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quinta-feira, 8 de julho de 2021

COM ADULTOS, CATEQUESE ADULTA

Imagem: Catequese

Conversando sobre a catequese de jovens e adultos, vi o quanto somos carentes do "COMO" fazer as coisas. Temos inúmeros livros, muita teoria, mas nenhuma prática efetiva relatada que possa nos ser de alguma utilidade como guia. Uma ou outra coisa a gente pode aproveitar. 

O Estudo 84 da CNBB é algo para se olhar com carinho. Fala da SEGUNDA SEMANA BRASILEIRA DE CATEQUESE, cujo tema é Com adultos, catequese adulta. Lá encontramos textos interessantes, como, por exemplo, o da Ir. Mary Donzelini, que fala sobre o catequista da catequese com adultos. Também tem outro texto sobre a metodologia da catequese com adultos, esse de Ir. Marlene Bertoldi. Mas, já vou adiantando, muita teoria, pouca prática.

A catequese com adultos em nossa Igreja carece ainda, de muita atenção. Normalmente ela só atende aqueles que a procuram. Não existe um trabalho “missionário” de fato. Eu mesma, tive pouco contato com a  catequese de adultos nestes 15 anos de catequista. Talvez se considerarmos os encontros de pais (que deveria ser encarado como catequese de adultos), posso até dizer que sei algumas coisinhas, de resto...

Há alguns anos atrás, o padre da minha paróquia me pediu para fazer catequese com um rapaz de outra religião que ia se casar com uma moça católica. Claro que a primeira intenção do rapaz era receber os sacramentos da iniciação, eucaristia e crisma, para poder se casar na Igreja católica. Em princípio pensei no que poderia fazer. Enfiar a doutrina católica goela abaixo dele? Ensinar a ele o que significa os sacramentos na nossa Igreja? Porque, normalmente, é isso que se faz com os adultos. E procurei os livros e manuais utilizados pelo pessoal da catequese com adultos, que na verdade,  não tinha qualquer ligação com a catequese de crianças da paróquia. Era um “departamento” diferente. E lá me indicaram o “Água Viva”, que nada mais é do que um “catecismo popular” e o “Creio”, ambos excessivamente doutrinários.

Então resolvi começar "aprendendo" com ele. Afinal, ele tinha uma religião, cresceu nele e devia saber alguma coisa. Nossos primeiros encontros na verdade eram longas "conversas". Sobre o que ele tinha de religiosidade na vida dele, sobre ele "crer" em Deus, sobre o que ele pensava sobre estar se tornando católico, como foram as instruções religiosas que ele recebeu, enfim... Ele até me presenteou com o Catecismo Menor, de Martinho Lutero, que recebeu quando criança.

E nessas conversas fui "entremeando" algumas coisas que se espera de um católico: a devoção aos santos, a devoção mariana, a compreensão do porquê da tradição e do magistério. Mas, sobretudo, a crença em JESUS, a presença de Deus na nossa vida e na vida da família que ele ia constituir. E isso eu percebi que ele tinha. Tanto é que me deu um testemunho muito interessante.

Perguntei porque ele ia mudar de religião e não a sua noiva. Afinal estamos no século XXI, cujos direitos são iguais para os gêneros (?). Ele me disse o seguinte: que estava fazendo isso por ela, porque era o sonho dela o casamento na igreja, o vestido branco, a cerimônia, a família, a festa, enfim tudo que a tradição católica manda. Mas, pensava também que, futuramente, quem ia dar a primeira formação religiosa aos filhos deles, seria ela, a esposa, a mãe, que é quem participa mais e quem está mais presente na educação dos filhos. E que pensava que não deveria dividir a cabeça dos filhos, e assim, queria saber afinal o que nossa religião tinha de “tão” bom.

Mas esse é um caso especial, de uma pessoa que queria ser católico e já tinha vivência cristã. O nosso maior problema é que encontramos muitos catequizandos que nem sequer foram convertidos ao cristianismo ainda. Mas eles nos procuram. Procuram porque tem "sede" de alguma coisa. Não vamos, nunca, evangelizar alguém "na marra". Não conseguimos com as crianças! Que dirá com adultos!

Penso que o primeiro passo é saber qual é a “sede” das pessoa, e saciá-la. É preciso conhecer as pessoas, suas realidades, seus anseios. O que elas querem afinal? Algumas pessoas querem mesmo saber de doutrina, outras precisam ter a experiência de encontrar Jesus. Algumas estão afastadas da religião porque tem uma ideia completamente equivocada do catolicismo. Veem a nossa religião como uma coisa cheia de "normas" e leis, veem nossa liturgia como uma "repetição" sem fim e a nossa Igreja como dogmática demais.  Mas, dê a elas as "razões" da sua fé, dê a elas a paz de uma oração, dê a elas a mistagogia eucarística. Mexa com os sentimentos mais profundos, mexa com a FÉ interior dessa pessoa, ela tem. Isso com certeza mudará a “cara” da nossa catequese. Penso que aí está o sucesso da catequese de adultos, muito mais que em livros e manuais. 

Os parágrafos acima eu escrevi em 2008. Estava ainda “engatinhando” como catequista. Hoje estou bem mais velha, mais madura... não sei se mais sábia. Eu tento! E estou enfrentando pela primeira vez, o Catecumenato de Adultos (é assim que se chama em 2021) na prática. Tem sido uma grande experiência. Um enriquecimento muito grande para minha fé. Bem diferente de tratar com crianças. Bem... um pouco. Alguns adultos, ainda não tem maturidade suficiente para entender o que é “conversão”. Eu diria que estão “no raso”. A profundidade da fé assusta um pouco. Mas, é uma etapa interessante na vida de um catequista. Eu diria até que, sem enfrentar um adulto, uma pessoa que já tem uma caminhada de vida, experiências religiosas – ou nenhuma experiência – é um bocado diferente de tratar com crianças e adolescentes. Recomendo. 



Ângela Rocha
angprr@gmail.com.br



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