À CAMINHO DE EMAÚS
Os discípulos caminhavam desanimados. Deixaram Jerusalém frustrados e
voltavam para Emaús. Como eles, todos nós somos caminhantes. A vida é uma longa
estrada por onde seguimos, caímos, levantamos, retrocedemos, avançamos... E
precisamos de forças no caminho.
Precisamos de forças e de orientação para caminhar com mais ânimo e com
direção, bem diferente daqueles dois discípulos que além da tristeza estavam
indo no sentido contrário (iam para Emaús, fugiam de Jerusalém!). Daí entrou em
cena um peregrino desinformado, que não sabia o que aconteceu por aquelas
bandas. Ele se aproximou, caminhou junto, escutou... Era preciso escutar
aquela partilha: “Estávamos cheios de esperança, mas Jesus morreu, e agora é o
fim!” Somos também peregrinos que podemos contar nossa história, nossas
conquistas, nossas frustrações. O desabafo é uma atitude de libertação, desde
que se tenha um bom escutador. Alguém que faça perguntas relevantes, que
questione de um modo qualificado: “Será que não era necessária a cruz?”
Um segundo passo deu o peregrino desinformado: Ele revelou as
escrituras. Recordou a Palavra, fez com que o caminho tivesse sentido,
reanimou-os, abrasou os corações. Cada vez que ouvimos o Senhor falar, nossa
vida pode ser a mesma, mas ganha novo sentido. A estrada é a mesma (um caminho
que liga Jerusalém a Emaús), mas o sentido agora é novo: os discípulos retornam
ao lugar das promessas. Devemos sempre escutar o que o Senhor tem a nos falar e
recobrar o sentido da estrada.
O peregrino queria seguir. “Já é tarde, fica conosco”, responderam os
dois caminhantes. O peregrino ficou e partiu o pão. Não faltava mais nada, pois
só o Mestre faria isto: “Ele ressuscitou!” Nós reconhecemos a presença do
Senhor no partir do pão. Em cada missa, nossos olhos se abrem e reconhecemos que
Ele está vivo, que somos a comunidade dos filhos de Deus que se reúnem para
celebrar o Cristo vivo. Percebemos que as dores da vida são parte do caminho e
que a cruz é necessária; avaliamos o sentido do nosso caminhar e podemos mudar
de direção.
Depois de partir o pão, o Senhor desapareceu. Animados, os dois
discípulos partiram para anunciar aos irmãos – “o Senhor Ressuscitou e agora o
vimos!” Na verdade o Senhor nunca some, Ele continua presente, visível no pão,
na comunidade, em nossos corações. Hoje ainda Cleofas e outro discípulo
continuam anunciando que Ele está vivo, ouve nossas dores, dá novo sentido à
vida, parte o pão e nos envia. Somos seus discípulos missionários que desejam
ver este mundo mais perto do Reino sonhado pelo Pai antes da fundação do mundo.
Hoje Ele nos escuta: o que queremos contar a Ele? Hoje sua Palavra é
proclamada: o que ela nos diz? Hoje o seu pão é partido: e temos o reconhecido
e partilhado com quem precisa do mesmo alimento? Hoje Ele faz de conta que
desapareceu, porém continua caminhando ao nosso lado: “Eis que estarei convosco
até o fim dos tempos”.
Pe. Roberto Nentwig
Arquidiocese de Curitiba
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