HOMILIA DO 14º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B
As leituras deste domingo
nos mostram que Ezequiel e mesmo Jesus não foram aceitos. Sim, o próprio Filho
de Deus foi rejeitado em sua terra, pelos seus vizinhos e até mesmo pelos seu parentes. Os profetas não são
escutados, são motivos de zombarias, são perseguidos e até mortos. Ou porque
não se acredita naqueles que são muito próximos, ou porque a palavra é dura,
uma verdade que dilacera a alma.
Não precisamos ir muito longe para encontrar
profetas (apesar da sua escassez). Certamente, não muito distante de nós há
alguém que grita com sua palavra ou com seu silêncio. Porém, é ainda mais fácil
se render ao que causa menos impacto.
A reflexão deste domingo
gira em torno da escolha ou da rejeição. E por que escolhemos certas coisas ou
não? Nós fazemos opções e nos dedicamos pelo que escolhemos. São essas escolhas
certas, e também não tão certas. Por que somos capazes de não escolher o Cristo
e seus profetas, para aceitar outras vozes que ecoam ao nosso redor? Certamente
o mal nos engana muitas vezes.
Um caminho para melhorar
nossas escolhas seria fugir de nossos egos, tentar evitar as escolhas
definitivamente más. Mas há outro caminho mais interessante: procurar aplicar
energia no que realmente tem valor. Colocar energia no bem, ao invés de gastá-la
evitando o mal. As opções concretas da nossa vida, aquilo que escolhemos e
daquilo que rejeitamos dependem do nosso desejo. O que mexe com o centro volitivo de nosso ser,
o que é feito por paixão tem mais chance de dar certo, enquanto que as coisas
que não mexem com nosso desejo ficam pelo caminho.
Precisamos, portanto,
encontrar onde está o nosso desejo e aplica-lo bem. Precisamos mudar a energia de
direção, de vez em quando. Enquanto vivermos a esperança de São Paulo, queria
fazer o bem e não conseguia, enquanto formos como os galileus que rejeitaram o
filho do carpinteiro, precisamos pensar sobre o nosso desejo. A voz do homem
velho ainda fala em nós.
São Paulo tinha paixão, tinha
desejo. Desejava Deus e brigava pelas suas convicções. Mas em certos momentos,
não suportava suas dores e, suas cruzes. Então ele pedia: “Senhor, tira o meu
sofrimento” (2Cor 12,8). E Deus respondia “Basta-te a minha graça” (2Cor 12,9).
E São Paulo entendia que seu desejo ainda não estava totalmente direcionado
para o Senhor, compreendia que era um homem fraco. Mas na sua fraqueza se manifestava a
força de Deus. E veja que ele clamou por três vezes. E quem vai dizer que São
Paulo não tinha fé para alcançar uma graça? E, certamente, alcançou a graça,
segundo o desígnio de Deus.
Na nossa fraqueza, no nosso
pecado, no nosso desejo ainda tão egoísta, na nossa rejeição pelo verdadeiro Deus,
na nossa cruz, no nosso medo se manifesta a força de Deus. Por isso, aceitamos
nossas fraquezas, não a ignoremos. As sombras são em certa medida o que nos faz
ver a luz. Tenhamos consciência de nossos desejos, pois isso nos faz humanos.
Mas tenhamos a certeza que a fraqueza humana está a força Daquele que se fez
fraqueza por nós. Tornou-se fraco para, na nossa fraqueza, fazer-nos fortes.
Pe. Roberto Nentwig
Arquidiocese de Curitiba-PR
FONTE:
NENTWIG, Roberto. O Vosso Reino que também é nosso. Reflexões Homiléticas - Ano B. Curitiba; Editora Arquidiocesana, 2015. pg. 79.
NENTWIG, Roberto. O Vosso Reino que também é nosso. Reflexões Homiléticas - Ano B. Curitiba; Editora Arquidiocesana, 2015. pg. 79.
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