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sexta-feira, 9 de junho de 2017

HOMILIA : SANTÍSSIMA TRINDADE

Quem é nosso Deus? Celebrar o Deus Trindade é resgatar uma imagem positiva de Deus. Por muitos séculos, preferimos falar de Deus a partir de categorias filosóficas que não são mais compreensíveis como substância, consubstancial… 

Ainda pior é a imagem idolátrica de um deus frio, distante, carente de humanização, punidor. Até mesmo chamar Deus de onipotente pode atrapalhar. Acostumamo-nos mais com sua onipotência do que com o seu amor, com sua misericórdia…

Moisés já tinha uma imagem positiva de Deus, embora estejamos ainda no Antigo Testamento: “Deus misericordioso e clemente, paciente, rico em bondade e fiel” (Ex 34,6). O Povo da Bíblia já tinha uma imagem de Deus-conosco, um Deus que caminha próximo. Não era um deus punitivo que se fixava nas culpas, sedento por condenar, por exigir contas. Deus Pai é este Deus amoroso, misericordioso… É este mesmo o Deus que experimentamos?

Deus não é só amor em si, mas amor para o mundo: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Este versículo é a síntese do sentido do mistério da encarnação e redenção: Deus Filho veio para nos salvar, para nos trazer vida, para doar a sua vida. A revelação é sempre um sair de si, por isso, uma graça. A vida dos seguidores do Senhor crucificado-ressuscitado é uma busca constante de sair de si mesmo, de livrar-se do narcisismo egoísta. Deus não ficou fechado em sua onipotência, mas se fez fraqueza, fez-se humano, fez-se limite, despojou-se…

Deus Espírito Santo age agora na história. É o sopro divino que nos impulsiona, que nos dá vida, que enche nossa vida de sentido. O Espírito Santo é o amor de Deus derramado em nossos corações, é a experiência íntima do amor, do sentido, da vida, da paz… É preciso olhar para dentro de si mesmo e perceber a presença amorosa de Deus…

Nossa relação com cada uma das pessoas é também importante. O PAI nos lembra que Deus está acima de nós, dando a sua lei, manifestando a sua vontade. O FILHO nos lembra que Deus está ao nosso lado, caminha conosco, dá a sua vida, ensina quem é o ser humano… O ESPÍRITO nos lembra que Deus está dentro de nós, inspira-nos e nos conduz com o seu sopro.
Um Deus relacional nos conduz à relação, à uma cultura do encontro. Deus se relaciona em si, Deus sai de si e se relaciona conosco. E sua relação respeita a nossa liberdade, não invade, não arromba… Assim, não anunciamos a intolerância religiosa, a falta de respeito pelas diferenças. Entendemos as pessoas e as culturas em suas diferenças. Somos também convidados a viver a comunhão na diferença, como Deus é uma comunhão de três diferentes.
Pe. Roberto Nentwig

Arquidiocese de Curitiba - PR

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