos guiar pelo impulso do Espírito
Santo. Tudo o que podemos realizar de bom neste mundo é uma semente do Reino
plantada. Nossas renúncias, nossas atitudes de gratuidade, nosso compromisso
com a justiça e com a paz, nossas atitudes de compaixão para com o próximo, nosso
anúncio explícito do amor de Deus, nossas atividades pastorais. Tudo isso é uma
centelha de vida colhida para a eternidade. Até mesmo as iniciativas que
aparentemente são insignificantes carregam dentro de si um mistério de
salvação, um pequeno embrião do Reino.
Cada gesto fará sentido no
juízo final, quando comparecermos de cara
limpa diante do Senhor (segunda leitura). Então, Deus irá nos colocar diante
de toda história do mundo, apresentando-nos as consequências dos atos
individuais dentro de uma complexa trama de relações na qual se construiu o
tempo. “Essa manifestação não torna público, como poderia parecer, o que era
privado. Mostra a profunda vinculação que toda pessoa possui como um todo. Ninguém
é uma ilha. Uma comunhão profunda e mística nos une a tudo, pela raiz da vida,
do átomo material aos seres espirituais. Nosso bem e nosso mal, a partir do
núcleo pessoal e responsável, se comunicaram com a globalidade da criação”.
O plano de Deus é o reverso
da realidade que se apresenta – está cheia de ambiguidades. Somente no fim da
história Deus revelará tudo o que ficou obscuro. Quando pudermos ver Deus face
a face (cf. 1Cor 13, 12), Ele mostrará com clareza a maldade do mundo e a
bondade infinita do seu plano de amor. O juízo de Deus manifesta que a história
tem sentido, pois haverá um desfecho final repleto de gratuidade que enche tudo
de beleza. Então surgirá a plenitude do Reino de amor, misericórdia, festa,
alegria, shalom.
Pe Roberto Nentwig
Arquidiocese de
Curitiba - PR
FONTE:
NENTWIG, Roberto. O Vosso Reino que também é nosso. Reflexões Homiléticas - Ano B. Curitiba; Editora Arquidiocesana, 2015. pg. 79.
NENTWIG, Roberto. O Vosso Reino que também é nosso. Reflexões Homiléticas - Ano B. Curitiba; Editora Arquidiocesana, 2015. pg. 79.
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