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15º DOMINGO DO TEMPO COMUM – Marcos 6, 6b - 13
Chamando
os doze, os enviou com as seguintes recomendações: deviam ir dois a dois,
receberam poder sobre espíritos maus, não podiam levar nada no bolso, não
deviam andar de casa em casa e, caso não fossem recebidos, deviam sacudir o pó
das sandálias e seguir adiante. E eles foram.
É o
começo de uma nova etapa. Agora já não é só Jesus, mas é todo o grupo que vai
anunciar a boa-nova de Deus ao povo. Se a pregação de Jesus já dava conflito,
quanto mais agora, com a pregação de todo o grupo! Se o mistério já era grande,
ainda será maior com a missão intensificada.
ALARGANDO
Envio e Missão
No
tempo de Jesus havia vários outros movimentos de renovação. Por exemplo, os
essênios e os fariseus. Também eles procuravam uma nova maneira de conviver em
comunidade e tinham os seus missionários (cf. Mt 23,15). Mas estes, quando iam
em missão, iam prevenidos. Levavam sacola e dinheiro para cuidar da sua própria
comida, pois não confiavam na comida do povo, que nem sempre era ritualmente
“pura”.
Ao
contrário dos outros missionários, os discípulos e discípulas de Jesus
receberam recomendações diferentes que ajudam a entender os pontos fundamentais
da missão de anunciar a boa-nova, que receberam de Jesus e que ainda é a nossa
missão:
a) Deviam ir
sem nada. Não podiam levar nada, nem bolsa, nem ouro, nem prata, nem dinheiro,
nem bastão, nem sandálias, nem sequer duas túnicas. Isto significa que Jesus os
obriga a confiar na hospitalidade, pois quem vai sem nada vai porque confia no
povo e acredita que vai ser recebido. Com esta atitude criticavam as leis de
exclusão, ensinadas pela religião oficial, e mostravam, pela nova prática, que
tinham outros critérios de comunidade.
b) Deviam
comer o que o povo lhes dava. Não podiam viver separados com sua própria comida
e deviam aceitar a comunhão de mesa. Isto significa que, no contato como o
povo, não deviam ter medo de perder a pureza como era ensinada na época. Com
esta atitude, criticavam as leis da pureza em vigor e mostravam, pela nova
prática, que tinham outro acesso à pureza, isto é, à intimidade com Deus.
c) Deviam ficar hospedados na primeira casa em que fossem
acolhidos. Isto é, deviam conviver de maneira estável e não andar de casa em
casa. Deviam trabalhar como todo o mundo e viver do que recebiam em troca,
“pois todo o operário merece salário” (Lc 10,7). Em outras palavras, eles
deviam participar da vida e do trabalho do povo, e o povo os acolheria na sua
comunidade e partilharia com eles casa e comida. Significa que deviam confiar
na partilha. Isto também explica a severidade da crítica contra os que
recusavam a mensagem (Lc 10,10-12), pois não recusavam algo novo, mas sim o
próprio passado.
d) Deviam
tratar dos doentes e necessitados, curar os leprosos e expulsar os demônios (Lc
10,9; Mt 10,8). Isto é, deviam exercer a função de “defensor” (goêl) e acolher
para dentro do clã, dentro da comunidade, os que viviam excluídos. Com esta
atitude, criticavam a situação de desintegração da vida comunitária do clã e
apontavam saídas concretas.
Estes
eram os quatro pontos básicos que deviam marcar a atitude dos missionários ou
das missionárias que anunciavam a boa-nova de Deus em nome de Jesus:
hospitalidade, comunhão de mesa, partilha e acolhida aos excluídos. Caso estas
quatro exigências fossem preenchidas, eles podiam e deviam gritar aos quatro
ventos: O Reino chegou! Pois o Reino de Deus que Jesus nos revelou não é uma
doutrina, nem um catecismo, nem uma lei. O Reino de Deus acontece e se faz
presente quando as pessoas, motivadas pela sua fé em Jesus, decidem viver em
comunidade para, assim, testemunhar e revelar a todos que Deus é Pai e Mãe e
que, portanto, nós, seres humanos, somos irmãos e irmãs uns dos outros. Jesus
queria que a comunidade local fosse novamente uma expressão da Aliança, do
Reino, do amor de Deus como Pai, que faz de todos irmãos e irmãs.
Texto de Carlos
Mesters e Mercedes Lopes
Fonte: cebi.org.br
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