OS 10 ENSINAMENTOS DO SERMÃO DA MONTANHA
(Mateus 5, 6 e 7)
ENSINAMENTO 4º e 5º
O QUARTO ENSINAMENTO - (Mt 5, 44-48)
Amar os nossos inimigos, rezar por quem nos faz mal. O sol bate sobre os justos e os pecadores. Sede perfeitos como Vosso pai é perfeito. Como? Amar os inimigos? Rezar por eles?
Esta é a joia da coroa da nossa fé, a carga de dinamite no centro do cristianismo, capaz de revolucionar o mundo se for levado isso a sério. Amar os inimigos é a arma mais revolucionária que há no mundo. Endireitar o mundo. Lutar contra o rancor, o ressentimento, este espírito impuro que faz da vida um inferno. Inferno que contagia e se espalha. Passar da amargura ao perdão. Use a estratégia da oração. Jesus diz: Reze, reze, bendiz diante de Deus os teus inimigos. Perdoar é da ordem da vontade. Como o amor é. Perdoar não “acontece”, a não ser que fossemos perfeitos. Perdoar é da ordem da vontade: quer-se, faz-se, treina-se, escolhe-se, opta-se... é da ordem do amor. Perdoar é querer perdoar.
Mas, e se eu continuo a sentir raiva? Mas, o que você quer? Eu quero perdoar! Se eu continuar no caminho, a raiva passa, porque tudo passa. Eu não esqueço, é normal não esquecer.
Lembre-se: ou você se ressente, em looping, requentando a raiva ou perdoa. Perdão é da ordem da decisão. Eu decido, escolho, mesmo .......dizer a ti... rezar por ti...
Perdoar é vontade, opção. Esquecer não é opção, é memória. Perdoei, mas, não esqueci. Que tipo de memória ficou? Memória de impacto ou de rancor? Esquecer ou lembrar é mecanismo psíquico, estão aí.
Esquecer é impacto psicológico, afetivo, emocional, tem mais ou menos importância, depende do tempo. . isso não está em suas mãos. Decidir está em suas mãos. Decide-se que mais vale o bem querer. Perdão = amor = bem querer. O resto segue os passos do tempo, pacifica-se, cura-se. O espírito faz o caminho, sabe como somos, nos conhece, se ele diz que o caminho é.... Tudo se cura quando vai na direção certa. É amar quem não gosto, perdoar quem me faz mal.
O QUINTO ENSINAMENTO – Pagar o mal com o bem (MT 5, 39-42).
Dê a quem te pede – Não importa quem, pague o mal com o bem.
A quem te pede: dá. Não dê resistência ao mal. Adoramos minimizar, fazer de conta que não entendemos. Diante do mal, não fique sem dar resposta, não fique passivo, não pague mal com o mal. Mas, como reagir ao mal e a violência?
Pagar o mal com o bem. Um bem não previsto, não merecido, não fácil, não natural, não espontâneo. Usar o que não faz parte da natureza, somos reativos e temos que nos libertar desta lógica e nos entregarmos ao domínio do espiritual. Não entregar o mundo a engrenagem do mal.
Duas coisas deixam o mal vencer o mundo: torna-se mal e tornar-se escravo. A única vitória possível é aceitar a proposta de Jesus: a suprema liberdade diante do mal, suprema valentia diante da injustiça. Uma força, aparentemente frágil, é reagir ao mal com uma provocação desarmada. Coisa para lúcidos e fortes.
O exemplo de dar a outra face não é uma ética de incompetentes existenciais, nem uma moral de fracos. Só os fortes são capazes de fazer isso. A nossa fraqueza é reagir, revidar (natural). A nossa força é sermos capazes de nos termos na mão (controle) para desengatilharmos o mecanismo da vingança. Porque é um gatilho: o mal nos toca e nós disparamos.
O que Jesus propõe com esta metáfora? Vingar-se com Jesus! Mas, desativar a lógica da vingança, não é, justamente, não se vingar? O que é vingança? É procurar a vitória sobre o outro, é a agressão ao outro. Nós usamos a palavra vingança num sentido negativo.
Jesus nunca disse que não é pra fazer nada diante do mal. Não disse: Fica calado e vai embora. Ou agredir, ou deixar a injustiça e a violência ora lá. Nunca! Ele incentiva um BEM! Diz ele: Não se deixe vencer pelo mal, inventa um bem nessa hora e leve-o adiante. Quando te baterem numa face, dá a outra. Aí, leva a tua capa (túnica), caminha um quilômetro, dois quilômetros. O primeiro é dele, o segundo é seu. Jesus nunca disse “não se vingue”. Jesus disse: vamos nos vingar de uma maneira que cure o mundo. Vamos nos vingar, já que a vingança é a procura de uma vitória sobre o mal.
A única forma do mal ser vencido é ser coberto por um bem maior. A única hipótese é o bem ser mais teimoso. Enquanto não acreditarmos nisso, vamos continuar nos zangando muitas vezes. E termos uma grande dificuldade em não nos reconciliarmos com o outro, porque acreditamos que o mal tem a palavra definitiva sobre tudo... sobre a vida, sobre o mundo, o país, sobre as nossas relações. E isso não é verdade!
A palavra definitiva sobre a vida, sobre todas as coisas, é a palavra – teimosíssima palavra – do BEM, da bondade, da beleza. A vingança cristã é o perdão. Vamos nos vingar sem cessar, sempre, grande, bem como Jesus, que professou a vida toda e no fim, protestou deixando-se morrer.
CONTINUA...
Pe. Rui Santiago - Centro de Espiritualidade Redentorista de Braga PT.
Obs. Transcrição do sermão feito no CER de Braga – Portugal, por Ângela Rocha.
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