Outro dia fui "premiada" com o seguinte comentário em uma das minhas publicações: "Tenhas as suas opiniões políticas mas tire elas do Altar de Cristo e dos seus Sacramentos."
Aí fiquei cá pensando com meus botões, se Jesus Cristo foi um alienado
político. Acho que não! E se um cristão precisa ser alienado e não falar ou se
envolver em política. Também acho que não. E uma catequista pode ter opinião
política?
Acredito, sinceramente, que um cristão PRECISA ser
politizado.
Vamos ver por que?
"Do ponto de vista político, Jesus morreu condenado
pelos romanos. A verdade é que, além dos motivos religiosos, há também motivos
políticos para a morte de Jesus, os textos bíblicos deixam transparecer. É
razoável pensar que Jesus foi considerado um agitador perigoso. Mas a principal
causa política foi a posição de Jesus em relação a honra e a posse de bens. Um
romano não podia tolerar que alguém se despoje de sua posição de honra nem de
seus bens, como atesta Sêneca, o mais humanizador dos estoicos romanos da
época. O radicalismo evangélico proposto por Jesus não era compreensivo dentro
do pensamento jurídico e social romano, o que pesou na condenação de Jesus a
morte. Os evangelhos nos deixam transparecer que Pilatos não viu nenhum mal em
Jesus, mas é instigado pelos judeus: “nós temos uma lei, e, segundo a lei, deve
morrer porque se fez Filho de Deus” (Jo 19,2)." (NENTWIG, Roberto: O
significado da morte de Jesus.)
E sejam benditas as aulas de Cristologia! Aliás, penso que
qualquer pessoa que queira defender um argumento teológico, precisa estudar um
pouquinho.
Alguns pensamentos de quem se diz "cristão" e
"católico", são, no mínimo, "interessantes". Precisam ser
"estudados” pelas lentes, algumas vezes, microscópicas - da paciência!
Um deles é aquele que acredita que quem é da Igreja, não pode
se envolver, pensar e nem falar de política. Que dirá ter um partido político!
Mas, a política está no berço da sociedade civilizada. É
anterior a Jesus Cristo. Ele viveu num sociedade muito politizada, na verdade,
"dominada" pela política imperial e religiosa do oriente médio. Foi
crucificado por tentar dar valor ao pobre, doente, excluído, trabalhadores,
mulheres... Quer mais "política" que isso?
A palavra política tem sua origem na Grécia, vem de “polis”,
que significa “cidade”. Assim, política é a ação empreendida pelas
cidades-estados gregas para normalizar a convivência entre seus habitantes e as
demais cidades. Estabelecer esta "política", sempre foi uma luta para
tornar as sociedades mais civilizadas.
Então, hoje, política é a atividade desempenhada pelo cidadão
quando exerce seus direitos em assuntos públicos por meio do seu voto.
O voto não só é um direito do cidadão, mas um dever daquele
que quer uma sociedade justa e fraterna, ainda mais ser for um cristão.
Por mais que Jesus tenha dito que o seu "Reino" não
era deste mundo, acredito que Ele esteve aqui para nos ensinar a fazer este
Reino acontecer. Ele não quis dizer que o Reino só pode alcançado lá no
"céu", penso que Ele nos deu uma “chicotada” dizendo que os seres
humanos parecem incapazes de fazer um Reino aqui neste mundo.
Para mim e para muitos, é desconexo que um cristão limite o
exercício da sua fé, ao templo, ao espaço físico onde vai orar e se ajoelhar.
Cada um deve ser um "sacrário ambulante" (Expressão usada pelo
professor Luiz Alexandre Rossi em suas aulas). O verdadeiro cristão deve
carregar consigo a sua fé, levando-a para o espaço cotidiano. Ter fé não é ser
carismático na Igreja e não praticar a ética na rua. Aliás, o que fazemos na
rua determina o tipo de "culto" que fazemos na Igreja.
De minha parte, sempre acreditei que, se não puder fazer fora
da Igreja o que aprendi dentro dela, não posso me considerar cristã.
E um ótimo dia a todos!
Ângela Rocha
“Catequista sempre em formação”.
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