Atualmente,
a Igreja oferece duas diferentes lógicas de iniciação: de um lado
o Batismo de crianças, que se adéqua em uma sociedade cristã, e de
outro se supõe famílias organizadas que o complementam com a
educação da fé. Ao lado do Batismo de crianças, a Igreja
contempla a iniciação de adultos com uma metodologia que segue a
lógica da conversão da fé própria dos primeiros séculos do
cristianismo, que recupera o catecumenato. Este foi restaurado
pelo Ritual de Iniciação Cristã de Adultos (RICA),
em 1972.
O
sucesso de conversões rápidas que desencadeiam uma participação
mais numerosa, às vezes barulhenta, não significa, necessariamente,
uma evangelização consistente. Em alguns lugares chegam a dizer que
vale mais uma aceitação rápida, após uma catequese superficial
para o Batismo, do que um processo demorado! O catecumenato vai na
contramão destas motivações.
A
proposta catecumenal não é uma oferta superficial, mas se direciona
por um caminho de transformação na fé em Jesus Cristo, de
conhecimento e acolhida de seu Evangelho, de ser introduzido na vida
da comunidade cristã. Acaba sendo uma vivência de fé que integra
visceralmente as crenças e os valores fundamentais da pessoa. Por
isso, não é sumário organizar um grupo de adultos e, menos ainda,
ter apenas a motivação da recepção sacramental.
Por
outro lado, o catecumenato de adultos não é algo tão
especializado, capaz de retrair a comunidade, impedindo-a de
responder a esta necessidade. Sensibilizar as pessoas para perceberem
a hora de Deus em suas vidas é divino. Ajudá-las a dar o passo
seguinte de predisporem-se a acolher a novidade do Espírito em sua
rotina, com uma motivação honesta e abrangente do que implica
pôr-se a caminho com o Senhor, significa iniciar um diálogo honesto
que evitará a evasão do grupo logo nos seus inícios.
A
importância do catecumenato dos adultos se impõe pela urgência dos
tempos de hoje. Muitos pais que procuram o Batismo, ou a catequese de
Eucaristia ou de Crisma para seus filhos, sentem a necessidade de ser
evangelizados e completar a própria iniciação. Por isso, muitos
párocos se dão conta de priorizar a catequese com adultos e
entender o catecumenato dos adultos como uma modalidade complementar
e necessária da catequese por etapas. Não se prendem à mentalidade
de que a catequese seja coisa só de criança, pois muitos adultos
buscam um sentido mais pleno para suas vidas e encontram na fé em
Jesus Cristo um recomeço.
O
traço mais potente de sua pedagogia é a resposta de fé dada pelo
adulto após um tempo de amadurecimento e conversão. Após percorrer
cada etapa planejada, a resposta de fé é gerada pela
progressividade da catequese ritmada pelas celebrações de passagem.
Este processo culmina na celebração unitária dos três sacramentos
na noite pascal e se prolonga na mistagogia, como treinamento de vida
comum dada pela experiência dos sacramentos celebrados.
Dá-se
um grande envolvimento tanto da comunidade na formação de seus
novos membros, particularmente durante as celebrações que acontecem
durante todo o processo, quanto desses novos membros na aproximação
na vida da comunidade e na sua atuação pastoral. Por isso, é
necessário que os catequistas estejam engajados na comunidade e
testemunhem uma vida de fé e oração, centrada na Palavra e na
Eucaristia, cumprindo seu testemunho cristão na sociedade.
Formar
um grupo de catecumenato de adultos em vista da iniciação cristã
torna-se uma tarefa cuidadosa, ao considerar a necessidade de
catequistas preparados adequadamente para o diálogo entre fé e
vida, capacitados culturalmente, tolerantes e com tempo disponível
para dedicar a este ministério. A partir do diálogo, da escuta, que
se pode desenvolver uma adequada catequese com adultos. Exige-se
também da própria Igreja uma mentalidade de abertura e diálogo com
a mulher e o homem modernos, que são críticos e, justamente por
isso, muitas vezes se acham afastados da Igreja.
Necessariamente,
as paróquias que optarem pela integração catecumenal na catequese
com adultos e nas demais formas de catequese terão que investir na
formação de seus agentes catequistas e conscientizar a comunidade
para a mudança na forma de conceber a iniciação cristã. Sem
perceber a novidade que a inspiração catecumenal agrega na
evangelização paroquial, dificilmente essa catequese conseguirá
produzir os efeitos esperados.
Antonio
Francisco Lelo
NUCAP
– Paulinas.
Fonte: Cibercatequese - Paulinas
Nenhum comentário:
Postar um comentário