HOMILIA DO 9º
DOMINGO DO TEMPO COMUM
“Vinho novo, em odres novos”
(Mc 2, 22). Este versículo antecede as palavras de Jesus no Evangelho de hoje
(que começa no versículo 23). Ele quer, portanto, a renovação do velho, das
estruturas, daquilo que não pode suportar a novidade do Evangelho.
Jesus não tem um olhar
dirigido ao passado, mas ao futuro. Não suscita memórias para manter a segurança
enganadora da religião. Nas palavras do teólogo Jean-Baptist Metz, existe uma “lembrança
perigosa”, aquela que não permite que haja prevalecimento de méritos, mas leva
a pessoa a implorar pela misericórdia, por pura gratuidade. Jesus está nessa
linha, chamada profética, estando em oposição ao uso da religião como
favorecimento de quem tem casta ou posição.
Jesus ultrapassa o moralismo
e exorta à procura da vontade de Deus, de um modo livre, não se preocupa com
uma obediência prescrita. A assiduidade às práticas religiosas não era
ressaltado em suas pregações. Se os escribas e fariseus se mantinham presos aos
textos, era para que seu povo se mantivesse sob seu jugo. Jesus, por outro lado,
tira seu conhecimento de sua familiaridade com Deus. Sua proposta é de uma
religião interior, ensina o povo a viver da fé, alimentando-se da Escritura e na
alegre celebração em seu Templo, mas não se detém nos textos, em definições
formais, ritos. Anuncia uma fé pessoal, deixando em segundo plano as mediações
religiosas formais do seu tempo.
Tal liberdade retira o medo
do sagrado, aquele que impede se reconhecer o Deus amor. A obediência serviçal
às formalidades religiosas mantém o crente como um escravo. Jesus rompe com
esta religião, desejando que os discípulos se sintam livres, como filhos e
filhas.
São Paulo endossa esta
liberdade ao anunciar que a fé nos faz olhar para as coisas invisíveis, não
para as coisas visíveis. A fé nos dá a certeza de que crescemos espiritualmente
até atingirmos nossa maturidade humana para além deste mundo. A nossa cultura
nos força a olhar somente para além desse mundo. A nossa cultura nos força a
olhar somente para o exterior, para os corpos jovens, belos e esculpidos.
Sabemos que nenhuma beleza exterior é mantida, que os anos passam. Somos seres
para a morte e, por isso, devemos conquistar ao longo dos anos uma liberdade
interior que nos faça desprender do visível. Nas palavras de Michel de
Montaigne: “Meditar sobre a morte é meditar sobre a liberdade”.
Pe. Roberto Nentwig
Arquidiocese de
Curitiba - PR
FONTE:
NENTWIG, Roberto. O Vosso Reino que também é nosso. Reflexões Homiléticas - Ano B. Curitiba; Editora Arquidiocesana, 2015. pg. 79.
NENTWIG, Roberto. O Vosso Reino que também é nosso. Reflexões Homiléticas - Ano B. Curitiba; Editora Arquidiocesana, 2015. pg. 79.
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