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terça-feira, 31 de outubro de 2023

DIA DE FINADOS: ORIGEM E SIGNIFICADO

Foto: dragana991/iStock

A morte sempre foi um mistério entre diversas civilizações, sejam elas ligadas à religião ou não. A história mostra que sempre houve crenças diferentes sobre o que acontece após a morte. É o caso da reencarnação e da vida após a morte. E também são várias as formas de exaltar os mortos, preservar seus corpos e especular sobre o que vem depois. Cremação, mumificação e até as grandes pirâmides no Egito – que foram erguidas para depositar os restos mortais de “celebridades” da época – fazem parte de alguns ritos de sepultamento mais conhecidos.

O Dia dos Finados é uma data marcante para milhares de pessoas no Brasil, mas a origem da celebração é desconhecida para muitos. O Dia de Finados surgiu na Abadia Beneditina de Clury, na França, no século X. O abade Odilo (ou Santo Odilon [962-1049]) sugeriu, no dia 2 de novembro de 988, que, todos os anos, os membros de sua abadia dedicassem suas orações à alma daqueles que se foram. A sugestão do abade resgatava um dos princípios mais importantes da Igreja Católica: a ideia de que quem se foi, está no Purgatório passando por um processo de purificação para se encaminhar ao Paraíso.

Na tradição da Igreja Católica, 1º de novembro é comemorado o Dia de Todos os Santos, quando se reza por aqueles que morreram em estado de graça, com os pecados perdoados. Assim, o dia seguinte foi considerado o mais apropriado para fazer orações por todos os demais falecidos, que precisam de ajuda para serem aceitos no céu.

A prática de orações aos mortos já era bastante conhecida na Europa, quando os cristãos perseguidos pelo Império Romano enterravam e oravam pelos mortos nas catacumbas subterrâneas de Roma. Assim, os primeiros registros de orações pelos cristãos falecidos datam do século I, quando era costume visitar túmulos de mártires. No ano 732, o Papa Gregório III autorizou os padres a realizar missas em memória dos falecidos. Logo, o dia 2 de novembro foi adotado em toda a Europa como o dia de oração pelos finados.

Com a chegada do ano 1000, acreditava-se que o mundo acabaria, por isso era preciso rezar para as almas saírem do purgatório antes disso. A partir do século 15, o feriado se espalhou pelo mundo. Cada parte do mundo celebra esta data a seu modo. No México, por exemplo, existe a chamada “Festa dos Mortos” que une a celebração católica a antigos rituais astecas, o dia é festivo. Já no Brasil, é comum parentes irem ao cemitério e levarem flores e velas e fazerem orações a seus entes queridos. A data era chamada de “Dia de Todas as Almas”.

No entanto, não são somente os católicos que celebram esta data. Em países de religiões budistas, como Japão e Tailândia, ocorrem desfiles em homenagem aos mortos, além da preparação de oferendas com comida para que as almas fiquem alimentadas. Por outro lado, os cristãos protestantes não celebram o Dia de Finados. Eles não acreditam em Purgatório e não possuem o costume de rezar pelos mortos.

A celebração do Dia de finados, é revestida de uma grande riqueza, pois além dos atos religiosos é uma oportunidade ímpar para se refletir sobre a morte e a vida, como também uma relembrança dos antepassados, estabelecendo o vínculo entre o que somos e toda a carga histórica que trazemos impresso em nós.

O cristão está, desde a sua origem, imerso neste mistério da Vida, Morte e Ressurreição de Jesus. Ele, como todo ser humano, experimentou a crueldade da morte e sofreu amargamente a morte de cruz, porém, a morte não foi a palavra definitiva, pois ele ressuscitou, garantindo, assim, que toda a humanidade ressuscitará definitivamente com Ele um dia. Esta certeza na Ressurreição elimina qualquer concepção de renascimento ou reencarnação. São Paulo nos diz que "E, se Cristo não ressuscitou, ilusória é a vossa fé; ainda estais em vossos pecados" (1Cor 15, 17).

A vida que aqui se vive é uma preparação para a verdadeira, definitiva e gloriosa vida junto a Deus. “Amados, desde já somos filhos de Deus, mas o que nós seremos ainda não se manifestou. Sabemos que por ocasião desta manifestação seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é.” (1Jo 3,2) O cristão traz a certeza da verdade revelada por meio de Jesus Cristo, que levantado da morte por Deus trouxe a salvação para todos. “Deus dos vivos e dos mortos: crer em Vós é ter a esperança de encontrar na luz de sempre a paz do último Dia.” (Laudes/Ofício de Finados).

No dia de Finados não se celebra a morte, mas, a Vida Eterna presente e real já em Jesus Cristo. Ser cristão, é ser esperançoso na fé na ressurreição, na morada que Jesus preparou para todos. Na participação da celebração eucarística, na visita aos cemitérios, na oração pelos irmãos falecidos, transparece a certeza de que se é finito e que a cada dia necessitamos da graça de Deus para mantermos viva, a chama da fé, da verdade, da caridade, do amor e do perdão rumo à eternidade.

“A eternidade não é um contínuo suceder-se de dias do calendário, mas algo como o momento pleno de realização, cuja totalidade nos abraça e nós abraçamos a totalidade do Ser, da verdade, do amor” (Bento XVI).


FONTES DE PESQUISA:

ESTEVÃO, Marina. Celebração aos mortos: saiba qual a origem do Dia de Finados. 01/11/2020. Disponível em https://www.selecoes.com.br/especial/celebracao-aos-mortos-saiba-qual-a-origem-do-dia-de-finados/ Acesso em 02/11/2020.

ISTOÉ. Entenda a origem e o significado do Dia de Finados. Da redação em 31/10/2020. Disponível em https://www.istoedinheiro.com.br/entenda-a-origem-e-o-significado-do-dia-de-finados/ . Acesso 02/11/2020.

TRINDADE, Geraldo. Dia de Finados. Seminário Arquidiocesano de Mariana. Disponível em https://pensarparalelo.blogspot.com/ .



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