DIRETÓRIO NACIONAL DE CATEQUESE -DNC
RESUMO PARA ESTUDO
"A Catequese é
um ato essencialmente eclesial. Não é uma ação particular. A Igreja se edifica
a partir da pregação do evangelho, da Catequese, da Liturgia e do amor Fraterno
e solidário” “O
fruto da evangelização e da catequese é fazer discípulos: acolher a Palavra,
aceitar Deus na vida como dom da fé”. (DNC 32)
“O que nos contaram nossos pais, não o esconderemos aos
filhos deles, nós o contaremos à geração futura"(Sl 78, 3-4).
O Concílio Vaticano II aconteceu
de 1962 a 1965. Mudanças ocorreram e muitas coisas boas e bonitas foram
aparecendo no decorrer da história da Igreja e da catequese, uma grande riqueza
de documentos foram sendo escritos, e estes deram um novo rosto à catequese. Foi assim que em 1971, preparado pela Congregação para o
Clero e aprovado por Paulo VI, tivemos o Diretório
Catequético Geral (DCG).
Vinte e seis anos depois da
publicação deste diretório a Congregação para o Clero decidiu pela sua
renovação. Assim, publicou-se o Diretório
Geral para a Catequese (DGC) em 1979, e aprovado pelo Papa João Paulo II. Inspirado neste diretório e no
documento Catequese Renovada nº 26,
nasceu o Diretório Nacional de Catequese
(DNC) no Brasil.
O que é um Diretório e especialmente sobre o DNC?
É um "Manual, um conjunto de princípios, critérios e
normas de natureza bíblico-teológica e
metodológico-pastoral com a função de coordenar a ação pastoral"
Qual o objetivo do DNC?
O objetivo do Diretório Nacional
de Catequese é apresentar a natureza e finalidade da catequese, traçar os
critérios de ação catequética, orientar, coordenar e estimular a atividade
catequética nas diversas regiões. Ele pretende delinear uma catequese Litúrgica,
bíblica, vivencial, profundamente ligada à mística
evangélico-missionária, mais participativa e comunitária.
Quais as finalidades?
a) estabelecer princípios
bíblico-teológico-Litúrgico-pastorais para promover e impulsionar a renovação
da mentalidade catequética;
b) orientar o planejamento e a realização da atividade
catequética nos diversos regionais e dioceses;
c) coordenar as diversas iniciativas catequéticas;
d) articular a ação catequética
com as outras dimensões de nossa pastoral (litúrgica,
comunitário-participativa, missionária, dialogal-ecumênica e
sócio-transformadora);
e) estimular a atividade
catequética, principalmente onde as comunidades sentem mais dificuldade na
promoção da educação da fé (DNC 8).
O DNC ESTÁ DIVIDIDO EM DUAS PARTES:
PRIMEIRA PARTE: Fundamentos
teológico-pastorais da Catequese
Primeiro Capítulo: As conquistas do recente Movimento Catequético,
Pós-Conciliar: conquistas e desafios, isto é, do Concílio Vaticano II (1962-1965), passando por Medellín, Puebla, os
grandes documentos pontifícios e os documentos da CNBB e de modo especial,
“Catequese Renovada, orientações e conteúdos” (1983);
Segundo: A Catequese na Missão
Evangelizadora da Igreja. A Revelação
divina, a centralidade da Palavra de Deus, a Bíblia como livro de catequese, a
evangelização e a catequese, o ministério da catequese;
Terceiro: A Catequese contextualizada:
História e Realidade. A catequese na
história, desde os inícios no Brasil, e no contexto do Brasil e da Igreja de
hoje;
Quarto: Catequese: Mensagem e Conteúdo: a especificidade da mensagem cristã, a Sagrada
Escritura: compreensão, seu uso na Igreja, Bíblia e catequese, a liturgia, o
Catecismo da Igreja Católica.
SEGUNDA PARTE: Orientações para a Catequese
na Igreja Particular.
Quinto: Catequese como Educação da Fé. A pedagogia de Deus, elementos das ciências da
educação, métodos, a pessoa, a comunicação, a comunidade catequizadora;
Sexto: Os Destinatários, como
interlocutores, no processo catequético. O direito dos fiéis e da comunidade à catequese, a catequese conforme
as idades, a catequese na diversidade, a catequese conforme o contexto
sócio-religioso, a catequese conforme o contexto sócio-cultural;
Sétimo: Ministério da Catequese e seus
Protagonistas. O ministério da catequese na Igreja Particular, a
formação de catequistas, no ser, saber, saber fazer, diferentes escolas de
formação;
Oitavo: Lugares e Organização da
Catequese. O capitule trata da
família, da comunidade, da paróquia, das pastorais, dos grupos, movimentos e de
outros ambientes de catequese. Dedica urra atenção especial ao ministério da
catequese e dá orientações para a animação e a coordenação de catequese em
vários níveis.
INTRODUÇÃO
A Meta: O DNC é um instrumento
de pastoral. Foi aprovado para dar mais vida à
catequese e, conseqüentemente, a todos nós. São Pedro escreve: "Deveis dar as razões de vossa esperança”
(2Pd 3,15), e, obviamente, as razões da fé e do amor.
Nesta mudança de civilização em
que estamos mergulhados, é fundamental para nós, para a Igreja e para a missão
de cristãos, solidificar nossa fé, nossa esperança, nosso amor, nossa
experiência de fé, nosso sentido de pertença e de compreensão do que significa
ser cristãos. Na verdade, existimos para fazer a vontade do Pai, como Jesus
viveu. Ele mesmo disse "são minhas irmãs, meus irmãos e minha mãe quem faz
a vontade de meu Pai" (Mc 3, 34-35). E a vontade do Pai é assim expressa
por São Paulo "Deus quer que todas as pessoas se salvem e cheguem ao
conhecimento da verdade" (lTm 2,4).
A catequese, como parte
indispensável da missão da Igreja, tem esta grande missão. E o Diretório visa
dar pistas para formar e subsidiar todos os que direta e indiretamente estão
envolvidos com a renovação da missão da Igreja, no mundo de hoje, respondendo
basicamente a duas perguntas:
- Qual a importância do DNC para a nossa
catequese?
- Como o DNC pode ajudar a nossa catequese, no
seu dia-a-dia?
Destaques da Caminhada da Catequese. O que dá um novo rosto à catequese:
1. O uso
da bíblia na catequese
4. Uma
catequese que ajuda a fazer a experiência viva de Jesus Cristo
5. Uma
catequese transformadora
6. Uma
catequese que usa o princípio metodológico de interação fé e vida.
7.
Catequese que faz um caminho de espiritualidade
8. Uma
catequese inculturada.
9. Uma
catequese integrada nas pastorais
2. JESUS
CRISTO, A CENTRALIDADE DA CATEQUESE.
“Eu sou o
caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim”. (Jo 14,6).
O encontro com o Cristo vivo leva,
necessariamente, o catequizando à conversão, a uma mudança de vida. De fato, a
catequese, procura favorecer este encontro pessoal e comunitário com
Jesus. “No centro da catequese nós
encontramos especialmente uma pessoa: É a Pessoa de Jesus de Nazaré, Filho
único do Pai, cheio de graça e de verdade, que sofreu e morreu por nós, e que
agora, ressuscitado, vive conosco para sempre. É este mesmo Jesus que é o
“Caminho, a Verdade e a Vida. A vida cristã consiste em seguir a Cristo” (CT
5).
Jesus está no centro da proclamação da mensagem
catequética, cuja meta final é o Pai. “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.
Ninguém vai ao Pai senão por mim”. Jesus é o ponto de encontro dos seres
humanos com o Pai, que nele se tornou visível: “Quem me viu, viu o Pai”. Como é
que você diz: Mostra-nos o Pai? Você não acredita que eu estou no Pai e que o
Pai está em mim”? (Jo 14, 9-10).
Jesus Cristo escolhe e chama (Lc 6, 12-13). O
discípulo experimenta que a escolha é manifestação de amor. “Ele nos amou
primeiro” (1Jo 4,19).
“O fruto da Evangelização e catequese é fazer discípulos:
acolher a Palavra, aceitar Deus na própria vida, como dom da fé. As exigências
são: conversão e seguimento”.
O seguimento de Jesus Cristo realiza-se, porém,
na comunidade fraterna. O discipulado implica renúncia a tudo o que se opõe ao
projeto de Deus e que diminui a pessoa. Leva à proximidade e intimidade com
Jesus Cristo e ao compromisso com a comunidade e com a missão (cf. CR 64-65; AS
127; DNC 34).
3. A CAMINHADA HISTÓRICA DA CATEQUESE
A contextualização da
Catequese, hoje:
“A catequese encontrou no “principio de
interação fé e vida” (Cf. CR 110-117) uma das chaves mais importantes para
inculturar-se na vida dos catequizandos, assumindo a realidade como parte dos
seus conteúdos. (DNC 85).
Por isso a realidade social, política,
econômica, cultural e religiosa é, também, conteúdo de catequese. Alguns sinais
desta realidade:
- A presença do sistema
neoliberal tendo como expressão maior um mercado explorador
- A força da
comunicação moderna na formação de opinião pública e das convicções das pessoas
(DNC 88).
- A cultura moderna
prioriza a razão, o conhecimento, à ciência, à tecnologia, o lucro, e os
interesses individuais (DNC 83).
- O uso irresponsável
dos recursos produz: guerras, prejuízo da saúde do planeta, perda do sentido de
viver, violência.... (DNC 89).
- O mundo contemporâneo
é um mundo onde predomina o pluralismo, também no campo religioso. A catequese
precisa aprender o caminho do diálogo religioso, do diálogo com a cultura, da
promoção da liberdade religiosa e do ecumenismo (DNC 91).
- A urbanização do
Brasil influencia o modo de ser cidadão e de ser cristão (DNC 93).
- Forças sociais
secularizadas, a influência dos meios de comunicação, o relativismo religioso,
a migração, a urbanização, as condições sociais, econômicas, culturais agridem
a família cristã (DNC 95).
4. PALAVRA DE DEUS: FONTE POR EXCELÊNCIA DA CATEQUESE
“A quem tem sede eu darei gratuitamente de beber da fonte
da água viva” (Ap
21, 6-b).
Ao falar do uso da Bíblia nas pastorais, o papa
João Paulo II lembra que a catequese tem como primeira fonte a Escritura que,
explicada no contexto da Tradição, fornece o ponto da partida, o fundamento e a
norma de ensinamento catequético. “Na catequese procura-se critérios para o uso
da Bíblia a serviço da educação de uma fé engajada; as circunstâncias locais
hão de inspirar adaptações no uso da Bíblia pela catequese: formar comunidade de fé e alimentar a identidade cristã”. (Cf DNC nº 108).
O quarto Capítulo do DNC resume as várias
modalidades de leitura e uso da Bíblia e, nos dá alguns critérios para
apresentar bem a mensagem:
- A centralidade de
Jesus Cristo, como Deus e homem.
- Valorização da pessoa
humana através do mistério da encarnação;
- Anúncio da Boa Nova
do Reino de Deus para a salvação. Isso implica uma mensagem de conversão e
libertação;
- Mensagem situada
dentro da vida e da história da Igreja;
- Inculturação, para
que cada um perceba a mensagem com toda a pureza, de um jeito que lhe seja
familiar;
- A organicidade da
mensagem cristã, pois há uma hierarquia de verdades. A visão harmoniosa do
Evangelho tem um significado profundo para o ser humano (DGC 97; DNC 105).
- “A catequese sempre
há de haurir o seu conteúdo na fonte viva da Palavra de Deus, transmitida na
Tradição e na Escritura”. A Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura constituem
um só depósito inviolável da Palavra de Deus, confiado à Igreja. (CT 27).
A leitura orante da Bíblia está crescendo no
meio do povo mais simples, com a ajuda de Biblistas competentes, em comunhão
com os pastores da Igreja, meditam a Palavra de Deus de modo atualizado,
buscando ser fiel ao espírito em que foi escrita.
A Leitura da Bíblia nos grupos, círculos
bíblicos se pequenas comunidades, está favorecendo ao desenvolvimento de uma
importante consciência critica que leva à ação; ajuda a descobrir novos
aspectos da mensagem sem correr o risco da leitura fundamentalista que muitas
vezes acaba desviando membros da comunidade das exigências de sua caminhada.
“Essa leitura pode ajudar a prevenir e corrigir objetivos e procedimentos
distorcidos”, como zelo agressivo, medo de Deus, legalismo” (cf DNC nº 111).
“A formação bíblica deve ser gradual,
cuidadosa, para que se possa passar a uma leitura mais adequada, de modo
construtivo” (DNC 114) e libertadora.
É preciso ainda proporcionar uma experiência de
comunidade ou grupo acolhedor, em que se pratique uma leitura, serena, orante,
viva e respeitosa (DNC 114).
Catequese e Liturgia
“A
liturgia é o ápice para o qual tende a ação da Igreja, e ao mesmo tempo, é a
fonte donde emana toda a sua força. Ela é, portanto, o lugar privilegiado da
catequese do Povo de Deus”. (CIC-1074).
A liturgia ocupa um lugar importante na nossa
catequese. As duas necessitam viver de mãos entrelaçadas. A catequese é um
processo permanente. Não termina com a preparação para um sacramento. A
caminhada da fé dos catequizandos necessariamente passa pela liturgia. A
palavra liturgia significa ação sagrada.
Na liturgia precisamos levar em conta:
- A ação do povo: celebramos a ação de Deus na
história, na vida e nos acontecimentos.
- Celebração: celebramos a relação amorosa de
Deus com o povo.
- O sentido de festa: nos encontramos para
festejar e comemorar a presença de Deus vivo e dos irmãos e irmãs.
- Comemoração: fazer memória, atualizar o
mistério pascal e mistério da nossa vida.
A liturgia é ação sagrada por excelência, cume
para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, fonte da qual deriva a
sua força, e requer uma participação plena, consciente e ativa.
- A liturgia ao
realizar sua missão, torna-se uma educação permanente da fé.
- A proclamação da
Palavra, a homilia, as orações, ritos sacramentais, a vivência do ano litúrgico
e as festas são verdadeiros momentos de educação e crescimento na fé.
- A liturgia é fonte
inesgotável da catequese, não só pela riqueza do seu conteúdo, mas pela sua
natureza de síntese e cume da vida cristã (SC 10; CR 89).
- A proclamação da
Palavra na liturgia torna-se para os fiéis a primeira e fundamental escola da
fé (DGAE 21).
- As festas e as
celebrações são momentos privilegiados para a afirmação e a interiorização da
experiência da fé (DNC 118).
Catequese Litúrgica
- A liturgia, com seu
conjunto de sinais, palavras, ritos, em seus diversos significados, requer da
Catequese uma iniciação gradativa e perseverante para ser compreendida e
vivenciada.
- A catequese litúrgica
prepara aos sacramentos e ajuda a vivenciá-los.
- A catequese explica o
conteúdo das orações, o sentido dos gestos e dos sinais, educa à participação
ativa, à contemplação e ao silêncio (DNC 121).
Para melhor unir catequese e
liturgia é preciso levar em conta:
- A centralidade do
Mistério Pascal de Cristo na vida dos cristãos e em todas as celebrações;
- A liturgia como um
momento celebrativo da história da Salvação.
- A compreensão dos
ritos e símbolos como reveladores da ação Pascal de Cristo;
- A participação
comunitária na liturgia com sua variedade de Ministérios.
- Preparação de boas
celebrações com a proclamação clara da Palavra.
- Participação dos
cristãos na Eucaristia, o coração do domingo. (Cf NMI 36).
- Conhecimento da
Palavra na catequese para ajudar na celebração da Palavra de Deus.
- A espiritualidade de
conversão mediante a celebração do sacramento da Reconciliação;
- O sentido dos
sacramentos, especialmente a Eucaristia como sinais de comunhão com Deus, em Cristo.Os Sacramentos
entendidos como momentos fortes da vida, atualizam a salvação no nosso dia.
No centro da celebração cristã está o memorial,
a recordação viva da Páscoa libertadora, a passagem das trevas para a luz, da
morte para a vida, das condições menos humanas para as condições mais humanas.
A liturgia é o ápice e a fonte da vida da
Igreja, um encontro com Deus e os irmãos.
A catequese litúrgica é um processo que visa
enraizar uma união madura, consciente e responsável com Cristo, através das
celebrações es leva ao compromisso com o serviço da evangelização nas diversas
realidades da vida (DNC 121).
5. O PROCESSO PEDAGÓGICO E METODOLÓGICO
“Não estava o nosso coração ardendo quando ele nos falava pelo caminho, e nos
explicava as Escrituras”? Lc 24, 32).
Jesus é a grande revelação do Pai. Ele se
encarna e por meio de sua vida, suas palavras, sua mensagem, seu projeto,
sinais e atitudes dão continuidade à Revelação iniciada na 1ª Aliança. A
catequese inspira-se na pedagogia de Jesus:
- Acolhe às pessoas,
especialmente os mais excluídos;
- Anuncia o Reino de
Deus que é de amor, justiça, liberdade, fraternidade.
- Convida para
segui-lo, vivendo a fé, a esperança e a caridade, numa constante conversão.
- Envia discípulos para
anunciarem a Palavra que transforma a sociedade.
- Dá atenção às
necessidades e às situações concretas da vida das pessoas.
- Usa uma conversa
simples, utilizando parábolas, gestos...
- Apresenta firmeza
diante das tentações, crises, buscando forças na oração (DNC 141).
O Espírito Santo é o grande iluminador da
catequese. Ele é o “Mestre interior”. Através dele podemos entender melhor as
palavras e os gestos de Jesus, fazer uma síntese entre fé e vida, assumir com
interesse a liturgia, o ano litúrgico, a oração quotidiana como caminho de
crescimento na fé.
“Iluminada pelo Espírito Santo a catequese:
anuncia a verdade revelada, cria meios de comunhão filial com Deus, a
construção da comunidade de irmãos, o estabelecimento da justiça, da
solidariedade, da fraternidade” (DNC 144).
O método
VER, ILUMINAR, AGIR, CELEBRAR e REVER:
Método é o caminho para podermos alcançar os
objetivos. Para chegar aos objetivos precisamos levar em conta: as pessoas, a
realidade, a comunidade, as experiências, a linguagem, o conteúdo, e a
comunicação...
É preciso ter em mente também, os meios, os
recursos que utilizaremos em nossos encontros para podermos alcançar os
objetivos.
Para o/a catequista é importante entender e
praticar o método de interação fé e vida. “A vida manifesta problemas e esperanças
para a fé e a fé ilumina a vida; a fé se coloca a serviço da vida, e a vida faz
com que a fé seja encarnada e atuante. Uma age dentro da outra para que todos
tenham vida e vida plena” (CR 112-113).
Dentro do método, alguns elementos ajudam a
fazer a catequese mais dinâmica, atraente e interativa. Vejamos:
1 - Linguagens, meios e instrumentos
É necessário saber adaptar-se aos
interlocutores, usando uma linguagem compreensível levando em conta a idade,
cultura e circunstâncias (DNC 163).
São muitos, hoje os meios e os instrumentos que
podemos utilizar: teatro, música, símbolos, cartazes. DVDs, entrevistas,
passeios, retiros...
2 - Trabalho em grupo
É importante trabalhar em grupo para favorecer
o desenvolvimento dos valores individuais e coletivos dentro de um determinado
campo social e catequético (DNC 164). Utilizar a técnica de oficinas.
3 - Experiência humana.
Todo ser humano carrega em sua vida uma grande
bagagem que são as experiências ao longo de sua vivência.
A riqueza da mensagem evangélica permanece
ineficaz se não se levar seriamente em conta a experiência dos catequizandos, o
contexto em que vivem, as barreiras que têm, os sonhos e esperanças que
alimentam (DNC 165).
4- Memorização na catequese
A memorização não foi banida da catequese. Ela
não deve ser descuidada, mas entendida como algo que passa pelo “coração”.
Portanto, o que se memoriza deve antes passar, pelo coração, pela experiência,
pelo sentimento de quem aprende.
Memorizar o que? As palavras de Jesus,
passagens bíblicas importantes, dez mandamentos, o credo, textos litúrgicos,
orações e noções de doutrina. (Cf CT 55; DNC 167).
5-Comunicação.
É importante a catequese utilizar os mais
diversos meios de comunicação. Mas antes de tudo, o/a catequista tem que ser
uma pessoa de comunicação clara, expressiva, de entusiasmo e de testemunho. O
DNC recomenda que é preciso “capacitar catequistas como comunicadores: sejam
pessoas conhecedoras dos processos de comunicação humana e estejam habilitados
a integrar recursos como músicas, vídeos, teatro... (DNC 171).
6- Criatividade de catequistas e catequizandos.
A alma de todo método está no carisma do
catequista, na sua sólida espiritualidade, no seu transparente testemunho de
vida, no seu amor aos catequizandos, na sua competência quanto ao conteúdo, ao
método e à linguagem (DNC 172). O catequista com estas qualidades poderá
suscitar maior criatividade e participação de seus catequizandos.
6. INTERLOCUTORES NO PROCESSO CATEQUÉTICO
“Vivendo o amor autêntico cresceremos sobre todos os aspectos
em direção a Cristo” (Ef 4, 15)
A catequese tem como interlocutor à pessoa
humana em suas diversas fases dentro do contexto sócio-cultural, econômico e
religioso. Catequese conforme a idade:
- Catequese com adultos:
Os adultos são os primeiros interlocutores da mensagem cristã, pois deles
dependem as decisões no mundo social, político e religioso.
- Catequese com pessoas
idosas
- Catequese com jovens
- Catequese com
adolescentes
- Catequese com
crianças
- Grupos indígenas,
afro-brasileiros e outros,
- Pessoas com
deficiência
7. MINISTÉRIO e FORMAÇÃO DE CATEQUISTAS
“Avance
para águas mais profundas, e lancem as redes para a pesca! ”. (Lc 5,4).
Exercer o ministério da Catequese é antes de
tudo uma missão em benefício de uma comunidade. Para bem exercê-lo é preciso
gratuidade, doação, empenho e perseverança.
Perfil do catequista:
- O ser catequista, seu
rosto humano e cristão.
- O saber do
catequista-conhecimento em diferentes áreas
- O saber do
catequista: a questão metodológica.
Para isto é preciso:
Relacionamento – Educação
– Comunicação – Pedagogia – Metodologia
Características da formação:
O Ser do
catequista,
seu rosto humano e cristão (258-264). A realização humana e afetiva, a
maturidade humana, a espiritualidade, a experiência de Deus, a integração na
comunidade, o cultivo da formação. O crescimento como pessoa.
O saber
do catequista
(265). O saber enquanto conteúdo e experiência cristã, mas o saber enquanto
ciências humanas, sociais, políticas, culturais, o uso dos modernos equipamentos,
a comunicação, os métodos, a linguagem,
O saber
fazer.
(266-270). A pedagogia, a metodologia, a psicologia. O mundo mudou, as pessoas
estão mais conhecedoras. Tudo é questionado, até a fé, as verdades, a família,
a Igreja.
O saber
fazer em conjunto:
O trabalho em comunidade, em equipes, com as demais lideranças das pastorais,
movimentos e organismos.
8. LUGARES PRIVILEGIADOS DE CATEQUESE
“Coloquem-se
a serviço uns dos outros através do amor” (Gl 5, 13).
Depois de uma breve introdução sobre a
necessidade de se aproveitar as novas conquistas tecnológicas, pedagógicas e
científicas para o anúncio do Evangelho, o documento exorta, do item 296 em
diante, a aproveitar os espaços já ‘constituídos’ como lugares de catequese. A
saber: a família, a comunidade cristã e por último a paróquia.
A família: “... o lugar onde se colocam os fundamentos para a construção da
personalidade do ser humano a partir de valores humanísticos, enriquecidos pelo
evangelho” (DNC 296) e entende-se que os pais são os primeiros e principais
responsáveis pela educação dos filhos na fé. O processo de crescimento da fé brota da
convivência familiar, da harmonia e do testemunho dos pais. Os pais são os
primeiros mestres da fé e, se os filhos não tiverem tais mestres, a catequese
como pastoral, necessitará de muito mais competência e acolhimento para ter
sucesso (DNC 299).
Outro lugar é a comunidade cristã: as famílias precisam estar engajadas na
comunidade onde, através de um clima fraterno, da percepção da realidade e da
leitura da Palavra de Deus busca-se uma sociedade mais justa e uma catequese
integral. Para isso é preciso que a comunidade seja espaço acolhedor, de
amizade, de convivência fraterna, de solidariedade e de celebração da
Eucaristia. A comunidade cristã deve ter iniciativas como: novenas, terços,
festa do padroeiro, grupos de reflexão, círculos bíblicos, grupos de oração, grupos
de caridade, encontros de preparação para os sacramentos e outros momentos
propícios ao engajamento social. A criança deve ser incentivada a participar
destes momentos para que aprenda os fundamentos da vida comunitária e cristã.
Por último, como espaço privilegiado de
catequese, encontramos a Paróquia,
que é uma rede de comunidades que acolhe, educa e anima a vida dos cristãos
(DNC 303). É a casa do povo de Deus. É lugar da celebração dos sacramentos e da
caridade. É onde encontram-se as Pastorais, movimentos, grupos e associações
dedicados a multiplicar o número de fiéis e a disseminar a palavra de Deus. Ali
é o coroamento da educação para a vida em comunidade.
Ministério e organização da catequese
A organização da catequese na diocese (dnc 327)
tem como ponto de referência o bispo e sua equipe de coordenação. A COORDENAÇÃO DIOCESANA DA CATEQUESE,
formada por uma equipe (bispo, padres, diáconos, religiosos e catequistas), assume TAREFAS FUNDAMENTAIS, como:
- estabelecer os itinerários e a modalidade da
catequese segundo a pedagogia catecumenal para as diversas idades,
especialmente para adultos, tanto batizados como não-batizados;
- discernir sobre a idade, duração das etapas,
celebrações e outros elementos necessários para o bom andamento da catequese;
- elaborar ou indicar para toda a diocese
instrumentos necessários para a educação da fé de seus membros, como: textos,
manuais, subsídios, programas para diferentes idades;
- promover
uma aprimorada formação dos catequistas, sobretudo das coordenações paroquiais,
envolvendo-os em jornadas, reuniões, escolas catequéticas, retiros, momentos de
oração e de confraternização;
- apoiar
as coordenações paroquiais em suas iniciativas, dando-lhes sustento através de
reuniões, subsídios, jornais catequéticos, revistas;
No total são quinze itens elencados, todos da
maior importância, para o bom andamento do processo catequético nas Igrejas
particulares (dioceses). No entanto, a que ser observar e destacar os itens D,
E, F, que disciplinam sobre ITINERÁRIOS (temas), PEDAGOGIA CATECUMENAL, IDADE e
indicação de LIVROS, SUBSÍDIOS para a catequese. Já os itens G e H, disciplinam
a FORMAÇÃO de CATEQUISTAS e COORDENAÇÕES.
Portanto,
não cabe a nenhum catequista em
particular, ou qualquer coordenação paroquial, decidir sobre qual ITINERÁRIO adotar, ou seja, quais TEMAS abordar,
qual o TEMPO necessário para a catequese, que MODALIDADE de catequese utilizar
e quais DIMENSÕES atingir com a catequese. A catequese existe para conduzir o
processo de iniciação à fé, para levar à espiritualidade e à vida cristã,
promovendo a integração do catequizando com a comunidade e a experiência
enriquecedora dos sacramentos, sinais marcantes na caminhada dos discípulos de
Jesus.
Lembrando também que a catequese, por ser educação orgânica e sistemática da fé, se concentra naquilo que é comum para todo
cristão, educa para a vida de comunidade, celebra e testemunha o compromisso
com Jesus. Ela exerce, portanto, ao mesmo tempo, as tarefas de iniciação,
educação e instrução (conforme DGC 68). É um processo de educação gradual e progressivo, respeitando os ritmos
de crescimento de cada um.
CONCLUSÃO
O Diretório Nacional de Catequese, síntese de
50 anos de movimento catequético, faz parte do propósito da Igreja no Brasil de
se aperfeiçoar sempre mais, no cumprimento do mandato de Jesus Cristo a seus
discípulos de levar ao mundo o seu Evangelho (cf. Mt 28,19-20). Ele é oferecido
como mediação para um novo impulso de renovação da catequese, parte fundamental
do ministério da Palavra, sem o qual a Igreja não subsiste.
“A catequese ajuda a pessoa a ser inteiramente
impregnada pelo Mistério de Cristo, à luz da Palavra. Ela, no conjunto da
evangelização corresponde ao período em que o cristão, depois de ter aceitado
pela fé a pessoa de Jesus Cristo, como único Senhor e após lhe ter dado uma
adesão global por uma sincera conversão do coração, se esforça por melhor conhecer
o mesmo Jesus Cristo, ao qual se entregou; conhecer a sua mensagem evangélica e
os caminhos que ele traçou para aqueles que o querem seguir” (328).
Catequese para ajudar
um cristão a descobrir as razões de sua fé no mundo plural, marcado pelo poder
econômico, pelo contraste, pelo pluralismo, pela relativização dos valores,
pela desconstrução da família, da comunidade eclesial, pelas imagens
quebradas: família, valores, ética, pessoa humana, cidadania, ecologia,
sentido de vida.
Que este Diretório seja bem acolhido por todos, prontamente
estudado e colocado em prática, de modo inculturado, segundo as várias
realidades. Ele dá orientações e pistas para a formação dos que direta e
indiretamente estão envolvidos com a catequese para que, fiéis à Sagrada Escritura
e à Igreja, realizem uma eficaz educação da fé.
Itaici, 15 de agosto de 2005.
DIRETÓRIO
NACIONA DE CATEQUESE – DNC
Conferencia
nacional dos Bispos do Brasil. Brasília: CNBB, 2006.
NÚCLEOS OU EIXOS PARA A LEITURA DO DNC:
1. Catequese e Missão Evangelizadora da Igreja:
Catequese evangelizadora. O fruto da evangelização e da catequese é fazer
discípulos (30-32)
2. Catequese a serviço da iniciação cristã (35)
3. Catequese inspirada no processo catecumenal
(45s)
4. Catequese e liturgia – liturgia e catequese
– a dimensão celebrativa da Catequese (115s)
5. O Ministério da Catequese (231s) (245 =
mandato de catequista)
7. Catequese como educação da fé: A pedagogia
de Deus, a pedagogia da catequese e o a pedagogia do processo educativo.
(146s). A experiência de Deus.
8. Os interlocutores: Adultos, jovens,
situações diversificadas: índios, motoristas, operários de turno, casais de
segunda união... (183s)
9. O Novo Catequista e a formação de catequistas
e espiritualidade (252-277)
11. Os Meios de comunicação social – e a
linguagem (168s)
13. Formação catequética nos seminários e nas
casas de formação da vida religiosa, (242s)
15. Catequese e o discipulado (34)
ENFOQUES DO DIRETÓRIO NACIONAL DE CATEQUESE QUE NECESSITAM DE
APROFUNDAMENTO ATRAVÉS DE ESTUDOS, CURSOS, FORMAÇÃO:
ü A compreensão de
evangelização e catequese – correlação e complementaridade
ü A
compreensão de catequese de iniciação,
ü A correlação e
complementaridade entre catequese e liturgia e liturgia e catequese
ü Os adultos no processo
de educação da fé
ü A igreja particular
como espaço para a dinamização da educação da fé
ü A compressão da
dimensão do ministério da catequese e do “ministério dos catequistas”.
ü O processo metodológico
da inculturação
ü Catequese e a linguagem
narrativa
ü Catequese no mundo
plural: diálogo, convivência com o diferente e ecumenismo.
ü Catequese e o
desafio de promover a “experiência de Cristo”.
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