(Pe. Fábio de Melo, CD: enredo do meu povo simples)
Não sou perfeito
Estou ainda sendo feito
E por ter muito defeito
Vivo em constante construção
Sou raro efeito
Não sou causa e a respeito
Da raiz que me fez fruto
Desfruto a divina condição
Em noites de céu apagado
Em noites de céu apagado
Desenhos as estrelas no chão
Em noites de céu estrelado
Eu pego as estrelas com a mão
E quando a agonia cruza a estrada
Eu peço pra Deus me dar sua mão
Sou seresteiro
Sou seresteiro
Sou poeta, sou romeiro
Com palavra, amor primeiro
Vou rabiscando o coração
Vou pela rua
Minha alma às vezes nua
De joelhos pede ao tempo
A ponta do seu cobertor.
Vou pelo mundo
Vou pelo mundo
Cruzo estradas, num segundo
Mundo imenso, vasto e fundo
Todo alojado em meu olhar
Sou retirante
Sou ao rio semelhante
Se me barram, aprofundo
Depois vou buscar outro lugar.
VÍDEO NO YOUTUBE:
http://youtu.be/Mt6CHTJQUnQ
REFLEXÃO:
http://youtu.be/Mt6CHTJQUnQ
REFLEXÃO:
Os quatro versos iniciais: “Não sou perfeito/estou ainda sendo feito/E por ter muito defeito/Vivo em constante construção” expressam com exatidão o projeto da catequese com adolescentes: nos conscientizar de que somos seres em construção. Muitas vezes, eles se sentem pleno de vida e de energia, com rapidez de raciocínio suficiente para apontar muitas limitações em sua casa, na escola ou entre seus amigos; porém, são lentos em reconhecer os próprios erros, e mais ainda em superá-los.
Quais são as faltas mais freqüentes nos jovens, hoje?
Na prática, o que significa: “Vivo em constante construção?” Do ponto de vista religioso, vivemos em estado de contínua conversão, ou seja, de mudança para melhor, pois sempre atua em nós a graça de Deus.
O autor da música se refere á causa e á raiz de sua condição humana. Somos filhos adotivos de Deus pelo nosso Batismo, esta é a nossa raiz, por isso participamos da natureza divina e somos frutos divinos. A força desta raiz nos encoraja a enfrentar a noite. Assim como algumas noites tem céu estrelado e outras apagado, na vida também, nos deparamos com dias bons e dias difíceis. O importante é que nas horas mais difíceis, em que o sofrimento cruza a estrada da vida, “eu peço pra Deus me dar a sua mão”.
O poeta se sente um ser a caminho, como o romeiro a procura da casa de Deus. Pede ao tempo que não lhe seja tão ingrato, que não lhe recuse ao menos “a ponta do seu cobertor”, porque segue pela rua, sem amparo, sem abrigo, e percebe sua alma nua, desprovida de toda proteção.
As imagens do andarilho do mundo que segue adiante na sua estrada, ou do retirante sem parada, ou do rio sem retorno retomam a proposta dos primeiros versos, que revelam o ser humano em construção, ainda sendo feito, pois sua raiz divina o quer como um fruto sempre mais acabado.
Comente a dinâmica das imagens do rio, do romeiro, do retirante, do poeta e do seresteiro, da vida em movimento nas estradas do mundo. O que evocam essas imagens?
Como Deus protege o poeta que se sente desamparado?
Por que, ao encontrar obstáculos no caminho, ele mergulha em si mesmo e vai buscar outros mundos?
Pe. Antonio Francisco Lelo.
Paulinas – Projeto Jovem
Nenhum comentário:
Postar um comentário