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quinta-feira, 19 de julho de 2018

INQUIETAÇÕES DO CATEQUISTA...



Estava aqui pensando no que dizer à inquietação de tantos catequistas. 

Sim, estamos inquietos com relação ao futuro da catequese em nossas comunidades. 

Mas, é bom que sejamos inquietos. O evangelizador precisa se inquietar e não aceitar as coisas exatamente como elas são. Agora, o que não podemos deixar acontecer, é que essa inquietação mate nosso espírito de luta e nos deixe prostrados simplesmente recebendo - ou não recebendo, dependendo do caso - as coisas como vêm, prontas e acabadas.
Mas, vamos às “inquietações”:

Como prover recursos financeiros para a catequese?
Por que temos tantas reclamações das (os) catequistas?

Isso falando a respeito do quase abandono de algumas paróquias com relação às necessidades da catequese, desde recursos materiais até a formação de seus agentes.

Para começar, quero colocar aqui uma frase para nos inspirar:

“Não é possível derramar mais água numa taça já cheia; assim também Deus não pode verter as suas graças numa alma cheia de distrações e frivolidades”.
(São Maximiliano Maria Kolbe)

Pois é, não se coloca nada numa taça já cheia, ou seja, ninguém aprende se acha que já sabe e ninguém procura o que acha que não precisa.

Quem sabe nossos padres e lideranças não estejam, então, com a alma cheia de distrações e frivolidades? E aqui quero lembrar a vocês que um padre é, antes de tudo (não deveria, mas, é), o administrador paroquial. Tanto no quesito pastoral quanto administrativo/financeiro. Afinal uma paróquia é uma “empresa”, com CNPJ e tudo.

Evidentemente, ele poderia contratar um profissional para isso, mas, a nossa Igreja ianda está longe de pensar em trabalhar fora do voluntariado. E voltemos àquela questão da “taça cheia”: Muitos acham que o mandato vocacional proporciona sabedoria infinita e recorrem ao Espírito Santo (que não fez graduação nenhuma em finanças!), para prover o que lhe falta em especialização e conhecimentos administrativos. Muitos padres não conseguem administrar as finanças de uma paróquia e esta acaba sendo mantida com dificuldade pelo coração caridoso dos seus fiéis. Aliás, esta também é uma das reclamações de muitos dos nossos catequistas, que usam seus próprios recursos para conseguir fazer uma catequese mais elaborada. Isso quando eles mesmos é que tem que comprar Bíblias e manuais de catequese para seus catequizandos.

Enfim, aqui alguns diriam que só nos resta rezar. Rezar para que nossos líderes, por algum milagre dos céus, tomem consciência de que, sem os leigos, principalmente os catequistas, não haverá mais paróquia para administrar se as coisas continuarem assim.

E aqui eu recorro a mais uma frase de São Maximiliano:

“O fruto do nosso apostolado depende da oração. Se falamos de oração, não se deve entender que seja preciso ocupar muitas horas em estar de joelhos e em oração, mas que sejam feitos atos internos...”.

“Atos internos”. O que nosso venerável santo quis dizer com isso? Acho que se lembrarmos que o ato mais nobre da vida dele foi se oferecer para morrer no lugar de um pai de família num campo de concentração nazista, não precisamos pensar muito na resposta.
Mas, aí está uma coisa que a gente não se põe muito a pensar... No quanto as orações têm o poder de nos mudar “internamente”. Ao nos confessarmos fracos e impotentes, e pedirmos ajuda a Deus, estamos, inconscientemente, ajudando a nós mesmos. A despertar o “Espírito Santo” que existe dentro de nós. De nada adianta nos pormos a rezar sem dar uma “ajudinha” a esse Espírito Santo. Não recebemos dele sete dons? Onde estão quando precisamos?

E essa “ajudinha” é justamente pensar no que afinal se pode fazer para que nossa catequese fique melhor. Claro que é difícil mudar alguma coisa quando coordenações e párocos estão apáticos e desmotivados ou sequer acreditam na catequese. Mas, mudanças podem ser “operadas” nas pequenas coisas que “nós” fazemos!

E que “pequenas coisas” são essas que podemos fazer?

Primeiro, independente de saber se o padre ou o coordenador conhece o Diretório (DNC) e os documentos da catequese, preciso “EU” mesma (o) conhecê-los. “Ah, mas não posso por em prática nada do que diz lá! ”. Quem disse que não?

Se eu sei qual é a metodologia de Jesus, o que é interação fé e vida, o método ver-julgar-agir; por que não posso colocá-los em prática? O “como” se catequiza é uma das formas mais eficientes de se conseguir catequizar. Posso não estar influenciando as gerações que me precedem, e a minha já esteja um tanto perdida, mas, com certeza, influencio aquelas que virão. Ninguém é mais o mesmo depois que “experimenta” Jesus de verdade. Depois do “encontro” com Ele!

Só que quando não temos as “armas do poder” é preciso um pouco de paciência. Se não sou nada na paróquia, pelos menos em termos de influência com o pároco ou coordenação, o negócio é mudar NO espaço em que me é permitido. E este espaço se chama “catequese”, aquela de verdade, que faço quando consigo ecoar a Palavra de Deus entre os meus catequizandos. É claro que preciso seguir as “normas” e as “regras” da pastoral. Não posso fugir delas. Tenho que trabalhar com elas a meu favor, por mais que não concorde com elas.

E quais são mesmo as reclamações? Não temos apoio.... Não temos espaço.... Não temos recursos.... Não temos material... Não temos preparo.... Não temos orientações.... Não temos....

Difícil para um (a) coordenador (a) resolver tudo isso, não é? Isso quando o problema não é ter coordenação!

E achar solução para todos estes “não temos”, não é assim tão complicado. Tanto é que a catequese acontece, apesar de todos estes problemas. Mas, a que custo? E não estou aqui falando do “custo financeiro... Falo do custo de perdermos pessoas que acabam desanimando e, sem motivação, acabam deixando a catequese. Que já é, por sua própria natureza educacional, bem exigente.

E parece que a solução para a falta de recursos na catequese, tem sido resolvida, muitas e muitas vezes, pelos próprios catequistas. Que se desdobram, além dos encontros, em inúmeras atividades de arrecadação de fundos e outros serviços: jantares, barracas, rifas, venda de salgados, feira de usados, etc.; faxina e manutenção das salas e por aí vai; usam o próprio dinheiro para comprar o que basicamente se necessita: papel, Bíblias, manuais, recursos didáticos, etc. E tem também os casos em que a paróquia conta com uma equipe de catequistas que tem dinheiro sobrando e não se incomode de sustenta-la...

Bom, não sou contra nada disso, desde que:


- O dízimo e os recursos arrecadados com as doações dos fieis não estejam, única e exclusivamente, sendo usados na manutenção do templo, em construções de “embelezamento” e na manutenção dos gastos da paróquia;

- A paróquia ou comunidade seja mesmo carente, esteja localizada numa região de população igualmente carente e cujo dízimo, realmente, não sustente as atividades pastorais;

- Os catequistas estejam tirando recursos do próprio bolso para a compra dos materiais necessários à evangelização.

Agora, se a paróquia tem e utiliza todos os seus recursos na manutenção de pessoal e manutenção física da paróquia, aí tem alguma coisa errada! Má administração, só para começar, depois falta de conscientização das lideranças e falta de visão de futuro para a nossa Igreja. Quem é que sentará nos lindo bancos e belos templos, se não houver mais católicos, se não evangelizarmos mais? Se a catequese deixar de existir, o que a substituirá?

O que podemos começar fazendo, é conhecer a realidade da nossa comunidade, saber se há recursos, onde estão sendo utilizados e se podemos ajudar a melhorar as coisas. Os bons párocos com lideranças conscientes (que os ajudam e não incomodam!), costumam ser transparentes e não escondem nada. Priorizam a evangelização e estão dispostos sempre a apoiar a catequese e as demais pastorais. Penso que não custa perguntar e dar uma olhadinha nas prestações de contas da paróquia. Ela deve sempre estar disponível aos fiéis da comunidade que desejarem vê-la. Somos a “comunidade”.

Esta é apenas uma das “coisinhas” que a gente pode fazer. E continuar se inquietando sempre. Colocar nossa inquietação para fora. Inquietar-se é bom. Mas, é melhor ainda quando nos anima a mudar, a fazer pequenas coisas que podem ser tornar grandes na vida das pessoas que estão ali, ao nosso redor e sob a nossa responsabilidade.

E para finalizar, lembremos de uma frase que eu nem sei de quem é:

Palavras sensibilizam, exemplos arrastam...


Ângela Rocha
Catequistas em Formação

* De repente a gente compra um "inquieteco" (fidget spinner ou hand spin), quem sabe? Sei lá?  Rsrsrsrsrs...



Um comentário:

Sueli Ligieri disse...

Maravilha essa ponderação, reflexão,vez por outra releio, sempre tem algo novo que me chama a atenção. Obrigada Ângela