Um texto excelente do Pe. Santos Calmeiro Matias, para trabalhar a questão da Criação/Evolução com os adolescentes e jovens
Há
cerca de seis mil milhões de anos atrás, a vida ainda não existia sobre a
terra. Também não existiam os mares, mas apenas uma multidão de lagos quentes
devido à atividade de uma multidão enorme de vulcões. O céu ainda não era azul,
pois não havia plantas para fabricar o ozônio, isto é, o oxigênio que torna o
Céu azul. Foi no interior destes lagos mornos que a vida apareceu dando origem
a uma multidão incontável de seres vivos de pequeníssimas dimensões.
Apesar de os seres vivos terem surgido de modo tão simples e frágil, Deus meteu no seu interior uma força maravilhosa, chamada a força da evolução.
Uma vez surgidas nos lagos primitivos, as plantas começam a produzir oxigênio, a fim de que o Homem pudesse ter ar para respirar. Pouco a pouco a vida começa a encher a terra: surgiram as plantas e depois as árvores e os animais. Surgem os dinossauros, esses gigantes dos quais os animais mais pequenos tinham tanto medo. Depois surgem os macacos, os chimpanzés e os Gorilas.
E
Deus pensou: é altura de criarmos o Homem, fazendo que ele seja uma obra-prima
saída do barro. Deus achou esta obra-prima tão bonita que se debruçou sobre o
barro para lhe dar um beijo. Nesse momento, o Espírito de Deus entrou no
interior do barro. E foi nesse momento que no interior da obra-prima feita de
barro começa a formar-se outra obra-prima feita de espírito. Nesse momento, o
barro tornou-se barro com coração, isto é, um ser capaz de amar Deus e os
irmãos e fazer bem às pessoas.
Então Deus disse: vamos fazer que eles sejam membros da nossa Família. Deus imprimiu
na Criação um sabor a comunhão, pois todo o Universo está dinamizado pela
dinâmica das relações.
São
mais de cem mil milhões as estrelas da nossa Galáxia que surgem neste céu azul
que prolonga o mar. Mas, além da nossa galáxia, o Universo é constituído por
mais de cem mil milhões de outras galáxias imensamente maiores. A nossa fé
convida-nos a celebrar a bondade de Deus Criador, a fim de descobrirmos o
sentido das realidades do Universo. São estrelas e são galáxias. São sistemas
solares e são planetas. São Nebulosas coloridas e são auroras boreais e asteroides.
Celebrar a Criação é proclamar a obra-prima do Amor Criador de Deus. E o tema
central deste projeto é Jesus Cristo, ponto de encontro do humano com o divino.
Nele, o divino diz-se em grandeza humana e nós somos assumidos na Família de
Deus.
Ele é a Palavra eficaz de Deus. À medida que nos revela o plano Salvador de Deus, realiza a obra da Salvação. No centro deste plano criador está a Humanidade, essa multidão de pessoas em construção. No coração de cada pessoa está a Humanidade a emergir de modo único, original e irrepetível.
Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo vai esculpindo o nosso coração, a fim de ele se enquadrar de modo perfeito no plano criador de Deus. A Nova Criação, diz São Paulo, é a Humanidade restaurada e encaminhada pelo Espírito de Cristo ressuscitado. A cabeça desta Nova Criação é Jesus Cristo, pois foi por ele que Deus nos reconciliou consigo, não levando mais em conta os nossos pecados, como diz São Paulo (2 Cor 5, 17-19).
Ao iniciar a criação das aves do Céu, os animais domésticos, os répteis e os animais selvagens, Deus já estava pensando em fazer com o Homem uma Aliança de Amor Eterno. Todas as obras da Criação têm sentido e razão de existir, pois a Criação inteira é um plano harmonioso projetado pelo amor. Na verdade, como diz a Primeira Carta de São João, Deus é amor. Isto significa que a Criação é uma obra criada por amor e não um brinquedo para Deus se divertir. Depois de ter criado o Homem com uma ternura infinita Deus, através do Espírito Santo, ofereceu à Humanidade um regaço cheio de ternura.
A Carta aos Romanos diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5,5). Ao criar-nos, Deus escreveu o nosso nome na palma da sua mão, a fim de nunca nos esquecer. Ao longo da nossa vida, Deus vai concretizando este seu amor através de muitas mediações.
A obra de Deus está em gênese. É um projeto ainda não acabado. O próprio Homem
ainda é um ser não acabado. É isto que o evangelho de São João quer dizer
quando afirma que todos nós temos de nascer de Novo para atingirmos a plenitude
do Reino de Deus (Jo 3, 3-6). Deus criou-nos inacabados, a fim de podermos
tomar parte na nossa própria criação. Esta é uma condição básica para a pessoa
humana se realizar de modo consciente, livre e responsável. Com o aparecimento
do Homem, a Criação atinge o limiar da vida espiritual, tornando-se
proporcional ao próprio Deus.
Por
outras palavras, Criador e Criação já podem dialogar e comungar, pois a
Divindade são pessoas e a Humanidade também!
Em
Comunhão Convosco
Pe.
Calmeiro Matias
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