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sexta-feira, 5 de maio de 2017

HOMILIA: 4º DOMINGO DA PÁSCOA – ANO A



O BOM PASTOR

Neste domingo, a imagem do Pastor nos fala da Boa Nova com simplicidade. Logo imaginamos as ovelhinhas ternas caminhando na relva, sendo conduzidas para um redil por um pastor que as conduz com o cajado. Depois o próprio pastor se coloca na entrada, não deixando que um assaltante ou um lobo venha atacar o seu rebanho. O Pastor, portanto, faz tudo: conduz, alimenta, cura, cuida, reúne... Ao ouvir o Salmo 22, sentimo-nos protegidos pelo Bom Pastor que é o próprio Deus, um sentimento de segurança nos enche o coração.
 
Três são os personagens que aparecem na alegoria contada por Jesus no Evangelho: o pastor, o assaltante, as ovelhas.

O PASTOR. Muitos assumem a função de pastor: os políticos, os chefes, os presbíteros, os coordenadores, os agentes de pastoral, os pais... São todos pastores de um rebanho, tendo eles responsabilidades sobre as ovelhas. Devem seguir o modelo de pastor que é o Cristo. O segredo é desejar o bem das ovelhas, pastoreando-as. Santo Agostinho alerta que existem pastores que se apascentam a si mesmos. Quem pastoreia precisa sair de si mesmo, sair do egoísmo, e procurar a sua alegria na alegria da ovelha.

O bom pastor guia pela voz. Hoje, esta voz não pode ser palavra de amarga, fria e sem vida. Não deve ser a voz da lei fria, da norma, da proibição. Como Pedro, animados pelo Espírito, temos a missão de proclamar Jesus Cristo e sua Boa Nova. Hoje existem bem mais batizados do que no tempo de Pedro, porém, existem muitos batizados que não conhecem a sua fé, suas implicações. Muitos batizados que necessitam realizar o encontro pessoal com Jesus Cristo, o Bom Pastor.

O ASSALTANTE. Este não se preocupa com as ovelhas, mas consigo mesmo. É preciso estar alerta para identificar quem são os assaltantes. Também é oportuno avaliar se estamos sendo verdadeiros pastores, ou se parecemos com o assaltante, que se preocupa mais consigo mesmo do que com o bem das ovelhas. Note-se bem as palavras do Senhor: O ladrão só vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10, 10). Pensemos em todos os níveis: político, administrativo, eclesial, familiar... Até mesmo na pastoral da Igreja a reflexão é bem vinda: devemos cuidar para não nos apegarmos ao nosso trabalho pastoral, impedindo que os outros apareçam, que façam diferente, que tragam novas ideias. Por vezes, existem os que não querem sair do comodismo e por isso, tomam posse dos cargos por muitos e muitos anos. Há aqueles que não deixam as ovelhas entrar no portão, como aqueles mestres da lei mencionados por Jesus, que não entravam e não deixavam ninguém entrar. Infelizmente existem maus pastores que além de buscar a própria condenação, barram a salvação dos demais; além de sua própria imobilidade, imobilizam os outros.

AS OVELHAS. Somos também ovelhas: devemos reconhecer quem é o nosso pastor, escutar a sua voz, deixar-se guiar. Uma ovelha teimosa ou auto suficiente vai tomar o seu próprio caminho, distancia-se do rebanho, ou influenciando de modo negativo as outras ovelhas.

Jesus também se apresenta como a porta das ovelhas. Na ocasião de sua primeira aparição aos discípulos, no Evangelho de João, as portas estavam fechadas pelo medo dos judeus. Agora ele é a porta que se abre, que nos tira do medo, que nos dá um lugar para entrar, um redil de paz, de alegria verdadeira, de liberdade. Se não entramos ela porta, permaneceremos na escravidão, na falta de sentido, na ausência da vida trazida pela ressurreição.

Entrar pela porta do redil é assumir a atitude de discípulo. Tal atitude não nos dá a garantia do consolo descomprometido. A voz do Pastor se faz ouvir, convidando-nos ao seguimento: “Também Cristo sofreu por vós, deixando-vos um exemplo, a fim de que sigais os seus passos” (1 Pd 2, 21). Escutar a voz do Senhor implica em abraçar a sua cruz: Se suportais com paciência aquilo que sofreis por ter feito o bem, isto vos torna agradáveis diante de Deus. De fato, para isto fostes chamados.” (1Pd 2,20-21). Sigamos os passos do Senhor, abraçando a sua cruz que nos traz a vida em abundância!

Pe. Roberto Nentwig
Arquidiocese de Curitiba

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