Pouco a pouco, vamos
aprendendo a viver sem interioridade. Já não necessitamos de estar em contato
com o melhor que há dentro de nós. Basta-nos vivermos entretidos.
Contentamo-nos com funcionar sem alma e alimentarmo-nos só de pão. Não queremos
expor-nos a buscar a verdade.
Vem Espírito Santo e livra-nos do vazio interior.
Já sabemos viver sem raízes
e sem metas. Basta-nos deixarmo-nos programar a partir de fora. Movemo-nos e
agitamo-nos sem cessar, mas não sabemos o que queremos nem aonde vamos. Estamos
cada vez melhor informados, mas sentimo-nos mais perdidos que nunca!
Vem, Espírito Santo e liberta-nos da desorientação.
Às vezes interessam-nos as
grandes questões da existência, mas não nos preocupa ficarmos sem luz para
enfrentarmos a vida. Fizemo-nos mais céticos, mas também mais frágeis e
inseguros. Queremos ser inteligentes e lúcidos… Então, porque não encontramos
sossego e paz?! Porque nos visita tanto a tristeza?!
Vem Espírito Santo e liberta-nos da escuridão interior.
Queremos ser livres e
independentes e encontramo-nos cada vez mais sozinhos. Necessitamos viver e
encerramo-nos no nosso pequeno mundo, às vezes tão aborrecido. Necessitamos
sentir-nos queridos e não sabemos criar contatos vivos e amistosos. Ao sexo
chamamos “amor” e ao prazer chamamos “felicidade”, mas quem há de saciar a
nossa sede?!
Vem Espírito Santo e ensina-nos a amar.
Na nossa vida parece não
haver lugar para Deus. A Sua presença ficou reprimida ou atrofiada dentro de
nós mesmos. Cheios de ruídos por dentro, já não podemos escutar a Sua voz. Submergidos
em mil desejos e sensações, não chegamos a perceber a Sua proximidade. Sabemos
falar com todos menos com Ele. Aprendemos a viver de costas para o Mistério.
Vem Espírito Santo e ensina-nos a ter fé.
Crentes ou não crentes,
pouco crentes e mau crentes, assim peregrinamos todos muitas vezes pela vida.
Na festa cristã do Espírito Santo, Jesus diz-nos a todos o que um dia disse aos
seus discípulos, exalando sobre eles o seu alento: “Recebei o Espírito Santo!”
Este Espírito que sustém as nossas pobres vidas e dá alento à nossa débil fé
pode penetrar em nós por caminhos que apenas Ele conhece...
Texto
de José Antonio Pagola, para o dia de Pentecostes.
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