CATEQUISTAS EM FORMAÇÃO
SÉRIE: Formação
Básica para Catequistas
INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ: REFLEXÕES A PARTIR DO DOCUMENTO DE
APARECIDA
“A Iniciação Cristã é a maneira prática de
colocar alguém em contato com Jesus Cristo e iniciá-lo no discipulado” (DAp
288).
“Ou educamos na fé,
colocando as pessoas realmente em contato com Jesus Cristo e convidando-as para
segui-lo, ou não cumpriremos nossa missão evangelizadora” (DAp 287).
“Ser discípulo é um dom
destinado a crescer. A iniciação cristã dá a possibilidade de uma aprendizagem
gradual no conhecimento, no amor e no seguimento de Cristo. Dessa forma, ela
forja a identidade cristã com as convicções fundamentais e acompanha a busca do
sentido da vida” (DAp 291).
“Como características
do discípulo, indicadas pela iniciação cristã, destacamos: que ele tenha como centro a pessoa de Jesus Cristo; que
tenha espírito de oração, seja amante da Palavra, pratique a confissão frequente e participe da Eucaristia; que se insira cordialmente na comunidade eclesial e social, seja solidário no amor e fervoroso missionário”
( DAp 292).
“A catequese não deve
ser só ocasional, reduzida a momentos prévios aos sacramentos, mas sim
itinerário catequético permanente (DAp298); não pode se limitar a uma formação
meramente doutrinal, mas de formação integral” (DAp 299). É catequese para o
seguimento de Jesus, o discipulado.
O processo de formação dos discípulos missionários
No processo de formação
de discípulos missionários, destacam-se cinco aspectos fundamentais que se
complementam e se alimentam entre si (DAp 278):
01) O encontro com Jesus Cristo:
O Encontro dá origem à
iniciação cristã; é o Senhor quem chama (Mc 1,14) aqueles que o buscam (cf. Jo
1,38). Esse encontro desperta o encantamento, paixão por Jesus. São Paulo
descreve na Carta aos Filipenses, como ele se encantou por Jesus. O Documento
de Aparecida fala da ação de graças (nº 23 a 27) e da alegria do encontro com
Jesus (nº 28 e 29):
“Conhecer a Jesus é o
melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor
que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é
nossa alegria. ”
Esse Encontro envolve o
testemunho pessoal, o anúncio do Querigma e a ação missionária da comunidade.
Quem compreendeu que
ser cristão não é um peso, mas um dom (cf. DAp 28), é capaz de anunciar a Boa
Nova do amor de Deus, na certeza que brota da fé. A vibração interior é
fundamental. Aqui há necessidade da humildade, aceitar e aprender com o outro,
a EMPATIA. É preciso respeito e acolhida das pessoas e de suas realidades por
causa de Deus e da obra que Ele já realizou; antes do evangelizador, o Espírito
Santo chegou! Valorizar o diálogo para identificar e reconhecer os valores da
pessoa, ouvir o outro, para depois anunciar o Querigma.
O anúncio querigmático
requer uma formação bíblico-doutrinal, mediante um aprofundado conhecimento da
Palavra de Deus e dos conteúdos da fé.
O Diretório Nacional de
Catequese (nº30 a 32) destaca os seguintes elementos essenciais do querigma:
a)
Em Jesus que anuncia a chegada do Reino, Deus se mostra Pai amoroso;
b)
A salvação em Jesus, integral, que começa aqui e se projeta na eternidade;
c)
Deus nos chama à conversão e a crer no seu Reino que se inaugura em Jesus;
d)
Deus quer nos salvar com a nossa participação e responsabilidade;
e)
A Igreja, comunidade dos que creem em Jesus, é o início desse Reino;
f)
O destino eterno e glorioso daquele que crê, ama e espera.
Gevaert (2009, p.7), ao
tratar do primeiro anúncio, afirma: “Urge
anunciar Jesus Cristo liberto dos fundamentalismos que tentam aprisiona-lo como
um milagreiro”. A CNBB em “Anúncio Querigmático e Evangelização
Fundamental” afirma no nº 16: “Às vezes,
o homem urbano procura, na religião, não a verdade, mas a utilidade, a
libertação de todos os seus males. ”
Gevaert (2009, p. 105),
lembra ainda que, o primeiro anúncio não é levar a doutrina cristã (catecismo) ao
convertido e nem aumentar os conhecimentos dogmáticos deste. Tudo é orientado
para a fé no único Deus, seu amor, a fé em Jesus e a esperança da vida eterna
com Deus. O autor destaca também: “A
acolhida é fundamental, significa oferecer refúgio, proteção ou conforto. O
introdutor ou catequista, quando acolhe alguém, o faz não em seu nome pessoal,
mas sim em nome de Cristo e da Igreja” (GEVAERT, 2009, P 17).
OBS: A passagem dos
discípulos de Emaús (Lucas 24, 13-35) pode servir de modelo de um percurso de
primeiro anúncio do Evangelho.
02) A Conversão:
É a resposta inicial de
quem escutou o Senhor, decide ser seu amigo e ir após Ele, mudando sua forma de
pensar e de viver. No Batismo e no sacramento da Reconciliação se atualiza para
nós a redenção de Cristo.
03) O Discipulado:
A pessoa amadurece no
conhecimento, amor e seguimento de Jesus, através da catequese permanente e da
vida sacramental. A finalidade da catequese é de aprofundar o primeiro anúncio
do Evangelho. Aprofunda-se nos mistérios do Cristo através da catequese
mistagógica, segue seu exemplo e sua doutrina.
04) A Comunhão:
O seguimento de Jesus
realiza-se na comunidade fraterna. Não
pode existir vida cristã fora da comunidade: nas famílias, nas paróquias, nas
comunidades de base, nos movimentos, etc. O discípulo participa na vida da
Igreja e no encontro com os irmãos, vivendo o amor de Cristo na vida fraterna
solidária. É também acompanhado pela comunidade e por seus pastores para
amadurecer na vida do Espírito. Catequese é, em primeiro lugar, uma ação
eclesial (DNC 39).
05) A missão:
O discípulo que se
encantou por Jesus, experimenta a necessidade de compartilhar com outros a sua
alegria de ser enviado a anunciar Jesus Cristo morto e ressuscitado, a
construir o Reino de Deus. A missão é inseparável do discipulado, o qual não
deve ser entendido como etapa posterior à formação. “Discipulado e missão são
como os dois lados de uma mesma moeda. O discípulo sabe que sem Cristo não há
luz, não há esperança, não há amor, não há futuro” (DAp pag.256).
Para D.Orlando Brandes,
arcebispo de Londrina:
“Catequese é
processo para a vida. Hoje precisamos catequizar para a humanização, a
reconciliação, a inserção social. A palavra central do cristianismo é o OUTRO e
VOCÊ (Tu). Para ser discípulo missionário, alegre, dando testemunho de Jesus, a
Igreja nos alimenta com dois seios: a Bíblia e a Eucaristia. Catequese é Fé e Vida! ”
O Pe. José Luis Quijano
(Revista de Catequese, pág.63) no Congresso de Catequética realizado em
2008/Lisboa, onde a dimensão missionária da catequese se mostrou preocupação de
todos, reconhece a necessidade da Catequese de “desinstalar-se”, revisar os
conceitos e tornar-se uma Catequese querigmática ou missionária:
“Mais que um processo linear no qual a Catequese se coloca
em continuação do Primeiro Anúncio, parece que o pluralismo, a diversidade de
propostas, o descrédito da religiosidade, as mudanças nos modos de viver,
sentir e de crer, solicitam da Catequese essa “transformação semântica” que nos
faz concebê-la como um processo ESPIRALADO , sempre aberto e em
desenvolvimento: O Querigma vai-se ampliando e aprofundando, ao longo de nossa
vida, sempre se reiterando, de um modo novo, vigoroso e atraente, mesmo depois
da conversão inicial.”
Ângela Rocha
Helena Okano
FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
CELAM.
Documento de Aparecida. 3ªed. São
Paulo: Paulus, 2007.
CNBB.
Anúncio querigmático e evangelização
fundamental. Brasília: CNBB, 2009.
______
. Diretório Nacional de Catequese. Doc.
84. 9ª ed. São Paulo: Paulinas, 2010.
GEVAERT,
Joseph. O primeiro anúncio. São
Paulo: Paulinas, 2009.
UNISAL.
Iniciação Cristã ontem e hoje. Revista de catequese. Ano 31, nº 126. Abril-junho
2009.
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