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quinta-feira, 12 de novembro de 2020

PRIMEIRA COMUNHÃO NA PANDEMIA

 G1 - Foto: Jorge Figueiredo.


Muito se tem falado sobre se há ou não necessidade de “catequese online” com as crianças nas paróquias do Brasil. 

Há muitas e controvertidas opiniões. Alguns acreditam que o “ensino da fé” não pode parar – foco mais no ensino do que na fé – outros acreditam que a iniciação à vida cristã se faz presencialmente, numa comunidade “física” e não “digital”. 

Segundo o Cardeal Josip Bozanic, arcebispo de Zagreb, a internet é “antes de mais nada, um mundo, que alguém chegou a chamar de ‘sétimo continente. Na internet os jovens criam seus laços sociais e aprendem a viver!” . Mas, ainda assim, os meios digitais são “ferramentas” para a evangelização neste novo "continente". Não temos que nos mudar pra lá, temos que trazer as pessoas pra cá, para a comunidade de “contato”. A evangelização de fato, se dá na Comunidade. Ou será que, com esta pandemia, vamos nos tornar pessoas totalmente isoladas uns dos outro? Aí, então, viveremos para sempre num outro mundo. Então, se Jesus chegar agora, sem perfil no Instagram ou Whatsapp, nada feito! 

E estamos (devemos!) usando a internet para manter contato com nossos catequizandos e suas famílias. Para não "perdê-los" neste tempo de tanto medo e isolamento. 

Mas, estou vendo por aí, uma coisa assustadora. Chegou novembro e - como sempre - estou vendo acontecer muitas "PRIMEIRAS COMUNHÕES" (aconteceu catequese "online"?), com crianças em nossas paróquias. 

"Ah, mas, estamos seguindo os protocolos de segurança!" 

"Pouca gente, com máscara, só a família..." 

“Os pais estão pedindo...” 

Desnecessário isso, em minha opinião. Porque esta pressa? As crianças vão fazer a próxima comunhão, quando? Onde? Nem em tempos normais elas voltam à Igreja tão cedo... 

Isso podia esperar! Ah, que oportunidade maravilhosa estamos perdendo em estreitar os laços, conhecer as famílias, evangelizar os pais, dar às crianças um pouco mais de maturidade! É um tempo que nunca tivemos! O de poder falar com os pais pelo whatsapp, facebook, ter liberdade de fazer grupos nas redes sociais, de fazer chamadas de vídeo. Dificilmente os pais vão à paroquia para receber catequese presencial. Não têm tempo, não tem vontade, estão cansados... Porque não apostar na catequese familiar? Esta sim, é muito válida por meios digitais. 

No caso dos sacramentos dados aos adultos ao final do catecumenato, eu até concordo (ainda com certas restrições). Eles são adultos e responsáveis pelas suas escolhas e ações, as crianças não. 

Isto de se fazer o sacramento; sem uma participação na comunidade, na liturgia e nas ações da paróquia; leva as nossas tentativas de conscientização às famílias, de que a catequese não é só para receber sacramento, e sim, é iniciação à vida cristã; vai ladeira abaixo!

Mais do que receber o sacramento ao final de um período de aprofundamento da fé (como se isso fosse possível com crianças!), perde-se a inserção "comunitária" destes pequenos católicos. Perde-se uma das coisas mais importantes para o anúncio: a liturgia e a mistagogia da fé. 

A "Primeira comunhão”, além de uma data para receber o sacramento da eucaristia, é também a "festa" de entrada na vida comunitária, no "banquete" de Cristo, que tem tudo a ver com a comunidade. Senão, a celebração não teria nada de especial, não seria na missa, com toda a comunidade presente. Seria individual. O catequista fazia a catequese e quando via que esta ou aquela criança estava "preparada", dava o ok para o padre e pronto: a criança já pode comungar junto com todos os outros fiéis. 

E eu nem vou falar do sacramento da Reconciliação... Ele acontece “online”? 

Estas "1ª comunhões", em tempo de isolamento social, estão "sacramentando" a sacramentalidade de uma catequese já muito sacramental, ou seja, faz-se catequese com crianças exclusivamente para receber o sacramento. Porque os pais têm esta mentalidade, porque padres e catequistas corroboram ao dizer sim, porque a data estava marcada, etc. 

Sei que há muita coisa envolvida nisso, mas, o fato de muita gente não entender que é preciso FICAR EM CASA, sair só se for extremamente necessário, que não é preciso expor os filhos ao contágio, nem que seja numa celebração com 20 pessoas só... Não entra na minha cabeça! E que os catequistas aceitem isso, façam isso acontecer, aí é que não dá pra entender mesmo! Somos o “rosto” da Igreja e falamos em nome da Igreja. Não vem com papo de que “o padre que quer ... ele manda”. Será que não dá pra esperar pela vacina? 

Muitas pessoas acham que isso é bobagem e pânico desnecessário. Parece uma frase que estamos ouvindo desde o começo da pandemia no Brasil: "Todo mundo vai morrer mesmo... " 

E já são 5.749.007 de casos no Brasil com 163.406 mortes... 



2 comentários:

Lucilene Matos disse...

Perfeito! Concordo plenamente! Muito lúcido e coerente com nossas proposições na catequese... parabéns Ângela!

Unknown disse...

Eu sou catequista ; concordo plenamente com você.
Parabéns Ângela...