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sexta-feira, 14 de agosto de 2015

A FAMÍLIA É UMA REALIDADE EM CONSTRUÇÃO


A família humana é um espaço fundamental para a humanização dos seres humanos. Podemos dizer com toda a verdade que a família é a célula mãe da sociedade. Segundo tenha sido bem ou mal amado, o ser humano ficará capacitado ou não para amar. Na verdade a lei do amor é esta: ninguém é capaz de amar antes de ter sido amado e o mal amado ficará a amar mal.

É na família que se inicia a dinâmica básica da humanização que acontece como emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a comunhão universal. À luz da fé cristã a comunhão universal para a qual as pessoas humanas convergem na medida em que emergem como pessoas é o Reino de Deus.

Isto quer dizer que a meta da Família humana é a Família de Deus. Por outras palavras, a família humana é uma mediação fundamental para acontecer a edificação da família divina, a qual transcende os laços da carne e do sangue. 

Jesus tinha consciência de que a sua missão implicava a incorporação das pessoas humanas na comunhão familiar de Deus mediante o dom do Espírito Santo (Rm 8, 14-17; Ga 4, 4-7). Eis a razão pela qual Jesus anunciava o Reino de Deus, isto é a Família Universal de Deus, a qual assenta nos laços da Palavra e do Espírito Santo: 

Entretanto chegaram sua mãe e seus irmãos que queriam falar com Jesus. Ficaram do lado de fora, pois a multidão estava sentada à volta dele. Entretanto alguém disse a Jesus: - Está lá fora a tua mãe e os teus irmãos que te procuram.- Jesus respondeu:
- Quem são minha mãe e meus irmãos? - E percorrendo com o olhar os que estavam sentados à volta dele, disse: 
- Aí estão minha mãe e meus irmãos, pois todo aquele que fizer a vontade de Deus, esse é que é meu irmão, minha irmã e minha mãe. (Mc 3, 31-34)."


Mais que um lugar de aprendizagem teórica, a família é um entretecido de relações, onde emerge o amor como dinâmica de bem-querer que tem como origem as pessoas e como meta a comunhão. A família é o espaço adequado para acontecer o amadurecimento dos esposos, dos pais e dos filhos. Primeiro amadurece o marido e a esposa. Depois amadurece o pai e a mãe.

A família é a comunidade de amor mais adequada para o ser humano se estruturar como pessoa livre, consciente, responsável e capaz de amar. É na família que a natureza humana encontra as melhores condições para emergir como vida pessoal e convergir para a comunhão amorosa. Por outras palavras, a família é um contexto humano excepcional para a humanização das pessoas.

Quanto maior for a densidade do amor no entretecido das relações familiares, mais os seus membros crescem como pessoas bem-amadas e, portanto, capacitadas para colaborar na criação de uma sociedade mais justa e feliz. Uma pessoa bem-amada está capacitada para amar bem, facilitando a realização das outras pessoas e, portanto, da sociedade.

Como sabemos, a plenitude do ser humano não está em si, mas no encontro e na comunhão com os outros. Apenas em relações de amor com os outros a pessoa se pode realizar e possuir plenamente. Na medida em que se amam, os membros da família elegem-se mutuamente como alvo de bem-querer e procuram aceitar-se apesar das diferenças.

É no interior de uma família bem-amada que a natureza humana encontra condições para emergir na sua perfeição máxima. De facto, é no coração da pessoa bem-amada que a Humanidade emerge de forma única, original e irrepetível. De facto, não há duas pessoas iguais. É por esta razão que ninguém está a mais, pois ninguém é uma cópia de alguém que já existe ou existiu.

A família humana é uma imagem perfeita de Deus. A nossa fé diz-nos que Deus é uma comunhão familiar de três pessoas. Em condições normais, é na família que as pessoas recebem o leque básico dos seus talentos ou possibilidades de humanização. A fidelidade aos talentos recebidos é, como diz o evangelho de São Mateus, a vocação básica do ser humano. Na verdade, a fidelidade aos talentos recebidos na família, pessoa torna-se apta para ser um bom construtor da sociedade e um bom participante da festa da comunhão universal que é a Família de Deus (cf. Mt 25, 14-30).


Pe. Santos Calmeiro Matias
Padre da Congregação Redentorista de Porto - Portugal.
Foi assessor das Equipes de Nossa Senhora e um dos padres pioneiros na evangelização pela Internet, onde se pode encontrar magnificas reflexões.
Faleceu em 17 de junho de 2010 aos 68 anos.

“Se conhecesses o mistério imenso
Do céu onde agora vivo,
Este horizonte sem fim,
Esta luz que tudo reveste e penetra,
Não chorarias, se me amas!”

                                   Santo Agostinho

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