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sábado, 10 de julho de 2021

REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DOMINGO: ENVIO DOS DOZE PARA A MISSÃO

 

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15º DOMINGO DO TEMPO COMUM – Marcos 6, 6b - 13

 O conflito cresceu e tocou de perto a pessoa de Jesus. Como ele reage? De duas maneiras: diante do fechamento da sua família e do seu povoado, Jesus deixou Nazaré de lado e começou a percorrer os povoados nas redondezas. Além disso, ele abriu a missão e intensificou o anúncio da boa-nova.

Chamando os doze, os enviou com as seguintes recomendações: deviam ir dois a dois, receberam poder sobre espíritos maus, não podiam levar nada no bolso, não deviam andar de casa em casa e, caso não fossem recebidos, deviam sacudir o pó das sandálias e seguir adiante. E eles foram.

É o começo de uma nova etapa. Agora já não é só Jesus, mas é todo o grupo que vai anunciar a boa-nova de Deus ao povo. Se a pregação de Jesus já dava conflito, quanto mais agora, com a pregação de todo o grupo! Se o mistério já era grande, ainda será maior com a missão intensificada.

ALARGANDO

Envio e Missão

No tempo de Jesus havia vários outros movimentos de renovação. Por exemplo, os essênios e os fariseus. Também eles procuravam uma nova maneira de conviver em comunidade e tinham os seus missionários (cf. Mt 23,15). Mas estes, quando iam em missão, iam prevenidos. Levavam sacola e dinheiro para cuidar da sua própria comida, pois não confiavam na comida do povo, que nem sempre era ritualmente “pura”.

Ao contrário dos outros missionários, os discípulos e discípulas de Jesus receberam recomendações diferentes que ajudam a entender os pontos fundamentais da missão de anunciar a boa-nova, que receberam de Jesus e que ainda é a nossa missão:

a) Deviam ir sem nada. Não podiam levar nada, nem bolsa, nem ouro, nem prata, nem dinheiro, nem bastão, nem sandálias, nem sequer duas túnicas. Isto significa que Jesus os obriga a confiar na hospitalidade, pois quem vai sem nada vai porque confia no povo e acredita que vai ser recebido. Com esta atitude criticavam as leis de exclusão, ensinadas pela religião oficial, e mostravam, pela nova prática, que tinham outros critérios de comunidade.

b) Deviam comer o que o povo lhes dava. Não podiam viver separados com sua própria comida e deviam aceitar a comunhão de mesa. Isto significa que, no contato como o povo, não deviam ter medo de perder a pureza como era ensinada na época. Com esta atitude, criticavam as leis da pureza em vigor e mostravam, pela nova prática, que tinham outro acesso à pureza, isto é, à intimidade com Deus.

c) Deviam ficar hospedados na primeira casa em que fossem acolhidos. Isto é, deviam conviver de maneira estável e não andar de casa em casa. Deviam trabalhar como todo o mundo e viver do que recebiam em troca, “pois todo o operário merece salário” (Lc 10,7). Em outras palavras, eles deviam participar da vida e do trabalho do povo, e o povo os acolheria na sua comunidade e partilharia com eles casa e comida. Significa que deviam confiar na partilha. Isto também explica a severidade da crítica contra os que recusavam a mensagem (Lc 10,10-12), pois não recusavam algo novo, mas sim o próprio passado.

d) Deviam tratar dos doentes e necessitados, curar os leprosos e expulsar os demônios (Lc 10,9; Mt 10,8). Isto é, deviam exercer a função de “defensor” (goêl) e acolher para dentro do clã, dentro da comunidade, os que viviam excluídos. Com esta atitude, criticavam a situação de desintegração da vida comunitária do clã e apontavam saídas concretas.

Estes eram os quatro pontos básicos que deviam marcar a atitude dos missionários ou das missionárias que anunciavam a boa-nova de Deus em nome de Jesus: hospitalidade, comunhão de mesa, partilha e acolhida aos excluídos. Caso estas quatro exigências fossem preenchidas, eles podiam e deviam gritar aos quatro ventos: O Reino chegou! Pois o Reino de Deus que Jesus nos revelou não é uma doutrina, nem um catecismo, nem uma lei. O Reino de Deus acontece e se faz presente quando as pessoas, motivadas pela sua fé em Jesus, decidem viver em comunidade para, assim, testemunhar e revelar a todos que Deus é Pai e Mãe e que, portanto, nós, seres humanos, somos irmãos e irmãs uns dos outros. Jesus queria que a comunidade local fosse novamente uma expressão da Aliança, do Reino, do amor de Deus como Pai, que faz de todos irmãos e irmãs.

Texto de Carlos Mesters e Mercedes Lopes

Fonte: cebi.org.br

 

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