Era uma vez um
carregador de água na Índia que levava todas as manhãs ao Senhor daquelas
terras, dois potes grandes, ambos pendurados em cada ponta de uma vara que ele
carregava atravessada aos ombros, apoiada sobre o pescoço. Um dos potes tinha
uma rachadura, enquanto o outro era perfeitinho e chegava sempre cheio de água
no fim da longa jornada entre o poço e a casa do Senhor daquele carregador. O
pote rachado chegava sempre pela metade.
Foi assim durante dois
anos, diariamente, o carregador entregando um pote e meio de água na casa do
seu Senhor. Claro, o pote perfeito estava orgulhoso de si mesmo. Até parecia
maior, tanto lhe tinha inchado o orgulho! O outro pote, rachado, estava
envergonhado de sua imperfeição, e sentia-se miserável por só conseguir
realizar metade do que se esperaria dele.
Ao aperceber-se disto,
depois daqueles dois anos, o pote finalmente falou para o homem um dia, à beira
do poço:
- "Estou
envergonhado, quero te pedir desculpas. E pedir que deixe de contar comigo, que
não sirvo para nada."
- "Por quê?" -
perguntou o homem – “Por que você está tão envergonhado?”
- "Porque nestes
dois anos eu só fui capaz de entregar metade da minha água por causa desta
rachadura aqui do lado... Metade da água perde-se na beira do caminho, entre o
poço e a casa do teu Senhor!"
O homem ficou triste com
o que o velho pote disse, e falou-lhe com compaixão:
- "Quando
retornarmos para a casa do meu Senhor, quero que olhe se há flores ao longo do
caminho... e onde é que elas estão..."
Então, à medida que eles
subiam a montanha, o velho pote rachado deu-se conta de que, do seu lado do
caminho, a paisagem era pintada de mil cores, as mil cores de tantas flores que
tinham nascido por ali... E, olhando para o outro lado, não viu mais que terra
seca e pedras...
Reparou até, pela
primeira vez, que o carregador se debruçava para apanhar algumas... O carregador
disse-lhe então:
- "Parece
impossível que você nunca reparou... O que seria este caminho sem você e sem a sua
rachadura? Todos os dias pela manhã eu levo ao meu Senhor não só a água, mas as
flores que dão alegria à sua mesa! Todas as manhãs... Como o poderia fazer sem
você? Que flores teria para alegrar a mesa do meu Senhor se você não fosse
assim mesmo como é?"
(Conto
da sabedoria oriental)
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