HOMILIA DO 15° DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B
São Paulo nos presenteia
neste domingo com um belo texto do Novo Testamento: “Bendito seja Deus, Pai de
Nosso Senhor Jesus Cristo (...) Em Cristo Ele nos escolheu, antes da fundação
do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor.”
(Ef 1, 3-4). A nossa vida é uma benção, que nos faz bendizer, agradecer e
louvar a Deus. Nesta benção está uma escolha, uma predileção que antecede a
criação, que se insere no mistério e no coração divino – uma predileção no amor.
Aqui está enraizado o sentido da vida humana: responder a esta escolha, que
implica chegar a Deus por Cristo Jesus, seguindo seus passos, anunciando a
experiência desta escolha e benção esperando a
vida que nos será em plenitude, quando tudo for unido em Cristo.
O Senhor nos escolhe no amor
e para o amor. Escolhe-nos também para sermos profetas e missionários como
vemos na primeira Leitura e b no Evangelho. A missão tem suas exigências, que
garantem de imediato a sua eficácia, mas trazem maior coerência com a proposta
divina. As leituras nos revelam que a palavra-chave da missão é a liberdade.
O profeta Amós (primeira
leitura), profeta da justiça social, é livre diante os problemas políticos e
econômicos. Amasias é sacerdote do Templo, precisa falar em nome do rei, de
acordo com interesses do reino; por isso tenta calar e afugentar o profeta que
incomoda. Por sua vez, Amós não profeta nem filho de profeta, ou seja,
tornou-se um mensageiro por mandato divino, não deve nada a ninguém e,
portanto, prega a verdade, denuncia sem medo.
Em nossa vida, devemos ser
livres das amarras da corrupção, livres de interesses, livres de qualquer
pessoa, seja ela pobre ou rica, ornada de cargos ou sem referência alguma. Mós nos ensina que não podemos nos pautar em
esquemas que roubam a nossa autenticidade, nossa identidade. A igreja e seus
profetas devem aprender a lição de Amós, pois em muitas ocasiões preferiu as
migalhas o poder e do dinheiro, pensando, por vezes, o que está em jogo era a
integridade do nome cristão e da própria Igreja.
No Evangelho, Jesus, ao enviar os doze,
recomendou-lhes que não falassem nada para o cainho, a não ser um cajado; nem
pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura. Mandou que andassem om e que não
levassem duas túnicas (cf. Mc 6, 8-9). Não se trata de uma lista a ser seguida
à risca. Não vamos nos ater nos detalhes das renúncias propostas no Evangelho,
mas no significado delas. O que importa é o sentido: a missão exige
despojamento.
Confiamos facilmente em
muitas coisa: na nossa capacidade e inteligência, nos bens materiais, no
dinheiro acumulado, nos planejamentos. Jesus está nos pedindo mais do que
orgulho, de nossa vaidade, dos interesses que não nos abandonam quando falamos
e agimos em seu nome. Por vezes as atividades pastorais são meios para se obter
gratificação ou para curar carências, provenientes de lacunas pessoais.
Os meios empregados são
também conteúdo evangelizador. Portanto, a Igreja deve cuidar com o que leva no
seu alforje. Uma igreja das cores, do brilho, a eficiência da perfeição
ritualista e da multidão pode esconder a perversão da proposta evangélica.
Despojar-se e apresentar o Cristo que nos deseja na mesma linha, confiando na
graça- eis nossa tarefa. Jesus enviou os seus discípulos, dois a dois. Nunca
envia ninguém sozinho, evidenciando que a partilha e o ponto de apoio mútuo são
facilitadores. Ninguém pode ser critério de si mesmo, portanto, o outro e a
comunidade sempre poderão nos fazer crescer.
Pe. Robert Nentwig
Arquidiocese de Curitiba - PR
FONTE:
NENTWIG, Roberto. O Vosso Reino que também é nosso. Reflexões Homiléticas - Ano B. Curitiba; Editora Arquidiocesana, 2015. pg. 79.
NENTWIG, Roberto. O Vosso Reino que também é nosso. Reflexões Homiléticas - Ano B. Curitiba; Editora Arquidiocesana, 2015. pg. 79.
Nenhum comentário:
Postar um comentário