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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

HOMILIA: 5º DOMINGO DO TEMPO COMUM


Vós sois o sal da terra, vós sois a luz do mundo!

Jesus utiliza uma simbologia muito compreensível. Precisamos ser sal: dar gosto, sabor... Precisamos ser luz: iluminar a vida, dissipar as trevas... O sal dá sabor. Os termos “sabor” e “saber” derivam do mesmo termo latino, como também o termo “sabedoria”.

Deste modo, podemos dizer que ser sal é adotar a sabedoria, ou seja, o saber que dá sentido ao curso do existir. Antes de ser uma missão para fora, deve ser uma tarefa individual, ou seja, o cristão deve dar gosto para a sua vida e, depois, propagar o sabor da vida ao mundo. Jesus fala do risco do sal se tornar insosso, ou seja, do perigo de nossa existência se tornar vazia, fria e sem vitalidade. Há muitas as causas desta falta de sabor.


O Papa Francisco, falando sobre os agentes pastorais, destaca algumas causas do cansaço e desmotivação pastoral (cf. Evangelii Gaudium 82). Tais causas, apontadas pelo Papa, não somente valem para a prática evangelizadora, mas para a vida de qualquer pessoa. Eis os pontos:


a) sustentar projetos irrealizáveis, e não viver com alegria o que é possível: não se trata da falta de ambição com a vida, mas de ter os pés no chão;

b) desejar que tudo caia pronto do Céu: tudo acontece mediante um processo, que exige luta laboriosa;

c) cultivar sonhos baseados na vaidade humana: é preciso sempre avaliar as motivações de nossos projetos;

d) preocupar-se mais com as normas do que com as pessoas: a vida se torna uma obrigação, o seguimento fiel do protocolo, da lei, sem considerar que a caridade é o fundamento maior;

e) desejar resultados imediatos, sem se preparar para a crítica, para a cruz e para o fracasso.


A Igreja torna-se sem sabor quando cai no pragmatismo. O Papa ainda fala de uma “psicologia do túmulo”: “Desiludidos com a realidade, com a Igreja ou consigo mesmos, vivem constantemente tentados a apegar-se a uma tristeza melosa, sem esperança, que se apodera do coração como ‘o mais precioso elixir do demônio’” (Evangelii Gaudium 83).


Não podemos perder a alegria da boa nova.  A vida da Igreja e a vida pessoal tornam-se insossas pela tristeza e pelo pessimismo. O sabor será devolvido quando soubermos encarar a vida com realismo: não viver o pessimismo do fracasso diante das dificuldades, nem criar falsas expectativas diante das alegrias.


É preciso agradecer a Deus tudo: o bom e o ruim. Não culpar Deus pela cruz e nem buscar sempre soluções mágicas diante das adversidades. A vida terá o seu sabor quando vivermos o presente como o momento mais importante, colocando nossas energias na situação do hoje, diante das situações que se apresentam agora, vivendo cada minuto com intensidade.


Não é fácil, pois sempre será mais cômodo lamentar o passado e esperar demasiadamente do futuro. Jesus também nos pede para que sejamos luz. Para o profeta Isaías, ser luz é testemunhar a caridade: “Reparte o pão com o faminto, acolhe em casa os pobres e peregrinos. Quando encontrares um nu, cobre-o e não desprezes a tua carne. Se acolheres de coração aberto o indigente e prestares todo o socorro ao necessitado, nascerá nas trevas a tua luz e tua vida obscura será como o meio-dia” (Is 58,7-8.10).


Nossas atitudes de misericórdia e de ternura, os gestos concretos de amor que independem do credo, a preferência pelos pobres e sofredores, o desapego de si e dos bens, os testemunhos em prol de quem precisa de nossa ajuda, tudo isso são atitudes que dão sabor ao mundo, que fazem acender a luz onde existem trevas


Pe. Roberto Nentwig

Arquidiocese de Curitiba - PRDescrição: pabx ip


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