"A
salvação não provém somente da cruz, mas da cruz que é Deus feito carne, pois
não há salvação nas ideias ou na boa vontade”
Foi o que recordou o Papa na
homilia da missa matutina, na Casa Santa Marta, nesta quarta-feira. O Papa Francisco
convidou a não carregar a cruz apenas como um símbolo de pertença, mas a olhar
o Crucificado, ao “Deus que se fez pecado” para receber a salvação.
No Evangelho de João 8, por
três vezes Jesus diz aos fariseus: “Morrereis
nos vossos pecados”, porque tinham o coração fechado e não entendiam aquele
mistério que o Senhor representava. ”Morrer
no próprio pecado é algo ruim”, destacou o Papa. No diálogo com eles, Jesus
então recorda: “Quando tiverdes elevado o
Filho do Homem, então sabereis que eu sou, e que nada faço por mim mesmo”.
Jesus se refere àquilo que aconteceu no deserto, narrado no Livro dos Números
21, quando o povo que não podia suportar o caminho, “se afasta do Senhor” e “fala
mal d’Ele e de Moisés”.
Então chegam as serpentes que
mordem e provocam a morte. O Senhor pede a Moisés que faça uma serpente de
bronze e a coloque como sinal sobre uma haste: Quando alguém era mordido e
olhava para a serpente de bronze, ficava curado. A serpente é o “símbolo do
diabo”, “o pai da mentira”, “o pai do pecado, que fez a humanidade pecar”. E
Jesus recorda: “Quando eu for elevado, todos virão a mim”. Este é o mistério da
cruz, disse Francisco. “A serpente de bronze curava”, mas “era sinal de duas
coisas: do pecado cometido pela serpente, de sua sedução, de sua astúcia; e
também era sinal da cruz de Cristo.
Era uma profecia”, explicou o
Papa. Portanto, Jesus se “fez pecado”, como diz São Paulo, e tomou sobre si
todas as sujeiras da humanidade, se fez elevar para que todas as pessoas
feridas pelo pecado, olhassem para Ele. E quem não reconhecer naquele homem
elevado “a força de Deus que se fez pecado para nos curar”, morrerá no próprio
pecado: “Não
há salvação nas ideias, não há salvação na boa vontade, no desejo de ser
bons... não. A única salvação está em Cristo crucificado, porque somente Ele,
como a serpente de bronze, foi capaz de tomar para si todo o veneno do pecado e
nos curar”.
MAS O QUE É A CRUZ PARA NÓS?
“Sim, é o sinal dos cristãos, é o símbolo dos cristãos. Nós fazemos
o sinal da cruz, mas nem sempre o fazemos bem; porque não temos fé na cruz. Outras
vezes, para algumas pessoas, é um distintivo de pertença: ‘Sim, eu uso uma
cruz para mostrar que sou cristão’. É bom isso, mas não só como distintivo,
como se fosse de uma equipe, mas como memória daquele que se fez pecado. Outros,
ainda, usam a cruz como um ornamento; alguns usam cruzes com pedras
preciosas, para se mostrar”, frisou Francisco: “Deus disse a Moisés: Quem olhar para a serpente será curado”.
Jesus diz aos seus inimigos: “Quando tiverdes
elevado o Filho do Homem, então sabereis que eu sou. Quem não olha para a cruz
assim, com fé, morrerá nos próprios pecados, não receberá a salvação”.
A IGREJA PROPÕE UM DIÁLOGO COM O MISTÉRIO DA CRUZ:
“Hoje,
a Igreja nos propõe um diálogo com este mistério da cruz, com este Deus que se
fez pecado por amor de mim. E cada um de nós pode dizer: “Por amor de mim”. E podemos
pensar: Como eu uso a cruz? Como uma recordação? Quando faço o sinal da cruz
tenho consciência do que faço? Como levo a cruz? Somente como um símbolo de
pertença a um grupo religioso? Como uma decoração? Como uma joia, com pedras
preciosas... de ouro? Aprendi a levá-la nas costas, aonde machuca? Cada um
de nós, hoje, observe o Crucificado, olhe para este Deus que se fez pecado,
para que nós não morramos nos nossos pecados, e responda a estas perguntas que
acabei de sugerir”.
Papa Francisco
FONTE: radiovaticana.va
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