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quinta-feira, 7 de setembro de 2017

VIEMOS OU NÃO DO "BARRO"?


COMO EXPLICAR AOS CATEQUIZANDOS QUE O HOMEM NÃO FOI FEITO DE BARRO E QUE O TEXTO DA BÍBLIA É 'LITERÁRIO'?

Uma catequista em nosso grupo fez a seguinte pergunta:

"Gostaria de saber como falar para criança de 7 anos que o homem não foi feito do barro , que o texto da Bíblia e literário?"

Aí, antes de tentar responder, eu tenho outra: 

Será que o homem não foi feito do barro mesmo?

Na Bíblia temos duas histórias da criação. Trata-se de duas fontes literárias diversas, ou seja, sem entrar em detalhes, de dois autores. O primeiro, em Gênesis 1,1 a 2,4, que conta a criação em 7 dias, e é chamado Sacerdotal.

A sua dúvida, tem a ver com a segunda história, numa versão chamada Jahvista. Essa história se encontra em Gênesis 2,7. O texto diz: “Então Iahweh Deus modelou o homem com a argila do solo, insuflou em suas narinas um hálito de vida e o homem se tornou um ser vivente.” E vamos mais fundo, o primeiro homem, cujo nome é Adão, vem de “adam”, que significa “vem do solo”.

A frase hebraica que a Bíblia de Jerusalém (tradução acima) traduz como “argila do solo” é “apar min-hadamah”. APAR pode ser traduzido como “poeira” e MIN-HADAMAH como “do solo”. APAR é o mesmo vocábulo usado para a frase muito conhecida por nós, presente em Gênesis 3,19: “Pois tu és pó e ao pó tornarás”. A expressão hebraica quer significar a terra solta que encontramos no chão. Por isso creio que a tradução correta poderia ser “pó da terra” ao invés de “barro”.

Hoje todos sabem que Adão e Eva não foram criados de um momento ao outro, num piscar de olhos, por Deus. Ou seja, o relato bíblico não é história, como entendemos os conceitos históricos. Não aconteceu de um dia Deus acordar e resolver: “Hoje vou criar o mundo!”. Isso não significa a Bíblia mente: A CRIAÇÃO É OBRA DE DEUS! Essa é a grande verdade bíblica que precisamos reforçar. Mas, como isso aconteceu, nós não sabemos exatamente e nem o autor do Gênesis sabia. A Bíblia ensina verdades que ultrapassam, muitas vezes, nossa visão racional. A maneira como o evento da criação está descrito na Bíblia é uma leitura feita por alguém (ou várias pessoas) da origem do mundo. É uma interpretação da origem do mundo inspirada pela fé em Deus, influenciada por elementos mitológicos, mas, trouxe novidade ao colocar Deus como criador e o homem ao centro desta obra.

Lembremos que a Bíblia é uma coletânea de livros sobre a FÉ, não um tratado histórico e científico. Cabe à ciência decifrar a origem do mundo, cabe à Fé guiar o homem. Fé e ciência não são dois polos opostos, mas se integram e se complementam.

Talvez a resposta esteja na Teoria da Evolução. Às vezes, porém, acontece que tal teoria se torna uma ideologia, negando aspectos igualmente importantes da criação. De fato quando os cientistas dizem que a criação de tudo depende do caso e da necessidade não estão sendo cientistas, mas guiados por uma ideologia. Do mesmo modo, erram os cristãos quando leem o texto do Gênesis como a verdade absoluta sobre a criação. O texto bíblico sobre a criação não pretende ser um texto de ciência natural ou de física, que pretende transmitir ao leitor dados informativos de ordem científica. De fato, a Bíblia tem por objetivo transmitir um outro tipo de informação, ou seja, que a vida, nas suas diferentes formas e expressões, não é um produto do acaso, mas de uma vontade transcendente.

Agora, voltando à pergunta que eu te fiz no início... 

Leia este artigo e depois veja se não temos razão em fazê-la. Será que não viemos mesmo de partículas de pó?


“A fé e a razão (fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de O conhecer a Ele, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio.”

(Carta Encíclica Fides et Ratio do Sumo Pontífice João Paulo II – set 1998)

Um abraço
Ângela Rocha

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