Para
a cultura contemporânea, permeada por uma mentalidade predominantemente urbana,
o problema da liberdade é de
significativa importância. Neste contexto, a pessoa sente-se livre de todos os
laços que possam direcionar seu pensar e agir. Essa predominância não pode ser
ignorada nos Planos de Pastorais das dioceses e paróquias, bem como no
planejamento da catequese. É a partir desse princípio que as iniciativas devem
ser encaminhadas, do contrário, corre-se o risco de investir esforços humanos e
econômicos, sem o mínimo resultado.
Na
catequese, com crianças e adolescentes principalmente - apesar da precocidade
de maturidade humana, afetiva, psicológica e religiosa - vive-se de forma
intensa a questão da liberdade, nos moldes da mentalidade urbana. Esta condição
é tão presente no dia a dia, que colocam em crise certas posturas adotadas na
catequese, que exigem revisão e uma nova postura. A crise normalmente nos leva
a ver a verdade do nosso ser. Quando ela está instalada na catequese, faz ver
as lacunas e suscita mudanças. Vejamos alguns elementos que a questão da
liberdade coloca em crise e, a partir daí a possibilidade de saída:
a) Afirmações
dogmáticas acerca da fé
A
catequese como tempo de aprofundamento da fé, exige do catequista conhecimento
das Sagradas Escrituras e da Doutrina da Igreja. Quando o catequista faz
afirmações dogmáticas, sem a suficiente argumentação racional do que afirma, os
catequizandos se vêem motivados a contestar, pois as correntes do pensamento
contemporâneo fazem questão de alimentar esta postura de contestação. Alguns
catequistas insistem em fazer esse tipo de afirmação, sem as devidas
explicações, causando muitas vezes frustração nos interlocutores. A postura de
liberdade de contestação não é boa nem ruim, simplesmente é o que é. Nada
positivo, é um catequista mal preparado para enfrentar tais desafios. O nosso
tempo exige de nós catequistas, maior preocupação, não só espiritual, como
também humana, intelectual e cultural.
O desafio: Com o passar do tempo vai se acentuar o
conflito da fé com a cultura. Isso é inevitável. Cada vez mais chegarão às
nossas mãos pessoas com mais autonomia, capacidade de discussão e contestação,
sem medo de perder a fé. Uma apresentação medíocre da fé resultará apenas em
rejeição, pois pode parecer que a fé cristã não passa de mitos e histórias
inventadas. A mensagem cristã deve ser proposta com o brilho da verdade e com a
autoridade que o próprio Cristo apresentou, de tal forma que gere adesão livre
e encantamento. Tudo isso sugere que os catequistas deverão estar mais
atualizados nos assuntos da fé, principalmente aqueles que geram conflitos nos
encontros de catequese ou na lida com os catequizandos. Os que ainda não
realizaram sua experiência de encontro verdadeiro com Jesus, Palavra de vida,
terão pouca possibilidade de propor uma verdade que não é vivenciada e
experimentada no dia a dia da história.
b)
Participação nos sacramentos, celebrações e vida da Igreja
A
tradição de participar, com obrigatoriedade da vida comunitária e sacramental
se desfez. Por muito tempo funcionava o argumento da “teologia do medo”: se não
for à missa, Deus vai castigar.
c) Liberdade
versus individualismo
Neste
contexto cultural de liberdade, a pessoa tende a fechar-se no isolamento do seu
mundo, visto que se exercita menos o aspecto comunitário, a começar pela
família. Este é um processo irreversível. As famílias estão num crescente clima
de desagregação e grande parte das pessoas, trancafiadas em seu mundo, pouco
partilham de si.
Desafio: O anúncio da fé e a adesão à pessoa de
Jesus Cristo implicam em alteridade, ou seja, saída de si mesmo para o encontro
com a outra pessoa. De outra parte, não podemos esquecer que Jesus Cristo se
dirige a cada pessoa, na sua condição e a partir do seu mundo (Cf. Mc 5, 25ss)
e a insere num mundo diverso, no mundo da liberdade de filhos e filhas, que na
seqüência, passa pela alteridade. Um anúncio de Jesus Cristo que encante e leve
a uma espécie de paixão, alimentará na pessoa o desejo de sair de si. Não
existe uma fórmula pronta para tal. A criatividade pessoal e as circunstâncias
é que determinam o resultado deste elemento.
Muitos
outros elementos poderiam ser aqui aprofundados com a questão da liberdade
humana através da cultura, contudo, os acima apresentados servem de indicativo
para tantos outros. Tudo isso leva a crer que não basta, ao analisar a
realidade, estabelecer um juízo sobre a cultura. O que passou, passou e não
volta mais. Os dados concretos do nosso tempo servem de substrato para
possíveis iniciativas pastorais, que respondam aos desafios do nosso tempo.
Da
catequese e dos catequistas espera-se muito mais uma leitura positiva dos
fatos. Sendo este o “tempo do Espírito”, contaremos com a criatividade e a
inspiração que nos vem pela fé, para encontramos alternativas de anunciar Jesus
Cristo às pessoas do nosso tempo.
FONTE:
14 de julho
Dia Mundial da
Liberdade de pensamento
"Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência... de opinião, de expressão... e a educação deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos étnicos e religiosos".
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