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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

DIA DE FINADOS - POR QUE A IGREJA MARCA ESTA DATA...

* Um texto interessante para nosso conhecimento, Mas, eu não oriento trabalhar este tema com crianças, pois pode ser difícil fazê-los entender o conceito de "ressurreição". Na catequese de crisma ele é mais apropriado, ainda assim se os catequizandos estiverem na faixa dos 13/14 anos.
DIA DE FINADOS
Celebramos no dia 2 de novembro o Dia de Finados. O culto aos mortos é uma das celebrações mais antigas tanto no Oriente quanto no Ocidente, pois sempre houve essa necessidade de fazer memória dos antepassados. Nos primórdios do cristianismo os mártires eram venerados nos locais de seu martírio e as primeiras construções genuinamente cristãs foram monumentos em homenagem a estes heróis da fé. Os cristãos sempre recordaram seus entes queridos falecidos até que se passou a dedicar-lhes um dia para orar pelos mortos, inclusive por aqueles que nem sempre são lembrados.
Essa celebração, de fato, é revestida de uma grande riqueza, pois além dos atos religiosos é uma oportunidade ímpar para se refletir sobre a morte e a vida, como também uma relembrança dos nossos antepassados, estabelecendo o vínculo entre o que somos e toda a carga histórica que trazemos impresso em nós.
Nós cristãos estamos desde a nossa origem, imergidos neste mistério da Vida, Morte e Ressurreição de Jesus. Ele, como todo ser humano, experimentou a crueldade da morte e sofreu amargamente a morte de cruz, porém, a morte não foi a palavra definitiva, pois ele ressuscitou, garantindo, assim, que toda a humanidade ressuscitará definitivamente com Ele um dia. Esta certeza na Ressurreição elimina de nós qualquer concepção de renascimento ou reencarnação. São Paulo nos diz que "E, se Cristo não ressuscitou, ilusória é a vossa fé; ainda estais em vossos pecados" (1Cor 15, 17).
A vida que aqui vivemos é um preparar-se para a verdadeira, definitiva e gloriosa vida junto a Deus. “Amados, desde já somos filhos de Deus, mas o que nós seremos ainda não se manifestou. Sabemos que por ocasião desta manifestação seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é.” (1 Jo 3,2) Trazemos a certeza da verdade revelada por meio de Jesus Cristo, que levantado da morte por Deus nos trouxe a salvação. “Deus dos vivos e dos mortos: crer em Vós é ter a esperança de encontrar na luz de sempre a paz do último Dia.” (Laudes/Ofício de defuntos)
Neste dia de Finados não celebramos a morte, mas, exatamente, essa Vida Eterna presente e real já em Jesus Cristo. Somos, cristãos, esperançosos em nossa fé na ressurreição, na morada que Jesus preparou para nós. Na participação da celebração eucarística, na visita aos cemitérios, na nossa oração pelos irmãos falecidos transpareceremos a certeza de que somos finitos e que a cada dia necessitamos da graça de Deus para mantermos viva, em nós, a chama da fé, da verdade, da caridade, do amor e do perdão rumos à eternidade. “A eternidade não é um contínuo suceder-se de dias do calendário, mas algo como o momento pleno de realização, cuja totalidade nos abraça e nós abraçamos a totalidade do Ser, da verdade, do amor” (Bento XVI).
Geraldo Trindade.
*Bacharel em filosofia e Teologia - Seminário Arquidiocesano de Mariana

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

A MORTE DÁ VALOR À VIDA


O Dia de Finados é rico para avaliar o sentido de nossa vida e o rumo e prumo que damos ao nosso itinerário. Não é a vida que dá sentido à morte, mas a morte que dá sentido e valor à vida.

*Gerson Schmidt

A sociedade ocidental rejeita constantemente a morte procurando vencê-la, retardando-a o quanto possível, esticando a vida até o máximo. O homem sempre aspirou à imortalidade. A tentativa de vencer ou de no mínimo contornar a morte levou a centenas de esforços humanos, incansáveis e um tanto inúteis. A morte sempre foi imperiosa, abraçando suas vítimas. Pode tardar, mas não falha. Em hora certamente incerta, é a coisa mais certa. Cada um de nós carrega a possibilidade de, a qualquer momento, não ser mais possível. Existimos com essa potência irreversível e irremediável: a nossa não-existência. Heidegger, filósofo existencialista, caracterizou o homem como ser-para-a-morte. De fato, estamos fadados a morrer. Não há outra saída.

O ser humano, em seu desejo de sobreviver, passa a vida temendo ou desejando a morte. Na maioria das vezes, há o medo do desconhecido, a dúvida sobre a descontinuidade da existência, a incerteza de como será o ainda-não. E, nesse caso, a morte vem com assombro, angústia, desespero. Em outros casos, há uma resignação, aceitação, ou até mesmo regozijo, quando há certeza do vivido e daquilo que será o que está por vir. É o caso de mártires, sábios e santos. São Francisco chamou seu passamento de “irmã morte”.

Sêneca dizia que o homem vive preocupado em viver muito e não em viver bem, quando não depende dele viver muito, mas viver bem. O filósofo Epicuro chamou de tolice a aflição com a espera da morte, pois enquanto vivemos, ela não existe, e quando ela chega, nós não existiremos mais. A Bíblia Sagrada aponta a mortalidade do homem em tom derradeiro: “Lembra-te que és pó e em pó te tornarás” (Salmo 8,4). Mas, em tantos trechos, destaca a ressurreição dos mortos como essência da fé cristã. Para os cristãos, não se nasce para morrer, mas se morre para ressuscitar.

Quem não pensa e prepara sua morte, acaba descomprometendo-se com a vida. Quem não sabe aonde chegar, não fazendo o planejamento de seu fim, não organiza sua caminhada desde o início. O fim depende do começo e do meio. Mas sempre há chance de reverter nosso descaminho. Quanto mais torto, mas difícil é endireitá-lo no final.

A nossa finitude nos dá a capacidade de qualificar nossa vida. A eternidade do amanhã dependerá da plenitude do hoje. É a certeza de que findaremos um dia que nos faz acordados no presente. Por isso, este dia de finados é rico para avaliar o sentido de nossa vida e o rumo e prumo que damos ao nosso itinerário. Não é a vida que dá sentido à morte, mas a morte que dá sentido e valor à vida.

* Padre Gerson Schmidt é da Arquidiocese de Porto Alegre – RS.

(2008).

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

DIA DE FINADOS


COMO CONVERSAR COM AS CRIANÇAS SOBRE UM TEMA TÃO DIFÍCIL COMO A “MORTE”?

Ao contrário do que muita gente pode pensar, as crianças têm condições intelectuais e emocionais de entender as perdas. O Dia de Finados pode ser uma boa oportunidade para falar do assunto. A psicóloga e psicopedagoga, Ana Cássia Maturano*, diz que a criança deve ser informada sobre a morte, para poder superar as perdas.

Há quem possa achar estranho estarmos discutindo sobre como falar da morte com as crianças. Se considerarmos que a morte faz parte da vida e o quanto a maioria de nós, tem dificuldades para lidar com ela, o tema já se torna pertinente. Ainda mais quando o assunto envolve crianças.

E o que faz da morte um assunto tão complicado? Nossa incompreensão. Ou talvez a nossa falta de fé. Por mais que digamos acreditar na vida eterna e num encontro final, a incerteza do que acontece depois, ainda nos assusta. Esse desconhecimento causa-nos temor. Por ser algo irreversível, preferimos fazer de conta que não existe. Ninguém precisa passar a vida falando e pensando na morte. Mas de vez em quando, ela aparece e alguém que amamos se vai, ficando uma dor que demora a passar. A complexidade aumenta quando pensamos que vamos morrer, pois não conseguimos imaginar nossa própria finitude. O ser humano é criado com demasiado apego a coisas materiais e terrenas.

Perder pessoas não é um fato reservado só para os adultos. As crianças também as perdem. Sabendo da dor desses eventos, queremos poupá-las do sofrimento. Para isso, evitamos falar com elas sobre o assunto, mesmo que alguém que amem (até mesmo um animalzinho) tenha morrido. Levá-las ao velório está fora de cogitação. Confunde-se não saber com não sofrer. 

Ora, não saber, não participar e não falar do fato é mais prejudicial para os pequenos. Quando não sabemos o que realmente aconteceu, imaginamos. E a imaginação é poderosa, tem asas que alcança vôos altos e segue o rumo de nossas apreensões e emoções. Nada mais saudável que saber a verdade, por mais dura que possa ser, pois nos permite lidar com a realidade como ela é, sem armadilhas. 

Não vale enganar

Diante da morte de alguém do convívio da criança, muitos usam de desculpas do tipo: Vovô foi viajar. A criança não é tola, percebe que tem algo acontecendo. Sem contar que deve estar se sentindo abandonada e chateada com o avô que foi viajar e nem se despediu. Muitos pensam que a criança não é capaz de entender o que acontece ou de suportar emocionalmente a idéia da morte. É sim. E vivenciando tais situações poderá compreender melhor o que ocorre. A criança também tem luto e, para que ele aconteça de maneira saudável, é necessário que ela não seja excluída do processo. Não podemos tirar dela o direito de sofrer por quem partiu.

Quando uma criança se encontra na situação de morte de alguém, deve-se dizer a verdade – que aquela pessoa morreu e não voltará mais (o primeiro passo para que o luto ocorra é aceitar o fato que o morto estará ausente definitivamente). As explicações devem seguir o curso de sua curiosidade. Algumas crianças farão muitas perguntas como, por exemplo, o que acontece depois da morte. O melhor é sermos francos e honestos. Se não soubermos o que responder, devemos dizer isso. Mesmo se temos em nós a crença religiosa da vida eterna, do céu, de algum lugar de esperança é preciso ter cuidado com o que se vai dizer às crianças. Sem supervalorizar o pós-morte. Alguns, para amenizar a tristeza, falam das maravilhas que vêm depois, tornando o morrer muito atraente. Corre-se o risco de a criança desejar estar onde a pessoa que morreu está.

Cada uma tem um jeito de reagir. Algumas choram e se desesperam. Outras ficam mais caladas. Algumas se culpam por terem feito algo para aquela pessoa. Ou até de terem, num momento de raiva, desejado algum mal. Se a incluirmos nesse momento de dor, ela poderá ter confiança em falar de seus sentimentos e temores. E os adultos vão poder ajudá-las a corrigir suas impressões.

Quanto aos funerais, algo que muitos acham absurdo uma criança participar, deve ficar a critério dela, que vai decidir se irá ou não. Não podemos impedi-la de participar do pesar familiar. Ela também estará sofrendo e deve ser respeitada em sua dor. Os funerais nos ajudam a lidar com a situação de morte. Lá, choramos, confortamos, somos confortados e constatamos que aquela pessoa realmente se foi.

Não há como evitar. A morte de alguém traz sempre dor e sofrimento. Sofrer faz parte da vida e a criança tem condições intelectuais para entender o que é a morte e também emocionais, para viver um luto sem grandes complicações. Tudo vai depender do quanto é esclarecida, e do conforto e da segurança que as pessoas que ama lhe darão. Caso alguma oportunidade surja, poderá ser um bom momento para abordar o tema morte com os pequenos, o Dia de Finados é um a boa oportunidade.

*Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga.

FONTE: g1.com.br

terça-feira, 27 de outubro de 2015

12ª edição | Sou Catequista

12ª edição | Sou Catequista



Saiu a 12ª Edição da revista eletrônica SOU CATEQUISTA. Não deixem de ler! Temos uma matéria com a nossa amiga Solange Rios!

DESAFIO JMJ KRAKÓW2016 – POR UMA IGREJA MAIS CONECTADA

 
Apresentação à comunidade do Grupo de jovens JuCaJu.
Para comemorar um ano da realização da Jornada Mundial da Juventude Rio2013 e preparar os jovens para a Jornada de 2016, na Polônia, o Portal Católico lançou em setembro de 2014 o Desafio JMJ Kraków2016 – Por uma Igreja mais conectada. O desafio envolveu grupos de jovens de todo Brasil numa gincana com tarefas mensais a serem cumpridas e com pontuações específicas para cada tarefa. Para premiar os grupos o Portal ofereceu 40 pacotes completos de viagem para a Jornada Mundial da Juventude na POLÔNIA em 2016. Os pacotes incluem passagens aéreas e o Kit Peregrino, com transporte, alimentação e hospedagem durante os dias da Jornada.

Jovens Caminhando Junto - JuCaJu: Turvo - PR - Paróquia Nossa Senhora Aparecida

O evento movimentou paróquias e comunidades, integrando pastorais e grupos de todo o Brasil. Foram 1563 equipes inscritas, e durante o ano foram realizadas 9 tarefas, cada tarefa com várias atividades. Neste mês de outubro tivemos a finalização do desafio e o Grupo que ficou em 1º Lugar é o JuCaJu – Juventude Caminhando Junto, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, da cidade de Turvo, interior do Paraná, que fez 195.401 pontos, 27 mil a mais que o 2º colocado. Com isso o grupo ganhou 10 pacotes de viagem, sendo 7 para o 2º lugar, 5 para o 3º, 3 para o 4º e 5º e até o 15º lugar 1 pacote.

Grupo JuCaJu no 1º MUTICOM do Regional Sul II
Segundo Maurício Pilati, um dos coordenadores do grupo “A gente não ganhou muitas provas, mas fizemos uma pontuação boa em todas elas. E só temos a agradecer a toda a comunidade e à Diocese de Guarapuava pelo apoio”. O grupo mantém uma página no Facebook e seus vários vídeos podem ser encontrados no Youtube. Destacam-se o vídeo de 30 segundos, com a “chamada” para o evento, objeto da primeira prova da gincana:
E também o vídeo sobre o documentário que o grupo fez sobre as Jornadas, uma das últimas provas do desafio:

A página do grupo no Facebook:

Parabéns aos jovens do Grupo JuCaJu pelo empenho e dedicação e também pela comunidade de Turvo, um pequeno município de 14 mil habitantes no interior do estado do Paraná que mostrou a força e o dinamismo da sua juventude católica.

A Jornada Mundial da Juventude será realizada em Cracóvia, na Polônia, de 25 de julho a 1º de agosto de 2016. Aos jovens do Brasil, uma boa viagem e uma Jornada repleta de bênçãos.

Oração da Jornada Mundial da Juventude 2016

Deus, Pai misericordioso, que revelastes vosso amor no Vosso Filho,
Jesus Cristo e o derramastes sobre nós no Espírito Santo, consolador, 
confiamos a vós hoje o destino do mundo e de cada homem.
Confiamos a vós, de maneira especial, os jovens de cada língua, povo e nação.
Orientai-os e protegei-os em todos os complexos caminhos de hoje e dai-lhes a graça de colher frutos abundantes da experiência da Jornada Mundial da Juventude em Cracóvia.
Pai Celestial, concedei que possamos dar testemunho de vossa misericórdia. 
Ensinai-nos a transmitir a fé aos que estão em dúvida, a esperança aos que estão desanimados, o amor aos que se sentem indiferentes, o perdão aos que erraram e a alegria aos que estão infelizes.
Permita que a centelha do vosso amor misericordioso, que acendestes dentro de nós, torne-se um fogo que transforma os corações e renova a face da terra.
Maria, Mãe de misericórdia, rogai por nós.

São João Paulo II, rogai por nós.


Catequistas em Formação

terça-feira, 20 de outubro de 2015

SILÊNCIO, GESTO E PALAVRA

O encontro do homem com Deus, no silêncio, pode se dar em qualquer tempo e em qualquer lugar; contudo, há na vida do cristão um momento particularmente propício para esse encontro, um momento único, em que a eternidade se condensa na duração sensível: a MISSA!
A Missa resume Cristo, e é por isso que todo cristão deve participar dela.
O adulto, como ser racional que é, normalmente participa na missa pelo pensamento e pela palavra e, sendo a sua fé uma adesão voluntária da razão, exprime-se por meio de fórmulas. Porém, a criança, essencialmente intuitiva, é completamente diferente do adulto, e como a graça se apóia sempre na natureza, na criança, apóia-se no pensamento intuitivo que se traduz pela ação.
"A Ação!" Era assim que os cristãos dos primeiros séculos designavam a missa. Com efeito, a missa, longe de ser uma formulação do mistério, é o próprio mistério em ação.
Sendo assim, parece-me que não é arbitrário reclamar para as crianças o direito de participarem na missa pelo movimento e pelo gesto, acompanhando os deslocamentos do sacerdote no altar, sem palavras, comentários e oração vocal. As missas silenciosas exigem longa preparação e uma certa encenação, mas, revestem-se de grande solenidade.
Numa sala ou numa capela desprovida de cadeiras, as crianças, de frente para o altar, mantêm-se em pé, de mãos postas e deslocam-se com o celebrante; de olhos fixos nele. são arrastadas pelo ritmo espacial da Liturgia e observam, movem-se e escutam.
Familiarizadas com algumas palavras do rito, assim como com o simbolismo dos gestos, afirmam compreender tudo. E falam a verdade, pois, para elas, compreender não é analisar, mas, orientar a atenção. As sílabas sonoras das exortações eucarísticas, pronunciadas na tonalidade litúrgica, do mesmo modo que o som dos sinos, produzem um efeito calmante. Os gestos fixam a atenção e, caladas, cativadas, fascinadas e empolgadas, as crianças acompanham o celebrante, participam realmente na ação sagrada e penetram no mistério pela porta do silêncio. "Não se pensa em mais nada!", dizem elas.
Em algumas paróquias adotou-se esta minha maneira de agir, fazendo com que as crianças sigam a missa deslocando-se com o sacerdote. Porém, juntaram as respostas da missa dialogada, e, assim, a atenção dividida, o recolhimento é praticamente nulo.
- Você percebeu o que o padre está dizendo? - Perguntou uma mãe ao seu filho, que se contorcia durante uma missa comentada para crianças.
- Como é que eu posso perceber se el fala o tempo todo?

Este é o testemunho dos fatos; que aqueles que educam as crianças na fé, dele tirem proveito. A linguagem sonora da palavra articulada é menos favorável ao silêncio interior do que a linguagem do olhar e do gesto"

* Helena Lubienska de Lenval  In Silêncio, Gesto e Palavra (1952), Editora Aster, Lisboa, tradução Jaime Cunha. 

*Hélène Lubienska de Lenval (1895 a 1972) nasceu na Polônia e faleceu em Bruxelas, pedagoga da Escola Montessoriana, desenvolveu suas idéias, especialmente no campo da educação religiosa, ensinando a preparação de um ambiente em que a criança pudesse aprender com liberdade, sendo esta inclusiva e significativa. Isso não significava negligência ou indiferença ao conteúdo, mas buscava o respeito ao desenvolvimento do ser. Sua meta era construir homens conscientes, de vocabulário constante, silencio interno, disponibilidade, gesto, palavra, atenção, contemplação, docilidade e fé. Em suma sua pedagogia se baseia em um tripé entre CORPO, ALMA e ESPÍRITO, na qual pretendia formar uma educação para a liberdade e independência.


quarta-feira, 14 de outubro de 2015

O BOM PASTOR: Uma lição de amor...

Muitas vezes achamos que é "difícil" levar Jesus ao universos daqueles que não o conhecem... E desanimamos das nossas crianças não vivenciarem a fé em suas famílias. Fica aqui uma lição para nós...

Era uma vez um casal que tinha uma filha menor.  Os pais eram ateus e, por não acreditarem em Deus, nem em Jesus, jamais falaram sobre o assunto com a menina. Ela nunca, portanto, ouviu nada que se referisse a Jesus como o bom pastor, que cuida das suas ovelhas.

Numa noite de temporal, um raio caiu sobre a casa e infelizmente, fulminou os pais diante dos olhos assustados da pequena, que tinha seis anos naquela época. A menina não tinha nenhum parente ou amigo que a acolhesse e por isso foi encaminhada para a adoção. Em pouco tempo ela ganhou um novo lar.

Sua mãe adotiva, por ser uma cristã dedicada, começou a evangelizar a menina e levou-a à Igreja para que recebesse os ensinamentos da fé e que ouvisse mais sobre Jesus de Nazaré. Antes de deixar a criança pela primeira vez na catequese, a mãe teve o cuidado de explicar que a menina jamais havia escutado falar de Jesus e que ela, por favor, tivesse paciência.

Naquele dia o encontro falaria sobre Jesus como o Bom Pastor, que cuida de todos em suas fraquezas e tribulações. A catequista, após receber todas as crianças com muito carinho e fazer uma prece inicial, mostrou uma imagem grande de Jesus apascentando ovelhas e perguntou a todos:

“Alguém sabe me dizer de quem é essa imagem?”

A menina foi a primeira a levantar o braço com alegria:

“Eu sei, eu sei, Tia! Esse é o homem que estava segurando a minha mão na noite em que meus pais morreram...”

Jesus é o amigo que nos sustenta nas horas mais difíceis da jornada. Como um bom pastor, ele conhece e vela por todas as suas ovelhas, mesmo aquelas que ainda não o conhecem bem. Como Mestre Maior, nunca se cansa de nos ensinar lições de amor e confiança.

Fonte: Informativo Cultural nº 64, Julho/2008. Guarapuava PR. Adaptado

A MISSA: Conhecendo e celebrando

A missa é um tema que permeia os conteúdos catequéticos que preocupa muito os catequistas que se veem, quase "desesperados", para fazer com que seus catequizandos participem dela. Mas, como "ensinar" a missa? Como fazer com que nossos catequizandos "se encontrem" na liturgia?


Falar sobre a missa nos encontros de catequese é necessário. Mas, precisamos tomar cuidado para não passar a Liturgia da missa como uma "lição" ou um "ponto" a ser aprendido. Antes de ser um assunto a ser "dissecado" em partes, a missa precisa ser "Celebrada", "Vivida" em toda a sua plenitude como um momento de contemplação e oração. A missa então, precisa ser mais "compreendida" na sua vivência, do que "ensinada". A Missa é muito mais uma Oração Contemplativa, do que de conteúdo a ser aprendido.

Contemplação? "Ah! As crianças não são capazes disso!"... Podem dizer alguns. Sim, a criança de hoje infelizmente não é educada para o silêncio e a contemplação. Mas, não significa que ela não é capaz disso! 

Entre os traços mais admiráveis da criança educada num ambiente favorável, está a atenção contemplativa. Que não é outra senão a atenção espontânea e natural da criança. Toda criança é capaz de "contemplar". É observando que elas aprendem, "vendo acontecer", no entanto elas precisam ser incentivadas nesta atenção, preparadas para se abrir ao novo e ao diferente, àquilo que lhes desperta "sentimentos" e emoções.

A pedagogia, neste caso, deveria antes de tudo ser a arte de favorecer os esforços do espírito na sua grande aventura de se associar com a matéria, aquilo é físico e visível; aventura que comporta alternância de êxitos e fracassos comparáveis às do dia e da noite, da saúde e da doença, da alegria e do sofrimento. Estas alternâncias, são muito reais, não só na vida das pessoas mais "espirituais", quanto na vida das pessoas mais afastadas da fé e, por que não? Na vida das Crianças! A liturgia não despreza ninguém, ela se dirige a todos, a grandes e pequenos, a fervorosos e fracos, a sábios e insensatos.

É esta talvez, a lição suprema da Liturgia, enquanto ciência da educação espiritual. Muitas vezes, almas perturbadas ficam sem apoio algum, porque a psicologia moderna, cada vez mais influenciada pelo materialismo, procura explicar tudo pelo estado físico ou pelo turbilhão dos instintos. Então, a ciência recomenda  repouso, receita remédios, favorece o recolhimento e o egocentrismo, sendo que estas almas atormentadas precisam é de uma mão firme que as tome e as eleve acima das tempestades físicas e psíquicas, para as colocar na presença de Deus: presença inacessível aos sentidos, mas perceptível à fé.

E nisso a liturgia também se preocupa. Busca nos "sentidos" trazer a pessoa ao estado de contemplação, fazendo-a "sentir", o que vê, o que escuta, o que aspira, o que toca sua pele: A luz do sol atravessando os vitrais, o perfume do incenso e das flores, o calor e a luz de uma vela, o toque de um respingo de água benta...

É o que faz a liturgia, ela não ignora as preocupações das pessoas, admite suas misérias e transforma-a em motivo de confiança. Não despreza os sentimentos, antes os eleva a um estado de contemplação, de resposta aos seus anseios.

Quare tristis es anima mea et quare conturbas me? *

Sem nenhuma explicação, nenhum psicologismo, mas, como um voo direto para o essencial:
Spera in Deo.**


As imagens a seguir são das partes que compõem a Liturgia da Missa. Elas também estão disponíveis em Slides para que se trabalhe num encontro. A sugestão é que o assunto seja repassado uma vez fora do espaço sagrado, depois que seja vivenciado a cada domingo junto com a comunidade. Assim, a cada encontro subsequente às missas, o catequista pode explorar, os sentimentos percebidos pelos seus catequizandos a cada uma das partes. O que ele viu e sentiu, suas dúvidas, suas curiosidades. Vejamos então que teremos assunto para, no mínimo, mais 17 encontros.





















Por que você está triste, minha alma e por que me conturbas?
** Confie em Deus.

Link da apresentação em Powerpoint: 

https://drive.google.com/file/d/0Bw5YBpDnWbIzaXBJaE1HTExLYmc/view?usp=sharing



FONTES DE CONSULTA:

A educação do homem consciente de Helena Lubienska de Lenval. Flamboyant, 1962.
Celebrar a Eucaristia com crianças de Jose Aldazabal. Paulinas, 2008.
IGMR - Instrução Geral do Missal Romano. CNBB, 2008.


Ângela Rocha
Catequistas em Formação

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

ENCONTROS DE PAIS NA CATEQUESE: COMO FAZER?


Como fazer um bom "Encontro com os pais"?

Os “Encontro de Pais” precisam acontecer. Mesmo que seja uma vez só no ano... E aqui vão algumas dicas de como conduzi-los.

Todo e qualquer encontro precisa de OBJETIVO.

Realizar encontro para cumprir calendário e cronograma, ou mesmo porque “está no planejamento”, é pura perda de tempo. Todos os encontros e reuniões precisam ter um “motivo” válido. É preciso analisar o grupo que você quer envolver.
  • Afinal, qual a realidade destes pais?
  • Estes pais já não têm uma agenda cheia com trabalho, estudo e um monte de outras coisas?
  • Qual a real necessidade da reunião ou encontro para o grupo de pais?
  • Esta reunião precisa ser feita?
  • Avisos e informativos podem ser feitos por escrito ou mesmo através do e-mail.
  • Os encontros e reuniões de pais jamais devem ser um “incômodo” na vida deles.

E se o problema detectado é a falta de envolvimento com os pais na catequese dos filhos? O que fazer?

Infelizmente essa é uma realidade de quase todas as paróquias e pastorais catequéticas. É fruto da própria realidade sócio-cultural em que vivemos. A catequese é tratada como se fosse uma “aula de religião” ou uma obrigação social. Necessária para adquirir certo conhecimento “religioso” para “adquirir” os sacramentos da Eucaristia e Crisma, essa é a visão da maioria dos pais.

Vocês já foram às reuniões de pais de uma escola? A presença só é maciça se for por alguma obrigatoriedade como: pegar boletim, justificar faltas das crianças, notas baixas, etc. Como na catequese não tem nada disso, a maioria dos pais pensa duas vezes antes de ir. Por que ficar sentado lá, uma hora ou mais, se depois posso pegar a coisa por escrito?

A verdade é que “Encontros de pais”, precisam ser encarados como “formação” ou catequese mesmo! Ou seja, é preciso por no planejamento anual a catequese para os pais. Sente-se a necessidade de oração, espiritualidade, partilha, solidariedade na vida das famílias. Todos os problemas que temos, envolvendo comportamento, falta de assiduidade, desinteresse e a própria falta de vivência de Igreja, deve-se a falta de evangelização das famílias. Essa nossa catolicidade “herdada” já não funciona mais. Ser cristão não é fator genético.

Que tipo de “formação” os pais necessitam? O que tratar nos encontros de catequese com os pais?

Normalmente os pais passaram por algum tipo de catequese ao longo da vida, seja na infância ou nos cursos de noivos, batismo, encontros de casais, etc. Espera-se, portanto, que eles tenham algum conhecimento da doutrina religiosa e dos pilares da nossa fé: Orações, sacramentos, Credo, Mandamentos, história da salvação, vida de Jesus e história da Igreja.

Espera-se... no entanto, o que percebemos é que a catequese que eles tiveram é, na maioria das vezes, muito superficial. Como precisamos trabalhar com a premissa de que precisamos deles para nos ajudar na catequese dos filhos, recomenda-se que os conteúdos abordados com a família sejam os mesmos abordados com as crianças, claro que, numa linguagem adulta e mais dinâmica.

Exemplos:
  • Conhecimento da Bíblia, os pais precisam saber manusear a Bíblia para junto com os filhos, fazer leituras. Nada como um encontro para “relembrar” isso dando pequenas dicas sobre ela;
  • A cada etapa da catequese reforça-se um conjunto de orações católicas: Santo Anjo, Ave Maria. Pai Nosso. Ideal é que se faça um encontro sobre “Orações” onde se reforce a necessidade dos pais orarem com os filhos e os incentivarem também a fazer orações espontâneas, a participar dos momentos de oração com a comunidade, terços, novenas, grupos de oração, etc.
  • Assim como é necessário relembrar os grandes pilares da fé como o Credo, os Mandamentos e Bem-aventuranças;
  • Recordar os sacramentos, principalmente dos da Iniciação: Batismo, Eucaristia e Confirmação juntamente com a Reconciliação.
  • Outro tema importante é o “Ser Igreja”, e aqui se inclui a Liturgia (Missa), Ano litúrgico, os atos de caridade e fraternidade (dízimo e outras contribuições), etc.

Quando fazer o encontro é encarado como uma “obrigação” e não uma necessidade

Um grande equívoco acontece quando as coordenações se vêem na “obrigação” de fazer os ditos “encontros”... Que acabam virando “reunião”. E muito maçantes por sinal. Como ele está lá, no planejamento anual e “tem que” acontecer, o encontro vira um "atropelo" e não se prepara uma pauta com objetivo ou uma razão específica para reunir os pais. Aí, aproveita-se a presença destes, para despejar tudo que se tem a fazer no ano e perde-se totalmente o foco do que é a “catequese” com os pais.

Fazer encontro com todos os pais da catequese ou dividir por etapas?

Uma coisa que acontece, para poupar “tempo” são os encontros de pais envolvendo multidões, ou seja, envolvendo todos os pais, independente da etapa em que estão os filhos. Isso não traz bons resultados. Um auditório cheio não proporciona o clima de acolhimento e “intimidade” que se precisa criar. Afinal estamos falando de “encontro” e não de reunião. Interessante é que se reúnam pequenos grupos.

Apesar disso, reuniões se fazem necessárias na catequese. Reuniões mesmo, onde se passe o cronograma do ano, as normas gerais da paróquia/diocese para a catequese, o que se espera dos pais e o que se espera das crianças (número de encontros, freqüência, etc.), qual o conteúdo da catequese, enfim. Temos também as reuniões para se organizar os grandes eventos como a celebrações do sacramento e as entregas. Mas estas reuniões devem ser feitas separadamente, somente para os pais das turmas interessadas.

Mas, atenção! Nunca misture as coisas. Fazer uma “reunião”, cheia de avisos e informações, junto com um “encontro”, com oração, espiritualidade e reflexão; é um erro enorme. No mínimo, uma das duas coisas, vai ser encarada pelos pais como “cansativo” e “desnecessário”.

Como então, “administrar” os encontros de pais?

Essa é uma coisa que se pode copiar das ciências sociais, como a administração por exemplo:

  • A primeira coisa, claro, é que a reunião ou encontro tem que ter um objetivo que deve ter sido pensado antecipadamente.
  • Depois precisa ter uma pauta e um cronograma do tempo necessário.
  • Cada pessoa que se pretenda envolver precisa ser “convidada” ou “participada” da reunião ou encontro.
  • Quando se trata de encontro, é um convite. Afinal se você convida alguém para um encontro, essa pessoa tem o direito de se recusar a ir.
  • Quando é uma reunião, é uma convocação. Trata-se da necessidade de resolver algum assunto. Se os pais precisam decidir algo ou precisam ser informados sobre o andamento da catequese, precisam estar lá. E para isso se faz ata e lista de presença.

É preciso diferenciar uma coisa da outra. Assim como é preciso PLANEJAR. E planejar com carinho! Discutir com o grupo, ver as reais necessidades com relação aos conteúdos abordados. Muitas vezes um simples café da manhã com os pais, sem discutir assunto algum, é muito mais frutífero do que um encontro com palestra e reflexão. Estes encontros “informais” proporcionam um conhecimento mais “íntimo” entre catequista e família.

Vamos pensar nisso!

Ângela Rocha

Catequistas em Formação

domingo, 11 de outubro de 2015

CATEQUESE E TEMPO LITÚRGICO


CATEQUISTAS EM FORMAÇÃO
Formação Básica para Catequistas
  
CATEQUESE E TEMPO LITÚRGICO
Como adequar a catequese ao tempo litúrgico

Uma das primeiras formas de se adentrar à Iniciação à Vida Cristã é a catequese, que não deve ser confundida como mera transmissão de dogmas e preceitos. E é isso que a IVC – Catequese pelo Processo Catecumenal, pretende: Iniciação além de recepção de sacramentos. Que a catequese não seja um “cursinho”, que dá diploma ao final (sacramento), mas, um processo de iniciação à fé e à vida em comunidade.

Hoje a opção religiosa é uma escolha e não simplesmente tradição e imersão cultural; daí a exigência de formar cristãos firmes e conscientes de sua fé. Ao assumir seriamente a iniciação cristã estaremos entre os primeiros beneficiados: fará crescer tanto evangelizados como evangelizadores em toda comunidade. Se tivermos pessoas verdadeiramente evangelizadas, teremos discípulos missionários e teremos catequistas.

É preciso que a catequese ajude na vivência do mistério de Cristo, do qual os catecúmenos ou catequizandos, desejam participar plenamente pela iniciação. Para isso, a catequese deve ser distribuída por etapas, integralmente transmitida e relacionada com o Ano Litúrgico, apoiada em celebrações da palavra.

 As celebrações da palavra, inseridas nos tempos litúrgicos e com um elenco próprio de leituras bíblicas, ajudam a assimilar os conteúdos da catequese (por exemplo o perdão, a solidariedade e todos os valores cristãos). As celebrações ensinam de forma prazerosa “as formas e os caminhos da oração”, aproximam dos “símbolos, ações e tempos do mistério litúrgico” e introduzem “gradativamente no culto de toda a comunidade”.

Hoje, numa tentativa de “abeirar-se” do Catecumenato como processo de iniciação à vida cristã, muitas comunidades estão adotando o Ano Litúrgico como Calendário para orientar a catequese. Inicia-se a catequese logo após a Páscoa e, num processo gradual e contínuo - dependendo da preparação dos catecúmenos e catequizandos - os sacramentos da iniciação são feitos ou no Sábado ou no Domingo de Páscoa. Por que?

Ora, acontece que a catequese está estreitamente ligada ao tempo litúrgico pela Quaresma, que são os 40 dias de preparação que a Igreja nos traz para a conversão, jejum, penitência e caridade. E encontramos esta orientação no RICA (pg. 115, item 139): “...os sacramentos da iniciação devem ser celebrados nas solenidades pascais e sua preparação imediata é própria da Quaresma”.

Na Quaresma que precede os sacramentos da iniciação, realizam-se os Escrutínios e as Entregas, ritos que complementam a preparação espiritual e catequética dos “eleitos” e se prolongam por todo tempo quaresmal.

* Escrutínios são rituais que se realizam por meio de exorcismos (orações e bênçãos), e são de caráter espiritual. O que se procura por meio deles é purificar os espíritos e os corações, fortalecer contra as tentações, orientar os propósitos e estimular as vontades, para que os catecúmenos ou catequizandos se unam a Cristo e reavivem seu desejo de amar a Deus (RICA 154 a 159).

Uma coisa que nos passa despercebida é que toda a Liturgia Quaresmal foi feita para a catequese! Nada mais correto então, que, aqueles que estão sendo preparados para adentrar ao Mistério da Morte e ressurreição de Cristo, pela EUCARISTIA, o façam após este período de preparação. Observemos que todas as leituras dos cinco domingos da Quaresma são uma preparação para que os novos cristãos recebam os sacramentos da Iniciação.


A CATEQUESE NO TEMPO DA PURIFICAÇÃO E ILUMINAÇÃO (QUARESMA):

Todos os anos o Primeiro Domingo da Quaresma é dedicado à reflexão das tentações de Jesus (Lc 4,1-13). Apresenta o modo como o Mestre as enfrentou e tem como finalidade indicar aos catecúmenos e aos batizados qual é a tática usada pelo inimigo e como lhe resistir. Neste primeiro domingo o RICA (Ritual de Iniciação Cristã de Adultos), prevê o Rito da Eleição ou inscrição do nome dos candidatos a receberem os sacramentos.

O Segundo Domingo de Quaresma, apresenta a transfiguração. Os cristãos devem estar conscientes de que seguir a Jesus significa dar a própria vida. O grão de trigo morre, mas ressuscita sempre numa forma nova e centuplicada. O destino último do homem não é a morte, mas a ressurreição, como mostra o sinal da transfiguração.

Do Terceiro Domingo em diante os temas variam conforme o ciclo litúrgico

* Neste 3º domingo, conforme o RICA realiza-se o 1º escrutínio, no 4º Domingo o 2º e no 5º domingo o 3º. As “Entregas” devem ser feitas depois dos escrutínios e podem ser feitas durante a semana: O Símbolo (Credo) deve ser entregue depois do 1º Escrutínio; a Oração do Senhor (Pai Nosso), depois do 3º. Estas entregas podem também ser feitas durante o catecumenato para enriquecer o mesmo, a maneira de “ritos de transição. (Rica, 53). O RICA recomenda que a Celebração do Batismo, da Confirmação e da Eucaristia sejam feitos na Vigília Pascal.


ANO A

As leituras do ano A atualizam a celebração da Morte-Ressurreição de Cristo. Esta celebração é como o tecido de fundo de todas as leituras. Como todos os sacramentos cristãos estão ligadas de uma maneira ou de outra a esse Mistério Pascal, essas leituras vão constituir a melhor preparação aos “Sacramentos da iniciação cristã".

Temos então neste ano A, no 3º Domingo, a Samaritana no poço (João 4, 5-42), numa estreita correlação que é Cristo quem nos dá a água da vida. Pelo batismo nos é dado o amor de Deus derramado em nossos corações. No 4º Domingo, Jesus cura o cego de nascença (João 9,1-41). O dom da vida transmitido no batismo desenvolve-se em dom de luz. Por meio dos sacramentos nossos olhos abriram-se como os de o cego de nascença pois podemos ver as coisas segundo a visão de Deus. No 5º Domingo, Jesus ressuscitou Lázaro (João 11,1-45), ele é a Vida e dá a vida aos que acreditam n’Ele. Nos sacramentos da iniciação cristã recebemos a vida nova e somos transformados em criaturas novas.

ANO B

As leituras do Ano B, põem em evidencia o mistério da Aliança e a conversão necessária para entrar na amizade da Aliança.

Aqui vemos a Aliança selada com Noé (1º Domingo), com Abraão o antepassado do Povo escolhido (2º Domingo) e com o povo de Israel pela intermediação de Moisés (3º Domingo) são anuncio e prefiguração da Aliança nova e eterna selada por Deus com toda a humanidade em Cristo Jesus, selada no sacrifício da Cruz. Como a serpente elevada por Moisés no deserto é sinal de cura, igualmente a cruz de Cristo é sinal e realização da salvação: para ter acesso a essa salvação em Cristo é necessário converter-se, acreditar na luz e seguir a Cristo crucificado (4º Domingo). Deus, pelo profeta Jeremias, anuncia uma nova Aliança inscrita nos corações. Esta nova Aliança realiza-se em Cristo que vem reconstruir a humanidade e juntar tudo na unidade (João 12). Para fazer parte desta humanidade nova é necessário aceitar converter-se para viver da nova lei, o amor que inclui mesmo o inimigo (5º Domingo).

ANO C

Nas leituras do Ano C, o tema central é da paciência de Deus e da conversão. Deus chama o pecador à conversão e lhe oferece seu perdão quando volta a Ele.

Como para os anos A e B os dois primeiros domingos do ano C falam da tentação de Jesus (Lucas 4) e da transfiguração (Lucas 9). A tentação significa a escolha do homem diante o mistério de Deus e da fé. E uma opção a seguir Cristo para cumprir assim fielmente a vontade do Pai. Seguindo a Cristo, o Filho bem-amado, seremos transfigurados e teremos parte na sua glória.

Os três outros domingos da quaresma do ano C nos falam da teologia da paciência e do perdão de Deus. Jesus nos fala da conversão necessária: "Se não mudais de vida, morrereis todos" (Lc 13,1-9). Deus é paciente (a parábola da figueira que não dá frutos), se rejeitamos até o fim a graça que nos é oferecida não escaparemos ao juízo (3º Domingo).
Jesus propõe-nos a parábola do pai misericordioso (Lucas 15,11-31 ). Deus é paciente, Ele espera o homem pecador que se afastou dele como o pai da parábola espera o filho que abandonou a casa paterna. As leituras deste 4º Domingo são um hino à bondade de Deus e à reconciliação com Ele. Nas leituras do 5º Domingo diz-nos: “Não vos lembreis dos acontecimentos de outrora, nem penseis mais no passado, pois vou realizar algo novo” (Is 43,18-19). A mensagem que Deus nos dá é esta: Ele perdoa sempre, de forma incondicional, nunca condena, como prova a atitude de Jesus no Evangelho. Jesus acolhe e levanta a mulher adultera, ele diz-lhe: "eu não te condeno, vai e não peques mais" (João 8,1-11).

No Domingo de Ramos (ou sexto Domingo da Quaresma), todos os anos, é lido o relato da paixão: No Ano A, do Evangelho de Mateus; no Ano B, do Evangelho de Marcos; e Ano C é lido o Evangelho de Lucas.

Percebe-se então que, Catequese e Liturgia, tem uma estreita ligação. Uma não há de existir sem a outra, já que a catequese “educa” para a Liturgia e esta, por sua vez, não existirá se não houver catequese e orientação para ela. Adequar, portanto, os ritos e celebrações dos sacramentos ao Tempo Litúrgico é condição primeira para que esta possa ser chamada de Iniciação à Vida Cristã. No entanto, todo o processo se Iniciação ficará comprometido caso se faça ritos e celebrações apenas para cumprir “calendário” e obrigações, desta forma, toda a Liturgia que se pretende ser profunda e mistagógica, não passará então, de mero ritualismo de nossa parte.

Ângela Rocha
Catequista

CONSULTAS:

Domingos Ormonde. Iniciação cristã e catecumenato. Revista de Liturgia. Novembro/dezembro 2001, pág. 28 e 29.

Congregação para o Clero. Diretório Geral da Catequese (DGC), 1997. n. 90 e 91.

Sagrada Congregação par o Culto Divino. RICA – Ritual de Iniciação Cristã de Adultos (1973). São Paulo: Paulinas, 2003.


Guias Litúrgicos: Anos A, B, C. (2013, 2014, 2015). Petrópolis: Vozes.