Espírito Santo, Jesus disse que Tu és Aquele que nos dá a conhecer
todas as coisas (Jo, 16, 13).
Então, dá-Te a conhecer a nós!
O
Espírito Santo é, na comunhão da Santíssima Trindade, Comunhão que nós
aprendemos a chamar “Deus”, o ponto de encontro eterno entre o Pai e o Filho, o
Amor Divino com jeito de abraço e inspiração de reciprocidade. É uma Pessoa
Divina, como o Pai e o Filho, uma interioridade espiritual eterna e perfeita,
única, original, irrepetível, livre, capaz de amar e que se realiza na comunhão
com outras Pessoas. Não é uma “pombinha”, nem um vento, nem uma “coisa” sagrada
que se tenha e se dê! A má compreensão dos símbolos bíblicos para dizer a ação
do Espírito de Deus fez com que se “coisificasse” a Sua existência.
Os
símbolos bíblicos do Espírito Santo são a água, o fogo, o vento, o óleo e a
pomba.
O
“Espírito de Iahweh” é no Antigo Testamento a atividade de Deus, a Sua ação na
história sempre eficaz e, ao mesmo tempo, sempre discreta. Por isso são
precisos símbolos para exprimi-la…
A
Água é símbolo em todas as
culturas antigas de purificação, renascimento, fecundidade… A Criação está
marcada por este símbolo, já que “o Espírito
sobrevoava as águas” (Gn 1, 2). E no tempo de Noé, é pela água que Deus atua
a recriação da Humanidade que, entretanto, se tinha corrompido (Gn 7, 17). João
Batista era com o batismo na água do Jordão que preparava o Resto Fiel para a
chegada do Messias. E ainda hoje os discípulos deste Messias utilizam a água
para celebrar o Batismo.
O
Fogo é símbolo de todo o
mistério, o maravilhoso intocável, o que assume e transforma em si próprio tudo
o que toca. No deserto, o povo era iluminado por uma coluna de fogo durante a
noite (Ex 13, 21), e o novo povo de Deus é também conduzido pelo fogo do
Espírito Santo que abrasa e ilumina a partir da experiência de Pentecostes (At
2, 3).
O
Vento é o que atua sem ser
visto, está presente sem se conseguir agarrar, “sopra onde quer, ninguém sabe de onde vem nem para onde vai, Ruah, mas
todos escutam a sua voz” (Jo 3, 8). O profeta Elias, escondido com medo da
rainha Jezabel, é na brisa suave do vento que percebe a presença de Deus (1Rs
19, 13). O profeta Ezequiel descreve a visão de um campo de ossos ressequidos
aos quais, Deus envia uma brisa suave, um vento que os percorre e revigora
trazendo-os à vida (Ez 37, 1-10). “Espírito”
em hebraico diz-se “Ruah”, que
significa mesmo “vento”, “aragem”. E tem também o significado de “hálito” ou
“alento” de vida. O Ruah Iahweh –
Espírito de Deus – é o Hálito que sai da boca de Deus como alento de Vida: “Deus insuflou no barro amassado o seu Ruah –
hálito, alento, respiração – e o Homem tornou-se um Vivente!” (Gn 2, 7).
Também
Jesus Ressuscitado “soprou sobre os
Apóstolos, dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo!” (Jo 20, 22). Sim, o
Espírito Santo é o Alento de Vida de Jesus Ressuscitado.
O
Óleo ou Azeite é símbolo do vigor, da força, da cura e da eleição. Na Grécia antiga, por
exemplo, os participantes nos jogos olímpicos untavam-se com óleo – azeite
virgem – para tonificar os músculos, dar vigor e beleza ao seu corpo. Esse
mesmo óleo era utilizado por todos os povos da antiguidade para curar feridas
abertas, pelas suas propriedades cicatrizantes. Além disso, a unção com óleo
sobre a cabeça era o símbolo privilegiado da eleição divina de alguém: “Samuel pegou no corno cheio de óleo e ungiu
David. A partir desse momento, o Espírito de Deus apoderou-se dele” (1Sm
16, 13). Ainda hoje usamos a unção com óleo como símbolo desta consagração ao
Espírito Santo nos sacramentos do Batismo, Confirmação, Ordem e Unção dos Enfermos.
Os nomes “Messias” e “Cristo” que significam em hebraico e grego “Ungido”, têm
por base esta simbologia bíblica da unção-eleição de alguém por parte de Deus
para realizar o Seu Projeto.
A Pomba é o símbolo da
leveza, da agilidade e das boas notícias. “No
princípio, o Espírito sobrevoava as águas” (Gn 1, 2), e será uma pomba a
dar a Noé a Boa Notícia da Recriação (Gn 8, 8-12). No batismo de Jesus, “o Ruah Espírito Santo desceu na forma de uma
pomba sobre ele”, símbolo da unção messiânica confirmada por Deus, de quem
se ouve a voz: “Tu és o meu filho muito
amado; em ti ponho todo o Meu agrado” (Lc 3, 22).
Os
símbolos servem para dizer o “importante não evidente”. No entanto, o Espírito
Santo não é uma “coisa”, mas uma Pessoa. Que não se explica por meio de objetos
ou coisas.
Pe. Rui Santiago, cssr.
In Ruah.
Em tempo: No Catecismo da Igreja Católica, a partir do item 691, encontramos o nome, denominações e os símbolos do Espírito Santo. Lá encontramos também o Selo, como símbolo do Espírito Santo:
O Selo é um símbolo próximo ao da unção. Indica o caráter indelével da unção do Espírito nos sacramentos e falam da consagração do cristão. Em 2Cor l,22, "O qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos corações." Em Ef 1,13: "Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa". Em Ef 4,30: "E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção".
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