A internet, na
prospectiva antropológica, é vista como uma rede de relação, como uma resposta
às necessidades mais profundas do homem em relação à interação. Mas, será a
mesma rede de interações não pode “empobrecer” as verdadeiras relações, as
tidas como “reais”? Como evitar que a rede se torne uma ameaça para as
verdadeiras relações?
O aparecimento da
internet foi, de fato, uma revolução tecnológica. Todavia o que exprime esta
revolução? Onde estão as suas raízes? Pensando na internet é necessário não somente
imaginar as prospectivas de futuro que oferece, mas considerar também os
desejos e as expectativas que o homem sempre teve e as quais tenta responder,
isto é: conexão, relação, comunicação e conhecimento.
E a rede é um
espaço de experiência que sempre mais, está se tornando parte integral, em
maneira fluida, da vida cotidiana: é um novo contexto existencial. Portanto, a
rede não é, um simples "instrumento" de comunicação que se pode usar,
mas, ela se evoluiu em um espaço, um ambiente cultural, que determina um estilo
de pensamento e cria novos territórios e novas formas de educação, contribuindo
para definir também um modo novo de estimular as inteligências e de estreitar
as relações, um modo de habitar o mundo e organizá-lo. Não é, portanto, um
ambiente separado da vida ordinária, mas ao contrario, sempre mais integrado,
conectado com aquele da vida cotidiana.
De fato, um dos
desafios maiores, especialmente para aqueles que não são “nativos digitais”, é
aquela de não ver na rede uma realidade paralela, isto é, separada em relação à
vida de todos os dias, mas um espaço antropológico interconectado em raiz com
outros da nossa vida. Ao invés de fazer-nos sair do nosso mundo para escavar o
mundo virtual, a tecnologia fez entrar o mundo digital dentro do nosso mundo
ordinário. Os meios digitais não são portas de saída da realidade, mas
extensões capazes de enriquecer a nossa capacidade de viver as relações e
trocar informações.
Portanto, o
verdadeiro desafio de hoje é aquele de viver a Rede como um dos ambientes de
vida. Não “usar bem” a Rede, mas “viver bem” nos tempos da Rede.
Pe. Antonio Spadaro
* * * * * * *
NATIVOS DIGITAIS = jovens que cresceram acompanhando de perto a expansão da
internet e estão acostumados às muitas mudanças trazidas pela web. Considera-se
a geração nascida nos anos 80, jovens entre 15 e 24 anos que tem mais de cinco
anos de uso da Web, mais especificamente aqueles nasceram ou cresceram no
século XXI.
Só para ilustrar a
fala do Padre Antonio Spadaro, algumas pesquisas realizadas pela ONU em 2013:
- No Brasil são 20
milhões de nativos digitais, (é a 4ª maior população do mundo em nativos
digitais, só perde para a China, EUA e Índia), representam 10% da população do
país;
- Destes 20
milhões, 60% são jovens;
- Eles já são 5,2%
da população mundial e chegam a 30% do total dos jovens. De acordo com o órgão
da ONU, ainda são minoria, devido ao baixo uso da internet em muitos países em
desenvolvimento.
Não existe, ainda,
consenso na literatura do impacto exato que as tecnologias da informação e comunicação
têm sobre os jovens, mas, há consenso geral que as mídias digitais estão
mudando o jeito que eles aprendem, brincam, socializam e participam da vida em
sociedade.
AGORA EU PERGUNTO:
Qual tem sido nosso posição a este respeito?
Estamos respeitando nossas crianças e jovens "nativos digitais" ou ainda estamos querendo viver no século passado? Como está sendo a interação com nossos catequizandos e filhos, nativos digitais?
Estamos respeitando nossas crianças e jovens "nativos digitais" ou ainda estamos querendo viver no século passado? Como está sendo a interação com nossos catequizandos e filhos, nativos digitais?
GRUPO DE DISCUSSÃO
Rita Gasola
Tenho uma turminha de 17 jovenzinhos entre 10 a 13 anos desses somente 6 tem
acesso a internet. Com eles procuro estar interagindo, encaminhando. Procuro
artigos, histórias que dizem respeito a nossa Igreja, fé, e relaciono aos
encontros vivenciados na catequese. O que, às vezes, percebo é que deixa
curiosas e até tristes as crianças que não tem este meio de comunicação.
Ângela Rocha Sim,
a gente observa isso nas populações mais carentes... No entanto, apesar de não
ter acesso a Internet, como utilização das redes sociais, quase todos já tem um
domínio sobre o funcionamento de um celular ou já utilizou jogos eletrônicos...
que também são mídias digitais. Da minha turma de 1ª Etapa, crianças de 8/9
anos, apesar de não estarem ainda nas redes sociais (Facebook), todos usam
celular, seu ou dos pais.
Nilva Mazzer Quanto
a mim, posso responder que sim, estou respeitando...pois dentro da minha casa
tenho 3 "nativos digitais"...relutei muito para entrar na deles... mas,
agora não quero outra vida, e com meus catequizando tenho vínculos também na
rede, pois todos são meus amigos, e à parte temos um grupo fechado só
nosso...assim, ficamos mais íntimos!
Ângela Rocha Sim...
não dá mais pra gente fingir que não é real e querer voltar ao século passado.
O ideal, como a Nilva Mazzer disse, é "acompanhar" os filhos e
os catequizandos nesse mundo, não ficar de fora dele. E tem também a questão
dos jogos digitais, que tem sido o "terror" dos pais. Bom, se meu filho
não sai mais do computador porque está jogando, por que não aprender e jogar
com ele? Com certeza ele também pode aceitar meu convite para um passeio ou
atividade física, se ele sentir que faço parte da vida dele e do que ele gosta,
ele fará parte da “minha”.
Nilva Mazzer Se
ficarmos alheios a esse mundo "digital", que argumentos teremos com
esse povo miúdos, os "nativos digitais", se não falarmos a língua
deles seremos simplesmente desinteressantes para eles...agora se mostramos que
estamos juntos com eles nesse mundo deles...o contato fica bem mais fácil, mais
possível!
Marcileni R. Santos Giannotti Realmente
acredito que a única maneira é aceitar que o futuro é esse. A internet pode sim
afastar as pessoas, mas depende de nós fazermos por onde mudar isso... a
televisão fazia a mesma coisa e não nos permite interagir... nós temos um grupo
no whatsapp onde mantemos contato a semana toda, mandando mensagens, imagens e
afirmo que isso aproximou muito mais o grupo.
Ângela Rocha E
vale lembrar que hoje, tanto a TV quanto o Rádio estão na internet também... é
a chamada "convergência midiática".
E vale apostar sempre na qualidade
das relações que temos, sejam elas na realidade física ou na realidade digital. Ontem,
escutando a entrevista do padre Spadaro ele fez uma pergunta... assim como na
parábola do bom samaritano... Quem é meu próximo? Minha vizinha do apartamento
202, aqui em frente, com quem nunca converso ou a Claudia Pinheiro,
com quem converso todo dia, mesmo estando 900 Km longe de mim. Ela participa
mais da minha vida, que meus vizinhos de prédio.
Jin Hee Kim É
vocês tem toda razão : outro dia fiquei até meia noite jogando no XBOX com meu
filho. Mas também ele nos acompanhou numa corrida de rua no domingo acordando
as 5 da manhã!
Vívian Leite Eu
acredito que a internet e todos os seus aparatos só faz nos aproximar das
pessoas. A internet me ajuda muito nos encontros de catequese, tanto me
aproximando das crianças quanto de seus pais. Muitas vezes os catequizandos me
falam coisas pelo Face, pelo celular que eles não querem compartilhar com
os colegas. E isso não torna a relação impessoal ou superficial, muito pelo
contrário, torna mais íntima. Não há como fugir dessa realidade, mesmo porque é
um meio facilitador de muitas informações.
Andrea Canassa Na
minha turma todos tem acesso a internet, é uma turminha mais privilegiada. A
gente troca ideias pelo Face, eles perguntam, comentam. As mães também, tenho
no face e no WattsApp, algumas. Então falamos, trocamos ideias, dou recados.
Ficou mais Próximo. Como algumas são minhas amigas no Face, elas veem o que
posto e estão num grupo da catequese. Parece que me conhecem até mais do que
minhas vizinhas, que só falo bom dia, boa tarde, boa noite, apesar de morar há 16
anos na mesma rua, não sabem do que gosto, do que falo, faço, não me conhecem
apesar da proximidade. Aí, me lembro de uma conversa da Angela de que temos que
tomar cuidado com o que postamos e que curtimos na rede, pois o que posto aqui
revela um pouco do que sou.
Inês Souza
Campos Enquanto coordenadora, afirmo que fica muito mais
fácil quando o Catequista é um nativo digital. Temos um grupo onde são
repassados recados, mensagem, dicas e essa mesma comunicação fica mais difícil
com os outros que não são.
Ângela Rocha O
catequista nem sempre é um "nativo digital"... afinal eles nasceram
na década de 80... Mas, com certeza pode se tornar uma catequista
"antenado" com os nativos digitais....
Simara Aguiar
Avelino A tecnologia mudou a vida de todos, pois, hoje em
dia, todos usam de um aparelho de alta tecnologia, porem os nossos jovens são
mais adeptos a este mundo novo, a facilidade de manuseio e aprendizado deles é
muito maior do que as dos pais com certeza. Em nossos encontros
catequéticos, e até mesmo no nosso cotidiano podemos ver que o entrosamento é
muito melhor, só temos que ficar atentos, como catequistas e pais, de como eles
usam este meio de comunicação, e incentivar a usá-los também, não só como rede
social mas, para evangelizar também. Porém, admito que os jovens de hoje, com
toda essa tecnologia, perderam um pouco da infância de antigamente. Mas, é o
preço que pagamos por querer ser tecnologicamente informatizados, só não
devemos perder o vontade de quer estar juntos ao invés de só nos falarmos pela
web.
Ângela Rocha Na
verdade se pensarmos na nossa infância... digo de pessoas feito eu que nasceram
antes de 70... os "brinquedos" que tínhamos eram aqueles, hoje os
brinquedos dos jovens são tecnológicos... evidente que a presença física e
algumas coisas ainda são necessárias, principalmente para observar a questão da
saúde, obesidade, movimentos repetitivos, etc. Aqui cabe aos pais a devida
orientação para que haja esse equilíbrio... Da mesma forma que nossos pais
observavam que a gente não devia "só brincar" mas também ler,
estudar, etc.
Juliana Bellozo Acredito
que se tiver limite tudo dá certo: nem tanto ao céu nem tanto ao mar!
Ângela Rocha Precisamos
é saber viver nas duas realidades, tanto na física quanto na digital. Penso até
que o trabalho dos pais e educadores dobrou, rsrsrsr, agora são dois mundos em
que devemos prestar atenção.
Maria Aparecida é
verdade, hoje nossa preocupação é que temos que viver com esses dois mundo, mas,
às vezes isso incomoda, pois, até na hora da catequese não querem desligar seus
celulares. Aí quando chega aquele sinal de mensagem, já querem ver, se distraem
e também distrai os outros. Na catequese de crisma tenho dificuldades com eles.
Ângela Rocha Aí
entra novamente o papel dos educadores, pais e catequistas. Não podemos pedir
aos catequizandos que deixem seus celulares em casa, mas, com certeza podemos
pedir que o desliguem ou deixem no silencioso durante o breve tempo que dura a
catequese. E em casa, os pais devem fazer a mesma coisa, afinal, não dá pra
tomar banho com o celular, comer e dormir com o celular... até dá né?
rsrsrsr... mas, é preciso disciplinar as crianças.
Mah Figa Pura
verdade Ângela Rocha, hoje é preciso ensinar nossas crianças e jovens
que existe um momento certo para cada coisa; hora do virtual e hora do físico
ou pessoal. Nos meus encontros, eu costumo brincar dizendo que ganharei o
celular que tocar ou for usado durante os encontros e a garotada respeita e até
se diverte com isso.
Ângela Rocha E
se sobra um tempinho, sempre dá pra deixá-los "brincar" um pouco,
fazer uns "selfie"... afinal, eles acabam postando na net... Já
pensou que exemplo legal eles dão aos amigos mostrando que "estão" na
catequese? Isso é evangelização!
Mah Figa Isso
mesmo, e ainda entro na "bagunça com eles " kkkk.
Catequistas
em Formação!
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