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terça-feira, 19 de janeiro de 2021

TIRANDO DÚVIDAS: ORAÇÃO MISTAGÓGICA

Imagem: Catholicus.org
Como transformar nossa oração na catequese, em oração “mistagógica”?

Andréa Canassa

Desculpe a ignorância, mas...  Vi naquele itinerário que você nos passou: memorizar as orações através do método mistagógico. Você pode me explicar como se faz isso, por favor?

RESPOSTA:

Ângela Rocha

A oração autêntica é aquela que transforma a pessoa. Para orar de verdade a pessoa precisa se recolher em si mesma. Caminhar nos “mistérios” de Deus e de si mesmo. No mundo de hoje somos projetados para "fora", damos importância demais ao que acontece ao nosso redor e esquecemos de olhar “pra dentro”. 

Ao orar com os nossos catequizandos precisamos nos desprender um pouco do "roteiro". Normalmente o catequista chega e já é de praxe que todos se levantem, rezem o Pai Nosso, Ave Maria, Santo Anjo, etc. Mas, normalmente, essa oração é vazia! Não de sentido, mas, de significado. As frases são involuntárias e não se sabe o que está dizendo. As crianças estão ali agitadas, querendo contar as novidades, conversar com os colegas,  e nós queremos que elas calem a boca para que comecemos o encontro.

A oração é antes de tudo a "busca" de Deus, ela precisa ser pessoal, silenciosa, contemplativa. Aí esbarramos num porém: as crianças não conseguem isso com facilidade! A capacidade de abstração de uma criança é bem pequena. Por isso a importância do ambiente: de uma vela acesa, da Bíblia aberta, do incenso, da água benta, do silêncio, respiração pausada, olhos fechados...  Podemos usar um canto meditativo, mas, algo que faça parte do universo da criança; ou usar uma melodia suave de fundo.

Precisamos ensinar as crianças que orar é amar, é criar uma relação de amizade com Deus, onde Ele te escuta e, mesmo sem te responder, age na sua vida. Nós não nos voltamos para Deus só com a boca ou o pensamento, é preciso voltar-se para Ele com todo nosso ser. Lembrar da Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo, que, pela bondade do Pai, faz morada em nós.

Enfim, é preciso criar o "clima", orar sem dispersar o pensamento. E não é fácil fazer isso com as crianças. Como eu disse antes, elas não tem a capacidade de contemplação de um adulto. Mesmo os adultos têm dificuldade. Então, é preciso então lembrá-las do "concreto", daquilo que acontece com ela no dia a dia, das suas pequenas e angústias e medos, lembrá-las que basta fechar os olhos e conversar com Deus, contar e Ele em pensamento tudo que acontece, que dá medo ou tristeza; e Ele lhe trará paz, tranquilidade, te envolverá com sua manto de amor. A oração conduz ao "mistério" de Deus e da fé. 

Andréa Canassa

Eu pedi autorização ao meu pároco, para aos poucos mudar o ambiente da sala de catequese. Ele me autorizou, mas, pediu para começar de leve, mas, já é um começo. Nossas salas ainda remetem a sala de aula. Ele me autorizou a pintá-la, ganhei um ambão para a leitura da Palavra, fiz umas adaptações, e agora pretendo ambientar meu encontro, com velas, flores e a Bíblia.

Ângela Rocha

Além de um ambiente adequado, existem alguns "exercícios" que podem relaxar o corpo e a mente que é possível fazer no encontro. Peça que tirem os sapatos, coloquem a planta dos pés no chão, que sintam a energia que vem da terra, ambiente que Deus criou para nossa morada, que vai subindo devagar pelas pernas, joelhos, estomago, coração até chegar ao cérebro, berço do pensamento; que respirem o ar pausadamente, sentindo o Espírito Santo se mover para dentro e para fora do seu corpo; fechar os olhos e pensar que, mesmo no escuro, Deus segura sua mão. E assim, iniciar a “conversa” com Deus.

Uma dica: leia o Itinerário Mistagógico de oração de Santa Tereza D'Avila. Acho que tem também um texto aqui ou no blog (www.catequistasemformacao.com)  sobre mistagogia e oração: "Entra no teu quarto" acho que é o nome.

Andréa Canassa

Então, não preciso começar, necessariamente, a fazer a oração toda vez que inicia meu encontro. Como você disse, as crianças já sabem que vão fazer e ficam no automático.

Ângela Rocha

Não mesmo. Você pode esperar que se acalmem, bater um papo leve e só então, lembrar a elas que estarão reunidos para um encontro e pedir que façam o sinal da cruz pois estarão ali em nome da Trindade. Um encontro deve começar sempre com uma motivação, algo que desperte curiosidade pelo tema, pode ser uma brincadeira, uma história, uma dinâmica, uma música.

Demais comentários:

“Conversa muito proveitosa! Aprendi muito e anotei todas as dicas. Obrigada cada dia aprendo mais com vocês. Deus abençoe a todos!!”.

“Sua explicação da sequência dos passo é excelente. Uma formação e tanto! Ah se todos os catequistas entendessem isso de verdade! Já seria 90% do caminho andado. Deus lhe abençoe pelas suas ricas partilhas”.

“Uma partilha muito rica, vou usar nos encontros, cada dia aprendo mais, que pena que o tempo é curto!”

“Oração no automático, é mais ou menos isso. Mas, gostei da muito das explicações e quero fazer a parte do pé no chão”.

 

Ângela Rocha

Catequistas em Formação




2 comentários:

Unknown disse...

Muito bom também para ajudar no momento de oração é cantar refrão meditativo,como: ó luz do Senhor,que vem sobre a terra...ou É como a chuva que lava...e tantos outros. Começa no tom normal e vai abaixando a voz,ate chegar no sussurro.Isto acalma as crianças e dá leveza ao ambiente.

Silvana Nascimento disse...

Foi maravilhoso a dica. Estou aprendendo muiiiitooooo