Como catequista e mãe, eu
sempre procuro estar “antenada” ao mundo dos jovens. E, confesso, aos cinquenta
anos, vejo este mundo “tecnológico” com espanto e com animação. Quem dera, na
minha adolescência eu tivesse o acesso á informação que estes jovens de hoje
tem! E tento, na medida das minhas limitações, estar neste mundo.
Foi em 1995, no Brasil, que
Internet se tornou de acesso público. E, de lá para cá, a evolução da
tecnologia deixa a gente de cabelos em pé! E com a disponibilização da interface gráfica,
jovens e adultos puderam acessar a compreender o funcionamento da computação e
a lógica dos sistemas digitais. Mas nenhum outro recurso foi e tem sido capaz
de realizar esta tarefa de ensinar a interação com o universo virtual (o ciberespaço) como o fazem os videogames.
À medida que os recursos tecnológicos e informáticos se tornam mais presentes
no cotidiano da sociedade, de crianças à terceira idade, os jogos digitais
realizam um importante e fundamental papel para aproximação desses públicos com
as interações telemáticas e com a vivência em espaços virtuais. Não são poucos
os especialistas que afirmam o quando isso ajudou no desenvolvimento cognitivo
de crianças e jovens.
Mas, parece que causei algum
"escândalo" em algumas pessoas pelo fato de ter escrito um texto falando
bem do "Pokémon Go". Eu não
acredito que o "evento" seja tão maléfico assim e nem que daqui um ou
dois meses ele não seja substituído por uma nova “caça as bruxas". Já queimamos na
fogueira o "Avatar", "Crepúsculo", "Harry Potter", "Anjos e demônios"... Agora é a vez
do "Pokémon Go”.
Mas,
vamos pensar um pouquinho...
Pokémon
Go
é só UM dos jogos no universo dos games, e os outros? E aqueles que os pais nem
imaginam que seus filhos jogam fechados em seus quartos? Os celulares dos
filhos não costumam ter jogos também? Ou será que eles imaginam que os filhos
só usam o celular pra telefonar e falar com os amigos? E que amigos são esses?
Nós conhecemos? E agora? O que fazer nesse universo aparentemente caótico em
que se transformou a comunicação digital e a informação na rede?
AGORA, vamos abrir nossa
cabeça e buscar informações fidedignas, sérias, de profissionais realmente
interessados no que é melhor para nossas crianças e jovens.
Jogos são viciantes? Sim eles são. Pode fazer mal aos nossos filhos? Sim podem. Assim como faz mal aos nossos filhos serem abordados na porta da escola por vendedores de crack, serem convidados pelos amigos para fumar maconha... que também viciam. Falar que drogas fazem mal e "endemonizar" os games vai resolver o problema? Não vamos esquecer que por trás de tudo isso ainda existe uma "FERRAMENTA" muito mais eficaz do que proibição de se usar certos jogos ou assistir certos filmes. E ela se chama FAMÍLIA! Pai e mãe, orientados para dar limites e educação aos filhos. A solução para qualquer problema que possa advir desta era da tecnologia, é a INFORMAÇÃO CORRETA. Assim como a minha postura e exemplo diante disso tudo. De que adianta uma mãe ou catequista desaprovar os games, quando ela assiste normalmente às novelas da televisão que, via de regra, tem exemplos que deturpam muito mais a família e a sociedade?
Fallout 4: Um dos jogos de vídeo game considerados violentos. |
Vamos considerar que por trás
do vício em games, sempre podem existem causas psicológicas e sociais, além do
prazer causado pelo jogo. Nenhuma criança fica trancada num quarto 10, 12 horas
sem que pais "responsáveis" não percebam. Que criança ou jovem sai de
casa a “caça de Pokémon” sem que os pais saibam que saiu? Que criança ou jovem não
tem hora para voltar para casa? Claramente, aqueles que não tem uma vivência
familiar ou controle por parte dos pais e responsáveis. Se o problema é excesso
de celular, porque é que seu filho tem um celular? Por que uma pessoa fica
viciada em jogos? Porque na sua vida real não tem nada equiparado ao prazer e a
satisfação que um jogo proporciona.
Então vamos parar de reproduzir informações
sem idoneidade alguma que se anda espalhando pela rede. Vamos buscar na internet
informações fidedignas, de médicos e psicólogos, cientistas, pessoas que
trabalham na área da tecnologia, busquemos resultados de estudos sérios a
respeito do assunto.
CLIQUE NA IMAGEM e Veja este artigo (peça para
seu PC traduzir porque ele está em inglês):
ALGUNS
COMPORTAMENTOS QUE CARACTERIZAM O "VÍCIO" EM GAMES (JOGOS):
Somente um especialista
capacitado pode diagnosticar que alguém está “viciado em jogos”, mas existem
alguns sintomas comuns que devem ser considerados e que podem indicar um
problema:
2.
Entra na defensiva quando confrontado sobre o problema;
3.
Perde a noção do tempo;
4.
Prefere passar mais tempo nos jogos que com amigos e familiares;
5.
Perde o interesse em atividades que antes eram importantes;
6.
Torna-se socialmente isolado, irritável ou rabugento;
7.
Estabelece uma nova vida social, apenas com amigos online;
8.
Negligencia trabalhos escolares e sofre para conseguir boas notas na escola;
9.
Gasta dinheiro em atividades inexplicáveis;
10.
Tenta esconder que passou algum tempo jogando.
Apesar disso, alguns
especialistas dizem que é difícil definir o “vício em jogos”. Enquanto uns
creem que isso pode ser um transtorno de ordem psicológica, outros acreditam
que é apenas parte de outros problemas de ordem psicológica e social. A versão
atual do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, DSM-V, afirma
que mais estudos precisam ser feitos antes incluir a "Disorder Gaming
Internet" (vício em jogos da internet).
GAMES: GUIA PARA OS
PAIS
Se você proibir o jogo, você
vai perder a oportunidade de influenciar o comportamento de seu filho. Uma
abordagem bem melhor é jogar com eles,
diz Judy Willis, MD, médica neurologista e membro da Academia Americana de
Neurologia, que sugere que se comece com jogos educativos online grátis. Depois,
informe-se sobre os jogos preferidos dos jovens, a temática, o que os atrai,
etc.
A chave para garantir que
seus filhos tenham um relacionamento saudável com jogos de vídeo game (e, sim,
existe tal coisa!) é tirar proveito de experiências prazerosas que eles
experimentam, também fora desses jogos. Um estudo publicado na revista científica Nature em 1998 mostrou que jogar jogos de
vídeo game libera o neurotransmissor dopamina,
que causa a sensação de bem estar, realização, prazer. Qualquer outra atividade
prazerosa pode causar o mesmo efeito.
O simples fato de uma
criança ou jovem passar muito tempo no computador jogando, não significa que
ele é um “viciado”. O jogo assim como qualquer outra atividade toma tempo,
envolve dedicação, é entretenimento, é socialização e possui vários níveis de aproveitamento.
Nem todos os jogos são iguais e
reação de cada pessoa para os jogos é diferente, também. Perguntar quais são os efeitos dos
jogos de vídeo game é como perguntar quais são os efeitos da ingestão de
alimentos, é importante conhecer a realidade específica do jogo em
questão e do contexto social do jogador, antes de se fazer qualquer julgamento.
ALGUMAS
DICAS*:
*
Atenção com o uso do computador: Hoje em dia os estudantes
precisam do computador para estudos e trabalhos acadêmicos. De acordo com David
Greenfield, Ph.D., fundador do Center for Internet and Technology Addiction
(Centro que estuda o vício em internet e tecnologia) e professor clínico
assistente de psiquiatria da Universidade da Escola de Medicina de Connecticut,
80% do tempo que uma criança gasta no computador não tem nada a ver com estudos
acadêmicos. Colocar computadores, smartphones e outros dispositivos de jogos em
uma localização central da casa, e não a portas fechadas, permite monitorar
suas atividades. Aprenda a verificar o histórico de pesquisa do computador para
confirmar o que seus filhos tem visto e feito na Internet.
*
Estabelecer limites: é bom impor limites no tempo de utilização
do computador. “As crianças são muitas
vezes incapazes de avaliar com precisão a quantidade de tempo que passam de
jogo. Além disso, eles são inconscientemente incentivados a permanecer no
jogo”, diz o Dr. Greenfield, que recomenda não mais que uma ou duas horas
de tempo de computador durante a semana. Usar firewalls, limites eletrônicos e
bloqueios em telefones celulares e sites da Internet pode ajudar.
*
Começar a conversar: Discuta o uso da Internet e jogos desde o
início com os seus filhos. Defina expectativas claras para ajudar e oriente em
uma direção saudável antes de um problema começar. Comunicação não significa
necessariamente uma conversa formal. Em vez disso, trata-se de dar ao seu filho
uma oportunidade de compartilhar seus interesses e experiências com você.
*
Conhecer seu filho: Se o seu filho está se dando bem no mundo
real, participando da escola, esportes e atividades sociais, então limitar o
jogo pode não ser tão importante. A chave, dizem os especialistas, é a
manutenção de uma presença em suas vidas e estar ciente de seus interesses e
atividades. Por outro lado, se você tem uma criança que já tem problemas de
raiva, você pode querer limitar jogos violentos, sugere Tom A. Hummer, Ph.D.,
professor assistente de pesquisa no departamento de psiquiatria da Indiana
University School of Medicine, em Indianápolis.
*
Procure ajuda: Para alguns jovens, o jogo se torna uma
obsessão irresistível. Se o seu filho está mostrando sinais de vício em
videogames, procure ajuda. As opções de tratamento existem. Pode ser uma
terapia ou até mesmo uma intervenção familiar.
Mas, nem todos os jogos são
ruins. Jogos de vídeo game podem ajudar o cérebro de várias maneiras, tais como
percepção reforçada visual, melhoria da capacidade de executar várias tarefas
ao mesmo tempo, melhor processamento de informações. "De certa forma, o
modelo de jogo de vídeo é brilhante", diz Judy Willis, MD, da Academia
Americana de Neurologia (AAN), "Ele pode alimentar as informações para o
cérebro de uma maneira que maximiza o aprendizado", diz ela.
Ângela Rocha
Catequista
Fontes de referência:
Academia Americana de Neurologia: Neurology Now: Junho / Julho de 2014 - Volume 10 - Número 3 - p 32-36
* Paturel,
Amy M.S., M.P.H. Neurology Now. Centro Americano de Neurologia.
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