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sábado, 23 de junho de 2018

HOMILIA DO DOMINGO: A NATIVIDADE DE JOÃO BATISTA


                       HOMILIA DO 12° DOMINGO DO TEMPO COMUM

A festa da natividade de João Batista assemelha-se às festas da infância de Jesus. O espírito é nitidamente “lucano”: evoca a manifestação da graça e bondade de Deus. O lema é a frase de Zacarias: “João é seu nome” (evangelho). Esta frase é uma mensagem da gratuidade e bondade de Deus. O próprio nome Yohanan significa “Deus se mostrou misericordioso”. João é um dom gratuito de Deus. Isto mostra-se de diversas maneiras: a idade avançada de seus pais, o fato de ninguém na família se chamar assim, o fato de Deus “soltar a língua” de Zacarias para que ele possa dizer: “João é seu nome”.
Ora, quando se trata de Deus, “gratuidade” significa: não ser condicionado por cálculos humanos. João, criança que encarna a gratuita bondade de Deus, pertence completamente a Deus. É “profeta do Altíssimo”. Seu modo de viver lembra Elias, o profeta que vivia no deserto, impelido pelo Espírito. Aliás, em Lucas o anjo anuncia que João andará no espírito de Elias, o mais típico “homem de Deus” no A.T.
A pertença a Deus faz de João uma nova realização do “Servo de Deus” (1ª leitura), um homem cuja palavra é como uma espada afiada, incômoda para quem não quer saber de Deus em sua vida. A história de João prova isso. Hoje agradecemos a Deus um “homem difícil”. Pois são muitas vezes as pessoas difíceis que mais nos ajudam na vida. Suas palavras incômodas nos fazem ver com maior clareza nossa situação. Neste sentido, João é uma luz (Is 49,6 fala de “luz das nações”), embora ele não seja a luz definitiva, mas antes, a testemunha da luz; ou, já que falamos em termos figurativos, ele é como a lua que desaparece quando cresce a luz do sol.
João é luz, ou testemunha da luz, sobretudo por ter apontado Cristo no meio da humanidade. O querigma apostólico, o anúncio de Cristo, começa com João. Para isso, há uma razão teológica: João encarna, por assim dizer, Elias, que era esperado voltar antes da “visita” de Deus. Jesus identifica João com Elias. Mas há também uma razão histórica: Jesus iniciou, de fato, sua pregação do Reino no ambiente “pré-aquecido” pela pregação do Batista.
Isto contém uma profunda lição. Mesmo no ponto culminante de seu agir salvífico, Deus não despreza a preparação humana. Deus não dispensa “o maior dos profetas”, embora o menor no Reino dos Céus seja maior do que ele. João encarna, por assim dizer, a plenitude do A.T. e de qualquer outra preparação para o Evangelho.
À primeira vista, falta na liturgia de hoje o “Benedictus”, o canto de ação de graças de Zacarias quando do nascimento de João, cortado fora da perícope evangélica (talvez porque a liturgia foi composta por monges, que rezam esse cântico cada manhã no divino ofício e acharam que ele sobrecarregaria a missa). Ora, nada impede de usá-lo como salmo responsorial ou como canto da comunhão (que cita um versículo dele como antífona).
Quanto à atualidade que vivemos, a presente festa oferece uma ocasião para iluminar os profetas de hoje, essas pessoas “difíceis”, cujo nascimento foi uma graça que agradecemos a Deus.
Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes

Fonte: Franciscanos.org

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