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segunda-feira, 5 de junho de 2017

E FORAM 90 DIAS...

Isso, dentro do ritmo Cristão, ao qual chamamos "Ano Litúrgico", e tem sempre um significado muito especial chegar a este dia, depois de 90 dias vividos em processo de “mudança”. Como uma peregrinação. Dos 365 dias do ano, 90 são para fazermos uma peregrinação.


Isto quer dizer que, se interiorizamos este ritmo e apanhamos esta sabedoria de viver, um terço do nosso ano está tocado por uma Graça toda especial. É a gente pôr-se no caminho.

Os 40 dias de Quarentena pré-Baptismal, mais os 50 dias em Páscoa, formam um itinerário coeso para dar vigor à Esperança.
No centro, o Tríduo Pascal, eixo e nexo de tudo quanto existe.

Começamos com Cinzas e culminamos com Pentecostes. Fogo, fogo, fogo!!! Começamos como gente apagada, mortiça, naquela Quarta-Feira de Cinzas em que vamos como brasa que se deixou extinguir. Daí vamos marcados, assinalados, com a cinza a que nos deixamos chegar... Mas é aí, nesse "dia um" dos 90 que virão, que o cinzel da Palavra começa a funcionar nas mãos laboriosas e criativas do Espírito da Vida! E, dessa celebração das cinzas, saímos para sermos cinzelados, ajeitados, entalhados...

A peregrinação avança - irrompe por dentro de nós até - e vamos dar na celebração de Pentecostes, toda diferente, em que até as cinzas voltaram a ser fagulhas, de tal modo o Sopro do Espírito levantou aquele Fogo, ateou de novo o que estava extinto, e aqueles que tinham saído marcados com as cinzas, saem desta vez com a vida em brasa, rastilhos no mundo, gente acesa e inflamada.

São 90 dias para acontecer este Batismo, em cada ano, Batismo de FOGO!

Acabados, nunca estamos. A sermos perfeitos, não chegamos. Vamos aprontando, claro, que é o que nos compete. "A nós e ao Espírito Santo", como diz o livro das Suas Aventuras, os "Atos dos Apóstolos". Vamos aprontando, dizia eu, que gosto tanto das portas que se abrem nas palavras...

Aprontamos para outro e apontamos para outro. É a lição de João, o Profeta Batista, com quem estive ainda esta manhã. Um homem que aprontou e apontou para outro. "Mas quem és tu?!" perguntavam-lhe, três vezes quase desesperadas. E ele, sempre em paz com não ser quem não era (sabedoria rara!), insistia num desconcertante: "Eu não sou, eu não sou".

Sempre a aprontar. Para outro.

A nossa vida ainda se inscreve nesta necessidade de aprontarmos os caminhos do Senhor e, por isso, vamos repetindo os processos, ensaiando sempre de novo os passos simples que complicamos: aquele um-dois-três-quatro do Mandamento do Amor, mais o cinco-seis-sete-oito das Bem-Aventuranças.

Por isso, gosto de saborear estes 90 dias intensos que terminaram ontem. Hoje, recomeça o que chamamos "Tempo Comum". Que delícia termos um Tempo Comum, o tempo mais à minha medida.  Mais, a nossa medida.

(Texto de Pe. Rui Santiago... meio “abrasileirado” por Ângela Rocha)


E é num tempo, não tão "comum" assim, que vivemos a nossa fé...


 
 



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