HOMILIA DO 18º. DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C
Qual
é o sentido da vida? Por que trabalhamos? Qual é o sentido de nossas ocupações?
Essas perguntas eram feitas por um homem sábio que escreveu o Livro de
Eclesiastes no séc. III a. C. Sua resposta: "Vaidade das vaidades, tudo é vaidade". O termo vaidade também
pode ser traduzido por ilusão, fantasia, absurdo, algo vazio. O versículo 22 da
1ª. Leitura diz que o mero trabalhar por trabalhar, ou por dinheiro ou para se
preencher, é vaidade porque não leva a nada. Assim, corremos o risco de
fazermos da vida um sofrimento em vão. O sentido da existência depende do
porquê fazemos as coisas, da finalidade de nossas ações. O insensato do
Evangelho achou uma solução para sua existência: “Descansa, come, bebe, aproveita!” É o esbanjar a vida que está por
detrás da filosofia de nossa sociedade: dinheiro, prazer, posses, vícios, o
mínimo de esforço pelo máximo de prazer.
São
Paulo nos traz uma advertência (2ª Leitura). Já estamos revestidos do homem
novo, mas ele ainda está se revelando: ainda escondemos o homem novo pelo barro
do pecado; quando lavamos a sujeira, o homem novo vai aparecendo. Devemos
morrer para as coisas da terra: isso não significa desprezar o que Deus criou,
mas utilizar bem o que Deus criou. Devemos deixar de lado a imoralidade, a
impureza, a paixão, os maus desejos, a idolatria, a cobiça.
Jesus
nos conta uma parábola que mostra o fim de um homem que apenas pensou em
aproveitar a vida. Fez a riqueza na terra, mas ficou pobre de Deus. Jesus não
condena a riqueza em si, mas condena a causa do problema – o ganancioso acumula
só para si, eis seu pecado. É interessante observar quantas vezes o personagem
da parábola fala para si mesmo no singular: “O que eu vou fazer? Não tenho onde guardar a minha colheita (...) eu já
sei o que eu vou fazer: eu vou derrubar meus celeiros, eu vou construir
celeiros maiores, então eu direi a mim mesmo...” (13 palavras no singular).
Onde está a sua família? Ele certamente tinha filhos, esposa, amigos, mas não
há espaço para eles na sua ganância. O acúmulo estava em função dele mesmo e,
por isso, não estava certo. O Evangelho nos propõe uma maneira de viver: a
felicidade acontece pelo dom, pela partilha, pelas relações fraternas. A
riqueza deve estar em função do próximo, nossos pertences em favor da vida do
outro, os bens materiais dos que tem mais devem servir aos pobres.
A
ganância é uma falsa segurança. Quando não confiamos verdadeiramente que Deus
traça a nossa história, confiamos em muletas que nos dão segurança. Diante do
mundo capitalista, pobres e ricos precisam se posicionar. A lógica do
capitalismo está na nossa cultura, faz parte do nosso cotidiano e muitas vezes
nem percebemos como esta lógica nos escraviza. É esta insistência do papa em
seus pronunciamentos: “Queria que nos
perguntássemos com sinceridade: em quem depositamos a nossa confiança? Em nós
mesmos, nas coisas, ou em Jesus? Sentimo-nos tentados a colocar a nós mesmos no
centro, a crer que somos somente nós que construímos a nossa vida, ou que ela
se encha de felicidade com o possuir, com o dinheiro, com o poder. Mas não é
assim! É verdade, o ter, o dinheiro, o poder, podem gerar um momento de
embriaguez, a ilusão de ser feliz, mas, no fim de contas, são eles que nos
possuem e nos levam a querer ter sempre mais, a nunca estar saciados. ‘Bote
Cristo’ na sua vida, deposite n’Ele a sua confiança e você nunca se
decepcionará” (Papa Francisco).
Os
3 últimos desejos de Alexandre, o Grande
1º
- Que seu caixão fosse transportado pelas mãos dos médicos da época;
2º
- Que fosse espalhado no caminho até seu túmulo os seus tesouros conquistados
como prata, ouro e pedras preciosas;
3º
- Que suas duas mãos fossem deixadas balançando no ar, fora do caixão, à vista
de todos.
Um dos seus generais, admirado com esses desejos
insólitos, perguntou a Alexandre quais as razões desses pedidos e ele explicou:
1º
- Quero que os mais iminentes médicos carreguem meu caixão para mostrar que
eles não têm poder de cura perante a morte;
2º
- Quero que o chão seja coberto pelos meus tesouros para que as pessoas possam
ver que os bens materiais aqui conquistados, aqui permanecem;
3º
- Quero que minhas mãos balancem ao vento para que as pessoas possam ver que de
mãos vazias viemos e de mãos vazias partimos.
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