Um velho tema, mas um assunto sempre atual!
Para
melhor trabalhar o método de interação usa-se um procedimento, ou melhor, um
itinerário, que favorece o grande objetivo da catequese: “Para que todos tenham
vida e vida em abundância” (Jo 10, 10). Todo encontro parte da VIDA para chegar
a mais VIDA com novos compromissos e novas atitudes.
O
itinerário de um encontro, para muitos, é velho ou muito conhecido. Acontece
que existem muitos catequistas iniciantes e precisam estar seguros de como
proceder ao realizar algum encontro. Vejamos agora, parte por parte da dinâmica
metodológica de um encontro: ACOLHIDA, VER, JULGAR, CELEBRAR, AGIR, AVALIAR.
a) Acolhida: é a sala
de visita do encontro
Pode
ser expressa de muitas formas: gestos, cantos, símbolos, surpresas. É
importante que todo catequizando encontre sempre um ambiente acolhedor,
fraterno amigo. Seja reconhecido na sua individualidade, chamando-o pelo nome.
Todo participante que se sente aceito e amado, participará com mais alegria e
motivação.
b) Olhar a vida, ou ver
a realidade (Ver)
Suscita
a capacidade para a sensibilidade, consciência crítica, perceber com o coração
e a inteligência aquilo que se passa ao redor. Não é só olhar a realidade
superficialmente, mas possibilitar o aprofundamento de fatos, causas,
consequências do sistema social, econômico-político e cultural dos problemas. O
olhar a vida é o momento de ver o chão onde vivemos e de preparar o terreno da
realidade para depois jogar a semente da Palavra de Deus. A parte do ver pode
ser concretizada através de desenhos, visitas, entrevistas, histórias e fatos
contados, notícias, figuras, fitas de vídeo, dramatização.
c) Iluminar a vida com
a Palavra (Julgar)
A
partir da vida apresentamos a Palavra de Deus. Podemos compará-lo com a luz
existente dentro de casa. Ela ilumina todo o ambiente isto é, nos mostra qual a
vontade de Deus em relação à vida das pessoas, seus sonhos, necessidades,
valores, esperanças. Fazemos um confronto com as exigências da fé anunciadas
por Jesus Cristo, diante da realidade refletida. Dentro do julgar também colocamos
o Aprofundamento da Palavra. Nesta parte aumentamos a luminosidade da casa para
poder enxergar melhor. É a hora que refletimos com o grupo para fazer uma
ligação mais aprofundada da Palavra com a vida do dia-a-dia e perceber os
apelos que Deus nos faz. Pode-se perguntar: O que a Palavra de Deus diz para a
nossa vida? Sobre o que nos chama atenção? O que precisamos mudar? Que apelos a
Palavra faz para mim e para nós? O aprofundamento pode ser feito ainda com
encenações, dinâmicas, cantos, símbolos.
d) Celebrar a Fé e a
Vida
É
um momento muito forte. É como se estivéssemos ao redor de uma mesa com um convidado
especial. O celebrar é como saborear em conjunto na alegria, ou no perdão, algo que
nos alimenta porque nos dirigimos, nos aproximamos do convidado especial, que é Deus.
A celebração não deve ficar apenas na oração decorada. Os catequizandos aprenderão
a conversar naturalmente com Deus como um amigo íntimo. É
importante diversificar a oração usando símbolos, cantos, gestos, salmos,
silêncio, frases bíblicas
repetidas, relacionando sempre ao tema estudado e com a vida. A
partir das celebrações dos encontros é possível motivar os catequizandos na
participação das
celebrações, cultos, novenas, grupos de reflexão.
e) Assumir ações
práticas
Todo
encontro precisa conscientizar que ser cristão não é ficar de braços cruzados,
e nem ficar passivo diante da realidade. Trata-se de encontrar passos concretos
de mudança das situações onde a dignidade é ferida, a partir de critérios
cristãos. O agir é transformador e comprometedor. Está ligado à vida e à
Palavra de Deus que questionam e exigem a mudança nas pessoas, famílias,
comunidade. Cada catequista necessita provocar o seu grupo para ações práticas.
É preciso respeitar cada faixa etária, mas não será impossível fazer algo
concreto. Os compromissos podem ser discutidos e assumidos de forma individual
ou grupal.
f) Recordar o encontro
Não
se trata aqui da aplicação de exercícios para decorar conceitos. O recordar nos
leva a ruminar o que foi refletido, aprofundado, trazendo à memória algo
essencial para ser fixado. A memorização é necessária sobretudo para conteúdos
básicos de nossa fé. Se for aplicada alguma atividade, que esta seja para
desenvolver o espírito comunitário de fraternidade, partilha, amizade e ajuda
mútua. Pode-se também pedir a ajuda para a família, sobre questões práticas.
g) Guardar para vida
Este
passo dá importância à Bíblia. Precisamos que nossos catequizandos tenham na
vida e na fala a Palavra de Deus. A partir do assunto tratado no encontro,
podemos usar uma ou duas frases, tiradas dos textos bíblicos usados que dão a
síntese do conteúdo, para serem compreendidas e vivenciadas. As frases poderão
ser ilustradas com desenhos ou figuras e fixadas em local para serem vistas e
memorizadas.
h) Avaliar
A
avaliação ajuda a alegrar-se com as descobertas feitas, pelo que aconteceu de
bom. É ela também que faz verificar as falhas, corrigir o que não foi bom. Não
podemos ficar somente no que o catequizando “aprendeu”, isto é, se sabe os
mandamentos, sacramentos, mas é preciso avaliar as relações interpessoais, a
responsabilidade, o comprometimento, o assumir os valores evangélicos como:
diálogo, partilha, capacidade de perdoar, atitudes de fraternidade. A avaliação
é um passo precioso de crescimento. Ela faz parte de qualquer encontro. São
muitas as formas de avaliar. Pode-se utilizar dinâmicas, debates, partilha em
grupo, individual, ou ainda, os próprios participantes escolhem alguém que no
final do encontro poderá dar a sua opinião. A grande fonte de avaliação é a
observação atenta do que ocorre durante o processo catequético. Portanto, a
avaliação não é só olhada dentro de quatro paredes, mas envolve a vida toda.
Conclusão
Parece
simples preparar um encontro, mas, como vemos, exige do catequista dedicação,
carinho e aprofundamento para tornar cada encontro, um espaço de crescimento
mútuo. Ao olharmos Jesus com seus apóstolos, veremos que seu método também
tinha estes passos. É só verificar algumas passagens, como a dos discípulos de
Emaús (Lc 24, 13-35) ou ainda o encontro com a Samaritana (Jo 4, 1-30) ou
Zaqueu (Lc 19, 1-10). Qualquer ambiente era propício para
acolher-ensinar-aprender-conviver. Para Ele a importância estava nas pessoas.
Ir. Marlene Bertoldi
Jornal Missão Jovem
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