EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA
O centro do Evangelho deste domingo é a partida de Jesus. O Senhor vai,
enquanto os discípulos ficam. Isso pode causar tristeza e medo. Como será a
vida dos discípulos a partir de agora? Por isso, o Senhor deixa o seu
testamento: Jesus deixa suas garantias, fazendo os seus discípulos entenderem
que não ficarão desamparados.
“Não se perturbe o vosso coração. Tende fé em Deus e tende fé em mim
também” (Jo 14,1). Jesus nos deixou uma palavra de esperança. Nossa garantia é
que Ele não nos abandona, ou seja, não irá para o Céu nos deixando sem sua
presença. Ele continua no amor, no dom do Espírito, na oração, na paz (são
temas deste capítulo do Evangelho). Deus não nos abandona. Hoje Ele parte o pão
e é alimento verdadeiro. É preciso que tenhamos esta fé, esta certeza, esta
esperança.
O nosso coração se angustia quando esquecemos de que Deus é a nossa
segurança. Enquanto Ele não for a pedra angular de nossa vida, não podemos ser
felizes (2ª. Leitura). Há muitas pedras que são ilusões: coisas, atividades,
vícios... Não podemos viver tropeçando. Ao menos, precisamos aprender com as
quedas. Jesus pode ser pedra de tropeço para aqueles que não desejam
comprometer a vida com o projeto do Pai. Que seja Ele a pedra principal da vida
de todos nós.
“Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, eu vos teria
dito. Vou preparar um lugar para vós e, quando eu tiver ido preparar-vos um
lugar, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que, onde eu estiver, estejais
também vós” (Jo 14, 2-3). Os judeus não tinham grandes casas, por isso, são
significativas as palavras que informam sobre a quantidade de moradas.
Significa para os interlocutores de Jesus que haverá, no futuro escatológico,
lugares para todos. A esperança ultrapassa a certeza desta vida, ainda que ela
seja cheia da presença do Senhor. A esperança segue para a vida futura, para a
morada do Reino definitivo.
Tomé quer saber qual é o caminho. Que frustração para Jesus... Há quanto
tempo eles estavam com Ele, e ainda não tinham entendido sua proposta, não
tinham assimilado que Ele é o caminho para o Pai, que aquele que vê o Senhor
Jesus vê também o Pai. Hoje, os que se dizem seguidores do Cristo continuam
cheios de incompreensões: são muitos os que não entendem que Jesus é o Caminho,
ou seja, que é preciso seguir os seus passos, colocar-se a caminho, ser
discípulo. Frequentemente, vemos o cristianismo ser confundido com práticas
mercadológicas, ou ainda com formas que oferecem só o bem estar físico e
mental, ou ainda com ritualismos arcaicos e fórmulas burocráticas. Não é raro
verificar as pessoas e as instituições sendo colocadas no lugar do Cristo. O
convite de Jesus nos faz rever a nossa prática religiosa.
O que Ele deseja? Ele gosta de gente caminhando, por isso fez o seu Povo
peregrino, além de caminhar para Jerusalém. Lá Ele oferece a sua vida; seu
caminho é a Páscoa. Por isso, reconhecer o Pai no Filho Jesus é descobrir que
Deus habita em cada um dos homens e mulheres. Ele tem pressa pra ir, e vai para
morte (o grão precisa morrer para gerar a vida!). Se quisermos seguir o seu
caminho precisamos ser “hóstias vivas”, um “sacerdócio santo”: somos comunidade
que realiza a continuidade da missão do Senhor (2ª. Leitura). Viver a Páscoa é
saber morrer a cada dia...
Jesus é o caminho que nos leva ao Pai. Quem vê Jesus, vê o Pai. Sua
verdade não são conceitos vazios, sua vida não vem das normas decoradas. Jesus
é o caminho! Compreendamos sua vida, sua mensagem, seus gestos, suas
palavras... Eis o centro da nossa pregação. Quem vê tudo isso, vê a Deus. Quem
segue tudo isso encontra o próprio Deus e já vive em sua morada.
Pe. Roberto Nentwig
Arquidiocese de Curitiba
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