HOMILIA: 13° DOMINGO DO
TEMPO COMUM
SÃO PEDRO E SÃO PAULO
APÓSTOLOS
Popularmente, a
festa de hoje é chamada o Dia do Papa, sucessor de Pedro. Mas não podemos
esquecer que ao lado de Pedro é celebrado também Paulo, o Apóstolo, ou seja,
missionário, por excelência. No evangelho, o apóstolo Simão responde pela fé de
seus irmãos. Por isso, Jesus lhe dá o nome de Pedro. Este nome é uma vocação:
Simão deve ser a “pedra” (rocha) que deve dar solidez à comunidade de Jesus
(cf. Lc 22,32). Esta “nomeação” vai acompanhada de uma promessa: as “portas”
(cidade, reino) do inferno não poderão nada contra a Igreja, que é uma
realização do reino “dos Céus” (= de Deus). A 1ª leitura ilustra essa promessa:
Pedro é libertado da prisão pelo anjo do Senhor. Pedro aparece, assim, como o
fundamento institucional da Igreja.
Paulo aparece mais
na qualidade de fundador carismático. Sua vocação se dá na visão de Cristo no
caminho de Damasco: de perseguidor, ele se transforma em apóstolo e realiza,
mais do que os outros apóstolos inclusive, a missão que Cristo lhes deixou, de
serem suas testemunhas até os extremos da terra (At 1,8). Apóstolo dos pagãos,
Paulo torna realidade a universalidade da Igreja, da qual Pedro é o guardião. A
2ª leitura é o resumo de sua vida de plena dedicação à evangelização entre os
pagãos, nas circunstâncias mais difíceis: a palavra tinha que ser ouvida por
todas as nações (v. 17). Não esconder a luz de Cristo para ninguém! O mundo em
que Paulo se movimentava estava dividido entre a religiosidade rígida dos
judeus farisaicos e o mundo pagão, cambaleando entre a dissolução moral e o
fanatismo religioso. Neste contexto, o apóstolo anunciou o Cristo Crucificado
como sendo a salvação: loucura para os gregos, escândalo para os judeus, mas
alegria verdadeira para quem nele crê. Missão difícil. No fim de sua vida,
Paulo pode dizer que “combateu o bom combate e conservou a fé/fidelidade”, a
sua e a dos fiéis que ele ganhou. Como Cristo – o bom pastor – não deixa as
ovelhas se perderem, assim também o apóstolo – o enviado de Cristo –
conserva-lhes a fidelidade.
Pedro e Paulo
representam duas dimensões da vocação apostólica, diferentes mas
complementares. As duas foram necessárias, para que pudéssemos comemorar hoje
os fundadores da Igreja universal. Esta complementariedade dos carismas de
Pedro e Paulo continua atual na Igreja hoje: a responsabilidade institucional e
a criatividade missionária. Pode até provocar tensões, por exemplo, uma
teologia “romana” versus uma teologia latino-americana. Mas é uma tensão
fecunda. Hoje, sabemos que o pastoreio dos fiéis – a pastoral – não é monopólio
dos “pastores constituídos” como tais, a hierarquia. Todos fiéis são um pouco
pastores uns para com os outros. Devemos conservar a fidelidade a Cristo – a
nossa e a dos nossos irmãos – na solidariedade do “bom combate”.
E qual será, hoje,
o bom combate? Como no tempo de Pedro e Paulo, uma luta pela justiça e a
verdade em meio a abusos, contradições e deformações. Por um lado, a exploração
desavergonhada, que até se serve dos símbolos da nossa religião; por outro, a
tentação de largar tudo e de dizer que a religião é um obstáculo para a
libertação. Nossa luta é, precisamente, assumir a libertação em nome de Jesus,
sendo fiéis a ele; pois, na sua morte, ele realizou a solidariedade mais
radical que podemos imaginar.
Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes
FONTE: Franciscanos.org
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