"Sobre a redescoberta da identidade do catequista a partir do itinerário catecumenal e das celebrações do RICA, quase nada se tem refletido na teologia pastoral. Diante dessa lacuma, vemos a necessidade de nos dedicar a esse tema, no intuito de prestar um serviço aos catequistas que tanto se dedicam à causa da iniciação a vida cristã, através do incansavel trabalho da educação da fé." (1ª orelha do livro)
"A beleza e a riquela das celebrações e dos ritos da iniciação à vida cristã são alimento na cmainhada dos catecúmenos e dos catequizandos, mas não só: eles alimentam a caminhada cristã eclesial dos próprios catequistas. Em outras palavras, o itinerário catecumenal da iniciação a vida cristã - com suas etpas e tempos, com a riqueza dos ritos celebrativos e com os seus respectivos objetivos -, por meio da irrenunciável integração catequese-liturgia, é or demias importante no ministério do catequista, isto é, ajuda a clarear a identidade ministerail do ser catequista. A importância de conhecer esses ritos é deixar ser fecundado pela riqueza espiritual de que eles são ortadores." (Contra capa).
LEIA ABAIXO UMA RECENSÃO SOBRE A OBRA:
RECENSÃO SOBRE O LIVRO:
REINERT, João. A IDENTIDADE DO
CATEQUISTA A PARTIR DAS CELEBRAÇÕES DO RICA. São Paulo: Paulus, 2023.
Frei João Fernandes Reinert, é
Doutor em Teologia pela PUC-Rio, faz parte do corpo docente do Instituto
Teológico Franciscano em Petrópolis e pároco da Paróquia Santa Clara de Assis
na diocese de Duque de Caxias. O autor tem se tornando conhecido no Brasil em
virtude de suas obras, palestras e conferências na linha da inspiração
catecumenal e conversão pastoral das paróquias.
A presente obra: A identidade do
catequista a partir das celebrações do RICA, visa ressaltar a riqueza das
celebrações do processo catecumenal para que os próprios catequistas renovam a
sua experiência do sagrado e o sentido do seu servir. Ressalta-se a
responsabilidade de toda comunidade eclesial (famílias, pastorais, movimentos,
diáconos, presbíteros, bispos, introdutores, animadores de comunidades) ao se
envolverem no processo catecumenal de iniciação à vida cristã, entretanto, a
ênfase neste livro dada pelo autor será sobre o valor do ministério do
catequista tão fundamental, quanto os demais responsáveis já assinalados.
O autor já na introdução da sua
obra reconhece que apesar do Papa Francisco ter instituído o ministério de
catequista, ainda encontramos uma “lacuna pastoral, [ portanto] vemos a
necessidade de se dedicar a este tema no intuito de prestar um serviço aos
catequistas que tanto se dedicam à causa da iniciação à vida cristã, através do incansável trabalho
de educação da fé” (p.11). Como o intuito é trabalhar a partir das
celebrações que fazem parte do itinerário catecumenal, o livro está dividido em
oito breves capítulos, cada qual ressaltando
a pertinência do papel do catequista nos diversos momentos rituais.
No primeiro capítulo intitulado:
os objetivos do tempo do pré-catecumenato e suas evidências no ministério e na
vida do catequista, destaca-se, como o próprio título diz o objetivo do tempo
do pré-catecumenato como “um tempo dedicado à primeira evangelização, à
acolhida, à atenção personalizada aquele que deseja tornar-se cristão” (p.
13). Do mesmo modo, “enquanto o catequista auxilia o candidato a discernir e
a crescer na sua adesão inicial a Cristo e à Igreja, ele mesmo não pode perder
essa rica oportunidade para crescer no discernimento e clarear sempre mais suas
reais motivações pela causa da iniciação à vida cristã” (p. 14-15).
“Cabe ao catequista, portanto,
trilhar com os candidatos esse percurso da iniciação, fazendo a si mesmo esta e
outras perguntas: Como está minha relação pessoal com Jesus Cristo? Por que sou
catequista? O que me motiva nessa missão?” (p.15). Aqui está a grande
questão apresentada pelo autor, não se trata de “dar catequese, transmitir
conteúdo”, mas em primeiro lugar, o catequista se colocar nesta experiência
“com” os catecúmenos e renovar o seu primeiro amor e o constante sentido do seu
servir.
O autor apresenta uma questão
muito pertinente: qual a Cristologia que o catequista traz consigo para
anunciar aos catequizandos? O tema é abordado porque infelizmente, não são
poucas as cristologias que são um desserviço à iniciação, pois não geram
experiências fecundas de fé. Exemplifica o autor: “o cristo da prosperidade,
distribuidor de bens e milagres; o cristo fascista, aquele que segrega; o
cristo punitivo e vingativo, e tantos outros cristos caricaturados, opostos ao
Jesus de Nazaré do Novo Testamento” (p. 23). O catequista precisa ter
consciência desses desafios, para cada vez mais renovar a sua opção fundamental
de anuncia o “Cristo querigmático que nos salva gratuitamente” (p.23).
Discernimento, sensibilidade, olhar misericordioso, são requisitos essenciais
ao catequista para manifestar o desejo de Deus de adentrar no íntimo do coração
do catecúmeno.
No segundo capítulo, Frei Reinert
a partir da teologia do Ritual da Iniciação Cristã de Adultos (RICA), explica
todo o sentido da celebração de entrada no catecumenato, mostrando os elementos
teológicos e pastorais. A cerimônia inicia-se do lado de fora, para dizer que o
candidato ainda não faz parte do corpo eclesial (comunidade reunida) que neste
momento, de braços abertos, o acolherá. “Do lado de fora da Igreja, no
momento do diálogo de suas intenções, pergunta-se aos candidatos qual o seu
nome” (RICA n.75) (p.30). O autor dá um destaque nesse momento ritual da
importância do nome, ressaltando o valor da pessoa, sua história, tudo aquilo
que o candidato traz consigo. “Ser chamado pelo nome, na tradição bíblica,
significa reconhecimento da dignidade o valor da pessoa; a Igreja não acolhe
aqueles que desejam se tornar cristãos de modo anônimo, impessoal, mas, ao
contrário, a acolhida é pessoal” (p.31).
Assim como os catecúmenos entram
na Igreja, a celebração de entrada é uma oportunidade que os catequistas têm
diante de si para renovar o seu amor e pertença a comunidade paroquial. O autor
ressalta aquilo que a Igreja espera dos catequistas, um senso de vivência
eclesial. “É impossível estar a serviço da iniciação cristã sem estar
`dentro da Igreja´, sem ser Igreja, sem ser homem e mulher eclesiais como
sólido sentimento de pertença a comunidade” (p. 28). “A pessoa do
catequista é o elo fundamental que une os catecúmenos a comunidade e que une a
comunidade aos catecúmenos. O catequista é decisivo para que a comunidade entre
no espírito da iniciação à vida cristã de inspiração catecumenal e assuma o
compromisso com a geração de novos cristãos” (p.31). Mais uma vez, o autor
ressalta o comprometimento de toda a comunidade no processo para não a reduzir
à pessoa do catequista, por mais primordial que seja sua missão.
No terceiro capítulo, o autor
prossegue a reflexão sobre a celebração de entrada, dando ênfase ao aspecto
essencial no evento da cruz tanto para o catecúmeno quanto para o catequista.
“Captar o sentido e os objetivos da iniciação à vida cristã sem adentrar no
evento da cruz, seria passar á margem do que realmente pretende a iniciação que
é formar discípulos missionários de Jesus Cristo” (p. 34). Diante de tantas
tendências de focar num Cristo glorioso, esquecendo-se da cruz, Frei Reinert
insiste, neste aspecto da plenitude do Mistério Pascal: “Um anúncio querigmático
centrado exclusivamente na ressurreição, desvinculado da vida e da cruz do
Senhor não gera discipulado, mas, ao contrário, promove o intimismo” (p. 34). O
autor continua a reflexão do capítulo elencando todas as dimensões centrais da
cruz de Cristo na vida do catequista para que consciente dessa grandeza, ele
possa com muita de Jesus ao Pai e aos irmãos” (p. 36).
Prosseguindo a reflexão no quarto
capítulo, Frei Reinert trabalha a importância
da Palavra de Deus na vida do catequista para que ele a partir da sua
íntima experiência com a Palavra, possa transmitir essa mensagem como Palavra
geradora de vida aos que passarem pelo seu caminho. “A palavra de Deus está
no centro da. iniciação à vida
cristã pelo processo catecumenal. A mudança do estilo de catequese
doutrinalística para encontros orantes, mistagógicos, celebrativos é o
sinal mais evidente de que a Palavre de Deus é a espinha dorsal do processo da
iniciação” (p. 43). Um dos momentos da celebração é a entrega da Bíblia aos
catequizandos: “Recebe o livro da Palavra de Deus. Que ela seja luz para sua
vida” (RICA n.93). Tal entrega deve renovar também nos catequistas a “consciência
de que a Palavra de Deus é luz em seu ministério, é alimento que o sustenta na
desafiadora missão de iniciar novos cristãos na vida cristã” (p. 44).
No quinto capítulo, o autor desenvolve o pensamento ressaltando a
necessidade de haver uma íntima ligação entre catequese e liturgia. Sabemos que
por muito tempo ambas caminharam de formas isoladas. A proposta da inspiração
catecumenal ressalta a riqueza da
variedade de ritos e celebrações em todo o percurso formativo, por isso, a integração entre catequese-liturgia será
essencial para a superação do modelo de catequese escolar. “Na inspiração
catecumenal a catequese ou é celebrativa, litúrgica, orante, mistagógica, ou
então já não cumpre seu papel de iniciar na fé. Na proposta catecumenal a
catequese e a liturgia não são duas realidades separadas. A catequese é
litúrgica e a liturgia é catequética, porque ambas se relacionam mutuamente”
(p. 48).
Neste sentido, Frei Reinert
apresenta a grande responsabilidade que os catequistas têm de fazerem esta
integração, devem primeiramente eles serem homens e mulheres mistagógicos, que
fizeram a experiência do mistério para comunicá-lo aos demais. “ O
catequista litúrgico não é apenas homem ou mulher do saber teológico e
doutrinal; ele conhece o mistério, anuncia o mistério e sobretudo, o saboreia e
o celebra. O catequista é um ministro do saber e do sabor, do conhecimento e da experiência” (p.
50). Ainda neste capítulo ele fala do valor das celebrações da Palavra de Deus,
dos exorcismos, das bênçãos que são proferidas pelos catequistas.
No sexto capítulo são trabalhadas
as entregas do Creio (RICA n. 186) e da Oração do Senhor (RICA n. 191) aos
catecúmenos. Há um movimento transmitir-receber-acolher-viver, ou seja, a
Igreja desde os primórdios, transmite, de geração em geração, a fé apostólica”
(p. 57). Como nos tópicos anteriores o autor faz toda uma reflexão no sentido de
os catequistas refletirem o sentido dessas entregas na própria vida. “Falar
da identidade do catequista a partir do símbolo da fé é por demais importante e
necessário. Muitos agentes de evangelização perdem sua identidade mistagógica e
se convertem em meros doutrinadores. Na entrega do Creio, o catequista é
convidado a renovar sua fé, e mais do que isso, a perguntar a si mesmo pelo “conteúdo” da
sua fé” (p. 59).
No tocante a entrega da Oração do
Senhor, Frei Reinert bebe da fonte do
livro “A oração do Pai-nosso” do teólogo espanhol Pagola., e sintetiza a oração
como um projeto de vida, como uma síntese da vida cristã. “A entrega da
Oração do Senhor é de suma importância para que o catequista possa aprofundar
sua consciência cristã e clarear a identidade do seu ministério” (p. 62). “Com
a entrega da Oração do Senhor, é renovado
em cada catequista, a certeza de que Deus é Pai amoroso, é presença
paterna, fidelidade constante. É nesse Deus que o catecúmeno é iniciado. É
desse Deus que o catequista é missionário” (p. 67).
Continuando o percurso formativo
apresentado pelo processo de iniciação á vida cristã com inspiração
catecumenal, no sétimo capítulo, o autor apresenta a importância da celebração
de eleição e dos escrutínios realizados no tempo quaresmal e da implicação desses
ritos, na vida tanto do catecúmeno quanto do catequista. “Chama-se
celebração da eleição porque a Igreja admite o catecúmeno baseado na eleição de
Deus, em nome de quem ela age.” (RICA, 22). Os catecúmenos tendo feito esse
percurso de crescimento na fé, a partir dessa celebração são chamados mais
incisivamente a corresponder a fidelidade de Deus. Da parte dos catequistas diz
o autor: “é um momento privilegiado
para repensar/renovar diante de Deus sua própria convicção de ser cristão e
eleito, chamado ao nobre serviço da transmissão da fé” (p. 73).
Conforme o RICA os escrutínios,
preferencialmente realizados no tempo quaresmal, tem uma dupla finalidade: “Descobrir
o que possa haver de imperfeito, fraco e mal no coração dos eleitos, para que
seja curado; e o que houver de bom, forte e santo, para consolidá-lo”
(RICA, 25). Segundo o autor “Todo discípulo de Jesus Cristo examina, sonda
seus avanços e retrocessos, seus acertos e seus erros, suas virtudes e
limitações” (p.77). Nesse sentido, tanto catecúmenos quanto catequistas
precisam mergulhar no mistério dessas celebrações para se manterem fiéis e perseverantes
na caminhada. Frei Reinert reconhece que são muitas as tentações que porventura
tentam fazer os catequistas desanimarem da missão: “O fardo de muitas vezes
não contarem com o apoio da comunidade eclesial, bem como, na maior parte dos
casos, a não participação e o não envolvimento dos primeiros catequistas – que são
os pais – na educação da fé dos seus filhos é, sem dúvida, um entrave na missão
do catequista”. (p.78)
Por fim, assim como no percurso
catecumenal, a mistagogia constitui a última etapa, também no último capítulo
do seu livro, Frei Reinert aborda a questão da importância da mistagogia. Ele
deixa muito claro um pensamento que vale a pena ser constantemente reafirmado: “Embora
o último tempo do processo catecumenal se chame mistagogia, há de se ter
presente que todo processo é mistagógico, ou seja, todos os elementos da metodologia
catecumenal são, fundamentalmente, canais que conduzem o catecúmeno para dentro
do mistério, que é Jesus Cristo” (p. 80).
Nesse sentido o autor ressalta a
importância do catequista ser um mistagogo por excelência: “Se a identidade
da inspiração catecumenal é a mistagogia, isso significa que a mistagogia deve
ser também a tarefa irrenunciável do catequista que está serviço da iniciação à
vida cristã” (p. 80). “A identidade mistagógica do catequista lança-o a
uma mudança radical no modo de exercer seu ministério. Muda-se o enfoque,
passa-se da identidade do doutrinador, mero transmissor de conhecimentos
religiosos, a gerador de experiências de vida cristã” (p. 81). Por fim diz
o autor: “O coração do catequista é mistagógico, pois é no coração de Deus e
no coração do próprio catequista que novos cristãos são gerados para a vida
cristã” (p. 85).
O texto é uma preciosidade e
merece ser lido e estudado com os nossos catequistas, agentes de pastorais e
movimentos, equipes de liturgia para darmos o passo de entender a iniciação à
vida cristã como missão de toda a Igreja. É uma obra curta, mas de uma
densidade teológica imprescindível, que facilita a leitura de nossos agentes de
pastoral.
Especificamente dirigindo-se aos
catequistas, Frei João Fernandes Reinert, vai conduzindo a reflexão para que
eles se coloquem em cena juntamente com os catecúmenos e catequizandos,
pensando sobre o seu serviço e renovando a cada momento o seu ministério.
Tantas questões aqui são
levantadas para catequistas e catequizandos (e porque não a cada um de nós
também servidores do Reino) sobre: o amor de Deus; a experiência querigmática;
o fazer parte da Igreja sendo acolhido por ela; qual a cristologia que o
catequista traz consigo; a centralidade da cruz no dia a dia; a importância da
Palavra de Deus; a integração que o catequista deve ter com a liturgia; a importância
da profissão de fé e da vida de oração a partir do Pai Nosso; o que significa
ser eleito por Deus e por fim todo o carisma mistagógico que se espera hoje de
um catequista.
Pe Renato Quezini
Maringá -PR.
FONTE: Pensar-Revista Eletrônica da FAJE v.14 n.1 (2023):
212-216
*Recensão: Notícia
crítica resumida, publicada em revistas técnicas, do conteúdo de um livro ou de
um artigo.
ADQUIRA NOSSA APOSTILA COM OS RITOS E CELEBRAÇÕES JÁ ADAPTADOS A LITURGIA!
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