Hoje eu estava pensando no quanto nós somos “teóricos” nas nossas crenças e em nossa espiritualidade. Porque a verdade é que temos um discurso, e na hora de colocar em prática... falhamos miseravelmente! Então estou tentando aprender a ter uma “espiritualidade prática”. E o lugar onde se pode adquirir um conhecimento muito grande disso é no que Jesus diz nos evangelhos. Ele fala bastante o que é preciso fazer para exercer essa coisa de “ser cristão”, sem muito mistério e sem muitas delongas.
E eu vivo dizendo isso para os outros e não digo para mim mesma. Aliás, acho que eu nunca li “pra mim” o sermão da montanha. Leio para “os outros” e interpreto para meus catequizandos. Nunca olhei de fato, ou entendi de fato. Mas, minha visão mudou depois que escutei este “sermão”...
Aqui estão os 10 Ensinamentos práticos do Sermão da Montanha, Evangelho de Mateus, capítulo 5, 6 e 7, Carta Magna do Reino de Deus, que Jesus abre com as Bem-Aventuranças - e desenrola, segundo a “Espiritualidade prática com Jesus” do padre Rui Santiago, em 10 ensinamentos, como foram 10 os mandamentos de Deus para o povo do deserto. Vou publicar nesta postagem o 1º Ensinamento, e os demais, um a cada dia. Acompanhe!
Peço licença para dar um pouco da minha interpretação aos ensinamentos de Padre Rui, pois, escutei tudo em áudio e fiz a transcrição em texto, primeiro à mão e depois digitando. Algumas palavras e expressões do português “de Portugal” precisam ser adaptadas ao nosso português, para entendermos melhor. Foi isso que fiz.
ESPIRITUALIDADE PRÁTICA
OS 10 ENSINAMENTOS DO SERMÃO DA MONTANHA
(Mateus 5, 6 e 7)
Pe. Rui Santiago, cssr.
1º - Domine a irritação – Pratique o autodomínio (Mt 5,22)
2º - Reconcilie-se com seus adversários – Perdoe sempre (Mt 5, 23-25)
3º - Perdoe: reconheça a sua fragilidade (Mt 5, 29-30)
4º - Seja coerente – Sim é sim, não é não (Mt 5,37)
5º - Dê a quem te pede – Não importa quem, pague o mal com o bem (Mt 5, 39-42)
6º - Ame os seus inimigos - (Mt 5, 44-48)
7º - Não acumule tesouros – Não se apegue aos bens materiais (Mt 6, 10-21; 24)
8º - Domine o seu olhar – Domine a inveja e o preconceito (Mt 6, 22-23)
9º - Não julgue - (Mt 7, 1ss)
10º - Não desperdice o sagrado que há em você - (Mt 7, 6).
1. O PRIMEIRO ENSINAMENTO – Autodomínio (Mt 5,22).
"Se teu olho é ocasião de pecado, arranca-o e joga fora, se a tua mão é ocasião de pecado, corta-a e joga fora...”
Mais vale entrar no Reino dos céus caolho e maneta do que com os dois olhos e as duas mãos, do que você acabar na lixeira. O vale da lixeira de Jerusalém era a Gia... No vale de Gia, do fogo, porque era assim que se tratava o lixo, queimando, era a única maneira. Daí vem a nossa crença de que o “inferno” é cheio de fogo.
E aqui o problema não é o "olho" ou a "mão", é muito mais a "ocasião". O negócio é não "se achar" e se considerar forte e invencível. Não somos! E nos magoamos porque achamos que está tudo sobre controle! Ignoramos nossos limites, não assumimos nossas fragilidades e ambiguidades e teimamos em andar “no fio fino do horizonte, entre a luz e a escuridão”. Achamos que somos os “tais”, que não estamos sujeitos a cair e a sentir coisas que não deveríamos sentir. Temos que cortar a ocasião, não a mão ou o olho!
Cuidado com as ocasiões, porque somos mais frágeis do que pensamos. Ignorar os nossos limites é perigoso. Ignorar que em nós há assuntos mal resolvidos. Assumir que tenho tudo sempre sob controle e que sou sempre forte, vai me trazer muitos dissabores. Tipo aquela tal de inveja, ciúme, maldade. Somos tentados ao mal por natureza! Por que a gente se acha “intocável”.
E como Jesus na sua espiritualidade prática, precisamos a prender a dizer “não”. E quantas vezes nosso "não" vem depois da hora. Precisamos aprender a dizer "não" a tempo. Eu preciso “atempar” o não. Não deixar acontecer o mal para depois ter que arrancá-lo a força. Não dizer o que acho no calor do momento e depois me arrepender, arrepender, arrepender... E não saber bem como consertar.
E preciso aprender a aceitar uma coisa muito óbvia em mim: não sou nada forte! Sou absurdamente frágil e minha autoestima é do tamanho de uma titica de galinha. Porque meus relacionamentos precisam demais de "recíproca". Eu PRECISO de reciprocidade, não adianta eu me fazer de forte e poderosa, porque não sou! Preciso assumir que sou frágil e que vou me magoar por “achar” alguma coisa... e acabar dizendo coisas que deveria calar.
E é claro que é difícil cortar uma mão e jogar fora, assim como é difícil cortar estas "ocasiões" que me são oferecidas. E Jesus está lá, dizendo: "Não quer ter raiva, ciúme, decepção? Corta as oportunidades de isso acontecer!"
E como se trata de uma espiritualidade "prática", vamos ver se consigo botar isso para acontecer. Dizer “não” a tempo e não um “não” fora de tempo. Pensar mais, julgar menos. É preciso ter autodomínio, dominar a irritação.
Continua...
Pe. Rui Santiago - Centro de Espiritualidade Redentorista de Braga PT.
Nenhum comentário:
Postar um comentário