“Eu, porém, vos digo: todo aquele que se encolerizar contra seu irmão, terá de responder no tribunal; aquele que chamar ao seu irmão: ‘cretino!’, estará sujeito ao julgamento do Sinédrio; aquele que lhe chamar ‘renegado’ terá de responder na geena de fogo". (versão da Bíblia de Jerusalém).
Quando você chama seu irmão de imbecil ou estúpido, será réu diante do tribunal. Como no primeiro ensinamento, que a questão não era o olho ou a mão e sim, a ocasião; aqui a questão não é o imbecil ou estúpido e sim, o irmão. A coisa está na aprendizagem do autodomínio, de dominar a irritação.
O problema aqui é a ira que vem de dentro... e traz todo fel amargo que você esconde tão bem. Tudo começa na maneira de olhar. É preciso aprender a dominar a ira e segurar a boca, mandar na boca. No livro de Ben Sirac (Eclesiástico) há um versículo muito precioso: Senhor quando eu for dizer asneiras, puxe minha mão para a boca. Não é possível engolir de volta o que se falou. E algumas palavras doem, machucam, ferem de morte muitos relacionamentos de amor.
Dominar a ira e não se deixar dominar por ela, esse é o ensinamento
prático de Jesus. Há uma longa tradição bíblica sobre a língua. A língua tem
uma força ambígua na Bíblia: Senhor solte
minha língua para que te cante louvores... Senhor segura minha língua na hora
de maldizer. Ainda no livro de Bem Sirac encontramos: “Cuidado meu filho, com a língua, não te fies por ela ser pequena,
porque um barco grande também tem um leme pequeno, mas, é esse leme que dá a
direção para onde ele vai”. É assim a língua dentro da tua boca, é o leme
que vai dirigir a tua vida.
Em palavras nossas, esse segundo ensinamento de Jesus, diz: irmãos: tempo na língua! Pensar um pouquinho antes de soltar tudo. “Tempo da língua” é uma extraordinária sabedoria para vivermos como Jesus.
Um dado da psicologia atual: As palavras criam a realidade. As palavras
funcionam para melhor e para pior, as palavras têm eficácia, não são apenas
“símbolos” da linguagem. Elas não apenas exprimem a realidade, como a criam,
identificam e influenciam a realidade. A ponto de fazer, por exemplo, uma
criança que ouve tantas vezes que é “burra”, passar a acreditar e se tornar
burra. Assim como de tanto dizer que ela é linda, maravilhosa, ela pode
acreditar e tornar-se tirana. Palavras criam realidade. Não acredite naquela
“treta” de que “isso são só palavras, é
da boca para fora”, porque é mentira. Nenhuma palavra é só palavra quando dita da boca de um ser
humano. A língua é o “leme” da nossa vida, ela direciona para o bem ou para o
mal.
Continua...
Pe. Rui Santiago - Centro de Espiritualidade Redentorista de Braga PT.
Obs. Transcrição do sermão
feito no CER de Braga – Portugal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário